| Edições Anteriores | Sala de Imprensa | Versão em PDF | Portal Unicamp | Assine o JU | Edição 379 - 5 a 11 de novembro de 2007
Leia nesta edição
Capa
Opinião
Magneto-resistência
Varizes
Internacionalização da Amazônia
Inovação
Bolo de linhaça diet
Parkinson
Ribeirão das Pedras
Geriatria
Painel da semana
Teses
Livro da semana
Unicamp na mídia
Destaques do Portal
Prêmios
Sonoridade do violão
 


4



Nova técnica, aplicada em pacientes com úlcera venosa,
teve índice de cicatrização de 81,5% das feridas tratadas

Cirurgião vascular testa com sucesso
uso de laser no tratamento de varizes

MANUEL ALVES FILHO

Setor de agendamento de consultas no Hospital das Clínicas da Unicamp: estima-se que 35% da população acima de 15 anos seja portadora de varizes no país (Foto: Antônio Scarpinetti)Uma nova técnica para o tratamento de varizes em pessoas com úlcera venosa foi testada com sucesso pelo cirurgião vascular Luiz Marcelo Aiello Viarengo durante pesquisa para a sua tese de doutoramento, apresentada à Faculdade de Ciências Médicas (FCM) da Unicamp. O método, batizado com a sigla EVL, consiste na aplicação de laser por via endovenosa. Ao final do trabalho, em que todos os pacientes foram acompanhados pelo período de um ano, 81,5% das feridas tratadas com o laser estavam cicatrizadas. O índice de cicatrização entre as pessoas que receberam apenas o tratamento clínico (grupo controle) ficou em 24%. “Além disso, não registramos recorrência de úlceras entre os que foram tratados com o EVL. Entre os demais, a reincidência foi da ordem de 44,4%”, afirma o autor do trabalho, que foi orientado pelos professores Fábio Husemann Menezes e João Potério Filho.

Pesquisa foi feita junto a 52 pacientes

A pesquisa de Viarengo foi realizada junto a 52 pacientes portadores de varizes dos membros inferiores com úlcera venosa, que faziam acompanhamento médico há mais de um ano. Eles foram divididos em dois grupos. O primeiro, constituído por 25 indivíduos, recebeu somente tratamento clínico. O segundo, formado por 27 pacientes, foi tratado tanto clinicamente quanto com o EVL. Conforme o autor do trabalho, todos foram analisados com ultra-som no início e no término do estudo.

O cirurgião vascular Luiz Marcelo Aiello Viarengo: ganhos terapêuticos  (Foto: Divulgação)Além dos resultados já citados, a nova técnica possibilitou outros ganhos terapêuticos, como revela o cirurgião vascular. De acordo com ele, a área média das feridas dos pacientes tratados apenas clinicamente foi reduzida de 18,04 cm2 para 13,16 cm2 ao final de um ano. Entre as pessoas que receberam a aplicação do laser, a área foi diminuída de 22,7 cm2 para 3,64cm2 no mesmo período. “Um dado importante é que não foi registrado qualquer efeito adverso relevante com o uso do laser”, acrescenta Viarengo.

O médico explica que o EVL é uma técnica cirúrgica considerada minimamente invasiva. Ao contrário do procedimento tradicional, não é preciso fazer incisões ou retirar a parte comprometida da veia. “Nós fazemos uma punção na veia, que se assemelha à aplicação de uma injeção. Em seguida, introduzimos uma fibra óptica no vaso, na região do tornozelo, e a encaminhamos até a altura da virilha com o auxílio do ultra-som. Na seqüência, fazemos uma infiltração com soro fisiológico e anestésico. Por último, aplicamos o laser. Cada paciente recebeu apenas uma aplicação. Destaque-se que todo o procedimento foi feito em ambiente ambulatorial e durou cerca de 40 minutos. Em seguida, o paciente teve o membro enfaixado e foi imediatamente liberado”, detalha Viarengo.

O cirurgião vascular considera que o EVL demonstrou ser uma técnica extremamente segura e eficaz para o tratamento de pacientes com varizes e úlcera. Ele lembra que boa parte dos portadores desse problema normalmente sofre por longos anos com feridas abertas. “Algumas pessoas chegam a se isolar socialmente”, destaca.

O único inconveniente para a adoção da técnica em larga escala, sobretudo por parte dos serviços públicos de saúde, é o seu custo inicial, calculado em US$ 70 mil. “Para um médico ou uma clínica, trata-se de um investimento significativo. Mas para uma instituição, não. Além disso, é preciso levar em conta que o EVL possibilita uma recuperação muito boa do paciente, eliminando assim a necessidade do seu retorno constante ao hospital, o que representa um custo elevado ao sistema público de saúde”, pondera o autor da tese.

Dilatação e deformação das veias provocam inchaço e dor

No Brasil, estima-se que 35% da população acima de 15 anos seja portadora de varizes. Entre esse contingente, aproximadamente 2 milhões de pessoas apresentam úlceras. De acordo com Viarengo, as varizes são mais comuns nas mulheres que nos homens, numa proporção de quatro para um. O fator hereditário contribui para o surgimento do problema. Ele pode ou não estar associado a outros elementos, como obesidade, sedentarismo e gestações múltiplas. Algumas atividades profissionais, que exigem que a pessoa permaneça por muito tempo em uma única posição (em pé ou sentada), também podem favorecer o aparecimento das varizes.

De maneira simples, as varizes podem ser explicadas como a dilatação e a deformação das veias, que assumem uma coloração púrpuro-azulada. O problema pode provocar dor e inchaço. Os vasos das pernas, que conduzem o sangue ao coração após a irrigação dos membros inferiores, possuem válvulas que têm a finalidade de impedir o retorno do sangue aos pés pela ação da gravidade. Às vezes, ocorre de as válvulas não funcionarem adequadamente. Quando isso acontece, o sangue fica “empoçado” nas veias, causando a dilatação e conseqüente deformação. O tratamento varia de acordo com o estágio da doença. Nos casos mais graves, o procedimento convencional é a cirurgia para a retirada da parte comprometida do vaso. Uma maneira de tentar prevenir o surgimento das varizes é realizar exercícios físicos e evitar o sobrepeso ou a obesidade.

SALA DE IMPRENSA - © 1994-2007 Universidade Estadual de Campinas / Assessoria de Imprensa
E-mail: imprensa@unicamp.br - Cidade Universitária "Zeferino Vaz" Barão Geraldo - Campinas - SP