| Edições Anteriores | Sala de Imprensa | Versão em PDF | Portal Unicamp | Assine o JU | Edição 380 - 12 a 25 de novembro de 2007
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(Continuação da página 6)

Lattes e o pioneirismo da Unicamp

MANUEL ALVES FILHO

Lattes comemora os resultados da Colaboração Brasil-Japão de Raios Cósmicos: revelações de chapas eram feitas nos porões do prédio na rua Culto à Ciência, onde funcionou a primeira sede do Instituto de Física A participação de pesquisadores brasileiros no Observatório Pierre Auger de Raios Cósmicos só foi possível graças à tradição das pesquisas da Unicamp nessa área do conhecimento. Não é por outra razão que a sede do projeto no Brasil está abrigada na Universidade, mais especificamente no Departamento de Raios Cósmicos e Cronologia do Instituto de Física Gleb Wataghin (IFGW). O pioneirismo dos estudos, ressalta o professor Carlos Escobar, é de responsabilidade do físico Cesar Lattes, que morreu em 8 de março de 2005. Embora não se dedicasse propriamente à astrofísica, mas sim à física de interação, Lattes deu o impulso fundamental para a constituição do que viria a ser o maior grupo de cientistas nacionais dedicados aos estudos dos raios cósmicos.

Entre 1947 e 1948, Lattes retomou as pesquisas do físico norte-americano Carl David Anderson, responsável em 1932 pela descoberta dos raios cósmicos e dos elétrons positivos. Ele partiu então para os Andes bolivianos, onde instalou um laboratório a 5 mil metros de altura para observar os resultados da ação daquelas partículas sobre chapas fotográficas. Trabalhando com os físicos Giuseppe Occhialini e Cecil Frank Powell, Lattes examinou minuciosamente aquelas chapas, verificando experimentalmente a existência dos mésons pi, que se desintegravam em um tipo de méson ainda desconhecido, o méson mu.

Lattes, aos 29 anos, durante a instalação do laboratório em ChacaltayaUm ano depois, em colaboração com Gardner, Lattes, então com 24 anos de idade, conseguiu produzir artificialmente o méson pi, procedendo para tanto à aceleração das partículas alfa no ciclotron da Universidade de Berkeley, na Califórnia. Outro grande feito de Lattes data de 1969, quando o físico já estava na Unicamp havia cerca de dois anos. À frente de uma equipe de físicos brasileiros e japoneses, conseguiu determinar a massa das chamadas bolas de fogo, fenômeno induzido pelo intenso choque de partículas dotadas de grande energia e que se supunha constituírem nuvens de mésons. A operação apenas se tornou exeqüível depois da revelação de chapas especiais de chumbo, que ficaram expostas durante anos no pico boliviano de Chacaltaya, onde Lattes iniciara 23 anos antes as suas pesquisas sobre o méson.

As revelações eram feitas nos porões do prédio onde funciona hoje o Colégio Técnico da Unicamp, na rua Culto à Ciência, no Botafogo. O edifício, à época o principal da Universidade, abrigava a Reitoria e a primeira sede do Instituto de Física.

Atualmente, seis professores e mais seis pós-graduandos da Unicamp estão vinculados às pesquisas desenvolvidas no Pierre Auger. Além deles, o projeto conta ainda com a participação de outros pesquisadores nacionais, que atuam em universidades de São Paulo, Rio de Janeiro e Bahia. “Ao todo, somos 24 cientistas brasileiros comprometidos com os estudos realizados no observatório”, afirma Escobar, que em 1997 deixou a USP, onde tinha boas condições de trabalho, para se transferir para a Unicamp justamente em razão da sua tradição nas pesquisas com raios cósmicos. Os demais docentes da Unicamp envolvidos no projeto são: Anderson C. Fauth, Carola Dobrigkeit, Ernesto Kemp, José Augusto Chinellato e Jun Takahashi.

FRASES

“Demos um grande passo adiante para resolver o mistério sobre a natureza e origem dos raios cósmicos de energias elevadas”
(James Cronin, ganhador do Nobel de Física de 1980 e idealizador do Observatório Pierre Auger)

“Este resultado anuncia uma nova janela para o universo próximo e o início da astronomia de raios cósmicos”
(Alan Watson, co-idealizador do Observatório Pierre Auger)

“O desafio agora é registrar o suficiente destas balas cósmicas para compreendermos os processos que as lançam pelo espaço”
(Paul Mantsch, gerente de projeto do Observatório Pierre Auger)

“Nossos resultados atuais mostram o futuro promissor da astronomia de raios cósmicos”
(Giorgio Matthiae, porta-voz do Observatório Pierre Auger)

“A partir dos estudos realizados no Pierre Auger, penso que os astrofísicos teóricos vão ter que quebrar a cabeça para elaborar teorias que ajudem a explicar os mecanismos de aceleração extragalácticos”
(Carlos Escobar, professor da Unicamp e coordenador da parte brasileira do Observatório Pierre Auger)

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