Ao abrir a cerimônia, Tadeu Jorge assumiu a sua satisfação institucional de ser o anfitrião do evento, dizendo que formar recursos humanos qualificados é uma das mais importantes atividades universitárias, juntamente com a geração de conhecimento novo e sua devolução à sociedade. “O Santander tem reconhecido estas características ao premiar pesquisas inovadoras, ao estimular o avanço tecnológico e científico, e ao gerar qualidade de vida e renda. Incentivar projetos desta natureza é contribuir para uma formação completa”, salientou.
Tadeu Jorge atribuiu o desempenho de todos os projetos da Unicamp ao modelo de ensino da Universidade que, segundo ele, tem qualificado a graduação e a pós-graduação. Acredita que o prêmio serve de forte estímulo aos estudantes e que, para a Universidade, é um reconhecimento de que ela está trilhando o caminho correto. “Todos vocês já são vencedores”, elogiou.
O presidente do Banco Santander, Gabriel Jaramillo, revelou-se entusiasmado com o prêmio, desde que foi instituído, há três anos, mencionando que os premiados em geral acabam por enveredar pelo setor empresarial. O projeto Bicho-da-Seda, desenvolvido em Nova Esperança, no Paraná, levou à exportação de cachecóis de seda para a Europa, assim como uma proposta de tratamento de resíduos passou a ser adotada, com sucesso, numa pequena vila pesqueira localizada no Pará, recordou ele. O prêmio visa estimular a atitude empreendedora e a pesquisa científica no meio acadêmico. É destinado a graduandos e pós-graduandos para desenvolverem o melhor plano de negócios nas categorias “indústria”, “tecnologia de informação e comunicação”, “biotecnologia”, e “cultura e educação”.
O resíduo de pedra e a ecologia
O aluno de mestrado da Faculdade de Engenharia Agrícola (Feagri) da Unicamp Leandro Shiroma inscreveu o seu trabalho pelo segundo ano consecutivo. Concorre na categoria “indústria”. No ano passado, contou, que talvez tenha faltado se debruçar mais sobre a metodologia proposta. “Mesmo assim, foi uma experiência significativa em que fiquei entre os 24 finalistas, dos mil concorrentes”, relatou.
Ao se candidatar à nova edição do prêmio, neste ano, Leandro estimou que o uso social da pesquisa poderá levar o seu trabalho a ter um grand finale. O projeto, denominado Quartz, realiza a análise econômica de uma fábrica de revestimento decorativo ecológico. Consiste no reaproveitamento de resíduo de pedra mineira para fabricação de revestimentos ecológicos para a construção civil. O produto final pode ser transformado em argamassa, texturas, massa corrida e mosaicos, entre outros usos. Parte do conteúdo de seu projeto integra a sua pesquisa de mestrado, em que reaproveita o bambu em resinas termoplásticas. Seu orientador, Antonio Ludovico Beraldo, presente à homenagem do Santander, já estuda com Leandro a possibilidade de transformar o projeto em uma patente. “Esta investigação deverá sair do papel e dos muros da Universidade”, avaliou.
O software e o raciocínio lógico
Docente do Instituto de Biologia (IB) da Unicamp, Eduardo Galembeck relatou que é a primeira vez que concorre a este prêmio. Desde 1996 trabalhando com softwares educacionais, Eduardo buscou, através dos jogos multiusuários on line, unir o atrativo do jogo e o aprendizado de biologia e ciências em geral, sobretudo por alunos do Ensino Médio. Finalista da categoria Tecnologia da Informação e Comunicação, Eduardo contou que um dos benefícios é o desenvolvimento do raciocínio lógico. “É uma área nova e que tem grande potencial para ser desenvolvida. A perspectiva é de termos os jogos funcionando em meados do próximo ano”, noticiou.
A dengue e os íons metálicos
Eduardo José de Arruda, que fez o mestrado e o doutorado na Unicamp, propõe soluções para o grave problema de saúde pública da dengue no Mato Grosso. Concorrendo na categoria “indústria”, ele propõe um dispositivo para ser colocado nos criadouros do mosquito, o qual libera íons metálicos. O finalista conta que ainda falta realizar os testes finais. O projeto pode ser levado para outras regiões em que a dengue está disseminada. “Este dispositivo tem custo baixíssimo e micronutrientes de sustentabilidade. Seu efeito tem duração de seis meses a um ano, depois de colocado”, informou Eduardo.
O óleo de babaçu e a eletricidade
O trabalho de Artur de Souza Moret, que fez doutorado na Faculdade de Engenharia Mecânica (FEM) da Unicamp, tem como objetivo atender os lugares isolados da Amazônia, que geralmente abrigam muito babaçu, uma palmeira comumente encontrada no Norte do país. Gerar eletricidade com o óleo do babaçu e, com outras partes, novas aplicações estão entre as suas propostas de viabilidade econômica para a localidade. “Com a casca faz-se o papel, do mesocarpo fazemos o alimento humano, do coco fazemos o carvão e, da amêndoa, o óleo vegetal, a eletricidade e o sabonete. Com a sobra da amêndoa, fazemos a ração animal”, elencou Artur. O trabalho é finalista na categoria “indústria”.
A septicemia e a terapia gênica
O hematologista da Unicamp Erich Vinícius de Paula sugeriu em seu projeto um tratamento para a septicemia usando terapia gênica, a fim de evitar uma das principais complicações por septicemia o choque séptico. Os testes já foram iniciados em laboratório e a próxima etapa é concluir os experimentos que, de acordo com Erich, constituem por enquanto apenas um conceito. “Mas a pesquisa tem um potencial de chegar a uma aplicação clínica”, avisou aos interessados.