Edições Anteriores | Sala de Imprensa | Versão em PDF | Portal Unicamp | Assine o JU |Edição 274 - de 24 de novembro a 5 de dezembro de 2004
Leia nessa edição
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Diário da Cátedra
Brito na Fapesp
Luz no risco de novo apagão
Pancada na classe média
Democracia brasileira
Prêmio: cooperação científica
Formatura: 7 espetáculos
Produção de insulina
Painel da semana
Teses da semana
Unicamp na mídia
Contaminação da água
Pecados da carne
 

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Segmento empresarial reconhece excelência de
telescópio desenvolvido por instituições brasileiras e argentinas

Projeto de cooperação
científica é premiado




MANUEL ALVES FILHO


O Telescópio Solar Submilimétrico (TSS), que está instalado na Argentina. (Foto: Divulgação)A cooperação científica entre países tem sido um importante instrumento para o avanço do conhecimento em incontáveis áreas. Consagrado no âmbito da comunidade acadêmica, o modelo acaba de merecer o reconhecimento também do segmento empresarial. No último dia 9 de novembro, o projeto Telescópio Solar Submilimétrico (TSS), desenvolvido conjuntamente por instituições de pesquisas argentinas e brasileiras, entre elas a Unicamp, recebeu o prêmio Destaque à Integração, concedido pela Câmara de Comércio Argentino-Brasileira de São Paulo. Foi a primeira vez que uma iniciativa na área de ciência e tecnologia mereceu tal honraria. “É um prêmio extremamente relevante, reforçado pelo fato de ter partido de uma organização não-acadêmica”, afirma o coordenador do projeto, Pierre Kaufmann, pesquisador sênior do Centro de Componentes Semicondutores (CCS) da Unicamp e professor da Universidade Presbiteriana Mackenzie.

Telescópio é o único do gênero no mundo

Instalado no observatório de El Leoncito, em San Juan, nos Andes Argentinos, o TSS é o resultado de dez anos de trabalho de cientistas brasileiros e argentinos. O equipamento somado aos gastos com instalação na montanha, que custou perto de US$ 3 milhões, foi financiado pelos dois países. O desenvolvimento tecnológico ficou a cargo de um consórcio formado pela Unicamp, Mackenzie, Universidade de São Paulo (USP), Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), Complexo Astronômico El Leoncito (Casleo) e Instituto de Astronomia y Fisica del Espacio (Iafe), os dois últimos da Argentina.

Segundo Kaufmann, o telescópio é o único do gênero no mundo. Sua missão é auxiliar os cientistas em pesquisas solares e atmosféricas. O equipamento, que começou a operar regularmente a partir de 2002, tem múltiplos receptores que operam em freqüências elevadíssimas. O pesquisador afirma que o TSS tem gerado dados importantes para a comunidade científica. Recentemente, ele proporcionou a descoberta de um novo tipo de radiação solar, que trouxe profunda repercussão na interpretação dos processos de armazenamento e liberação de energia durante as explosões solares.

Os pesquisadores Pierre Kaufmann e Adolfo Marun (destaque): prêmio relevante pesquisadores Pierre Kaufmann e Adolfo Marun (destaque): prêmio relevante (Foto: Antoninho Perri)O TSS, explica Kaufmann, foi concebido para ajudar a desvendar aspectos ligados aos fenômenos de altíssima energia, no caso as explosões solares, que se manifestam de forma pronunciada em freqüências extremamente elevadas, também chamadas de ondas submilimétricas. Ocorre, porém, que o Brasil não dispõe de sítios suficientemente altos e secos nos quais o telescópio pudesse ser instalado. Daí a escolha de El Leoncito. “Além disso, os argentinos demonstraram grande interesse em participar do projeto. Eles colocaram à nossa disposição o sítio e toda a sua infra-estrutura, bem como colaboraram com uma excelente equipe técnica na área de engenharia. Essa cooperação tem sido fundamental para o sucesso da empreitada”, diz o pesquisador do CCS da Unicamp.

Atualmente, destaca o Kaufmann, novas pesquisas estão sendo desenvolvidas a partir das informações que foram ou poderão ser geradas pelo TSS. Pesquisadores do CCS, por exemplo, têm trabalhado no desenvolvimento de protótipos de bolômetros, sensores que têm uma extensa gama de aplicações. Estes podem ser utilizados para realizar observações solares na faixa do terahertz [equivalente a 1 trilhão de hertz], região onde a tecnologia se situa entre a eletrônica e a fotônica. “Essa tecnologia pode ser aplicada em imageamento de materiais ou mesmo do corpo humano. Por meio dela, é possível obter contrastes mais acentuados do que em outras técnicas de detecção. Há quem afirme que a tecnologia baseada no terahertz deve superar a ressonância magnética no diagnóstico médico”, revela o coordenador do TSS.

Para Adolfo Marun, chefe da equipe de engenharia do Casleo, que esteve no Brasil para receber o prêmio da Câmara de Comércio Argentino-Brasileira de São Paulo ao lado do professor Kaufmann, a integração entre os dois países em torno do projeto do TSS foi perfeita. “A cooperação tem sido uma grande experiência para os pesquisadores do meu país. Nós não éramos especialistas em alta freqüência, por isso tivemos que aprender tudo com muito esforço, mas também com profundo prazer. Por todos esses aspectos, penso que o prêmio foi mais do que merecido”

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