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Técnica híbrida, que permite o uso simultâneo
da palheta e de todos os dedos, é tema de pesquisa

Para extrair toda a sonoridade do violão

RAQUEL DO CARMO SANTOS

O violinista e professor Marcos Maia, autor da pesquisa: pela difusão da técnica híbrida (Foto:Antoninho Perri)A técnica de dedilhar as cordas do violão sempre teve como base os quatro dedos da mão direita. Apesar das tentativas do uso do quinto dedo – o mínimo –, as iniciativas esbarram em inúmeros obstáculos. Outra opção adotada pelos músicos ao longo do tempo foi o uso da palheta para tanger as cordas. O problema é que, por meio do recurso, muitos acordes não são executáveis. Por isso, o violinista Marcos Maia, professor da Universidade Estadual do Ceará (UECE), descreveu, em pesquisa, o que chamou de “Técnica Híbrida Aplicada ao Violão”. O método, que pode ser usado em diversos gêneros musicais, permite a utilização simultânea da palheta e de todos os dedos.

Método pode ser usado em diversos gêneros

A execução de um chorinho, por exemplo, atesta Maia, fica perfeita. O professor explica que, em razão da rapidez dos movimentos, muitos violonistas não conseguiriam “beliscar” o instrumento só com a alternância dos dedos indicador e médio. Por outro lado, peças feitas especialmente para o violão clássico, como muitas obras do repertório de Villa-Lobos, que são impossíveis de serem tocadas com a palheta, podem ser apreciadas com a técnica híbrida.

Repertório – Com isso, segundo o professor, a principal vantagem da técnica é perceptível. “Ela permite aumentar o repertório dos sons tirados do violão. O que ocorre, em geral, é que os instrumentistas acabam tocando com a palheta determinadas músicas e, em outras, usam os dedos. Eles são obrigados a alternar, dependendo dos ritmos”, explica Maia, que apresentou dissertação de mestrado sobre o tema no Instituto de Artes (IA). A pesquisa foi orientada pelo professor Carlos Fiorini.

Segundo o autor do estudo, a técnica híbrida funciona tanto para bases rítmico-harmônicas como para músicas polifônicas e linhas melódicas. Ritmos como bossa nova e samba, por exemplo, podem ser tocadas com a palheta.

O conceito não é novo. Em várias partes do mundo é conhecido como hybrid picking. Segundo Maia, poucos se dedicam à aplicação da técnica ao violão de náilon. “Falta divulgação”, afirma o violonista, que defende o ensino do método nas escolas de música, da mesma forma como são ensinadas as técnicas de palheta para os guitarristas e de dedos para os violonistas.

“A opção é mais indicada para aqueles que se utilizam exclusivamente da palheta, não pretendendo substituir a tradicional técnica de dedos dos violonistas. Seria uma alternativa a mais para quem deseja extrair o máximo de som do instrumento”, esclarece.

Para fundamentar sua pesquisa, Marcos Maia entrevistou três músicos que utilizam a técnica híbrida, mas em aplicações diferentes da proposta pelo professor. O americano Todd Kreuzburg usa a técnica especificamente em músicas flamencas, enquanto o português Joel Xavier já desenvolveu trabalhos sobre o tema. Outro entrevistado, o gaúcho Gustavo Assis-Brasil, diretor do departamento de jazz e música contemporânea de uma escola nos Estados Unidos, ensina a técnica aplicada à guitarra elétrica. Por isso, diz o autor da dissertação, a aplicação da técnica ao violão, com a incorporação dos gêneros da música popular brasileira, é estudada pela primeira vez.

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