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NEPP e Extecamp, em parceria com o Sebrae, capacitam agentes promotores do desenvolvimento
Curso reúne empreendedores da RMC
JEVERSON BARBIERI
Encerra-se no próximo dia 21 a etapa presencial do primeiro curso de Capacitação de Agentes Promotores do Desenvolvimento, promovido pelo Núcleo de Estudos de Políticas Públicas (NEPP) e pela Escola de Extensão (Extecamp) da Unicamp. Estão matriculados 78 profissionais provenientes da administração pública, do empresariado, de membros da comunidade e de funcionários de associações comerciais, da Região Metropolitana de Campinas (RMC). Segundo os organizadores, o curso tem como objetivo capacitar esses profissionais para trabalharem na identificação de novas oportunidades de negócios e na promoção de novos empreendimentos. De acordo com o diretor do NEPP, o professor Pedro Luiz Barros e Silva, esses negócios devem refletir a realidade da região metropolitana, fomentando a interação entre os municípios da RMC.
Segunda etapa começa em dezembro
Silva afirmou que o ponto fundamental do curso é
que ele não trata o desenvolvimento local como
responsabilidade exclusiva do pequeno empreendimento.
Segundo o docente, o grande problema existente dentro
de uma área metropolitana é conseguir
ter uma visão sistêmica das possibilidades
de cooperação, integração
e articulação entre diferentes municípios
e empresas. “É preciso, portanto, viabilizar
uma postura por meio do agente promotor e tentar reunir
o micro e o pequeno empresário, que é
o foco de atuação do Serviço
Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas
(Sebrae) e grande parceiro da Unicamp nessa empreitada,
com as atividades que eles podem prestar para o médio
e grande empresário e, também, para
as multinacionais que estão sediadas na região.
Dessa maneira, uma parte da riqueza que está
concentrada na RMC deverá permanecer dentro
dela”, afirma Silva.
Para o diretor do NEPP, existem certas atividades,
como as do setor de compras, nas quais o médio,
o grande empresário e a multinacional podem
adquirir do micro e do pequeno empresário dessa
mesma região e não o fazem por absoluto
desconhecimento. Por outro lado, segundo ele, é
necessário que o micro e o pequeno empresário
se estruturem.
Como não é possível atingir todos
os pequenos e microempresários, o objetivo
é treinar e capacitar um profissional que terá
uma atuação em um ou mais municípios,
para observar as vocações das cidades
e servir como agente multiplicador na tarefa de obter
bons financiamentos e de melhorar a qualidade dos
produtos do ponto de vista da sua diversidade e da
oportunidade de negócios. A iniciativa, segundo
Pedro, é bastante inovadora. “Se cada
um desses indivíduos consegue olhar para o
seu município e enxerga um pequeno empreendimento
com reais possibilidades, obtém respaldo da
Universidade no sentido de auxiliar o seu crescimento
e efetuar o registro dentro da rede de oportunidades
dando visibilidade para ele –, vai dar
um passo gigantesco para obter sucesso nesse empreendimento
em curto, médio e longo prazo. Se metade de
nossos alunos efetivar essa visualização
e viabilização, isso significa 40 novos
empreendimentos. Imagine o salto que será dado”,
analisou o diretor do NEPP.
Para a coordenadora do curso, a socióloga Regina
Faria, é importante criar entre os alunos uma
rede de apoio e de contatos, uma vez que esses profissionais
possuem várias origens. São empresários,
funcionários de prefeituras e membros de associações
comunitárias e comerciais, com faixas etárias
diferentes. “O capital social que está
se formando a partir daí irá respaldar
fortemente essa iniciativa”, afirmou ela.
Além da etapa presencial, composta de 88 horas/aula e ministrada nas instalações do NEPP, a estratégia de capacitação adotada contempla uma outra etapa de aplicação monitorada, que compreende a implementação do plano de ação desenvolvido pelos alunos durante o curso. Para Hudson Pacífico da Silva, economista e professor do curso, o conjunto das etapas engloba conhecimentos conceituais, habilidades técnicas e trabalhos práticos destinados a proporcionar aos alunos, por um lado, a fundamentação necessária para a compreensão das características sociais, demográficas e econômicas da RMC e, por outro lado, sua capacitação para usar, alimentar e atualizar o cadastro ativo das empresas que fazem parte da Rede Promotora de Negócios da RMC (veja matéria publicada na edição 306 do Jornal da Unicamp).
Hudson explica que, nessa primeira edição
do curso, os alunos foram indicados pelas prefeituras,
pelas associações comerciais e comunitárias
e pelo setor empresarial de cada município.
Segundo Hudson, dos 19 municípios que compõem
a RMC, 16 fizeram indicações, mas, desse
total, 14 cidades estão efetivamente representadas
no curso de capacitação. Rogério
Pereira Calsavara, pesquisador do NEPP e professor
do curso, ressaltou que alguns profissionais dos municípios
que ficaram de fora dessa turma ficaram sabendo do
curso somente após o seu início e demonstraram
interesse em participar da próxima turma.
A segunda etapa do curso deverá ser desenvolvida
entre dezembro de 2005 e maio de 2006. A coordenadora
Regina Faria explicou que, apesar da longa atuação
do Sebrae nessa área, o ineditismo da iniciativa
pode ser atestado na associação universidade-comunidade
para cursos de extensão. “Mesmo com o
curso encerrado, o aluno terá sempre a Unicamp
como parceira”, finaliza Regina.