| Edições Anteriores | Sala de Imprensa | Versão em PDF | Portal Unicamp | Assine o JU | Edição 381 - 26 de novembro a 2 de dezembro de 2007
Leia nesta edição
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Opinião: retorno de Marx
Educação e Sociedade 100
2020: Frota movida a hidrogênio
Aços microligados
Assinatura molecular
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Contos Unicamp Ano 40
 


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Revista vem canalizando o debate de idéias no campo
educacional desde a transição para a democracia

‘Educação & Sociedade’ chega ao nº 100

LUIZ SUGIMOTO

Os professores Ivany Pino, presidente do Cedes, e Pedro Goergen, integrante do Comitê Editorial: contribuindo para o debate de temas relevantes e na elaboração de políticas públicas  (Foto: Antoninho Perri)A revista Educação & Sociedade, considerada a mais influente publicação científica brasileira na área da Educação, chega ao número 100. É um marco que oferece a oportunidade de resgatar a história da revista e também do Centro de Estudos Educação e Sociedade (Cedes), criado para abrigá-la e que está alocado num espaço dentro da Unicamp.

Artigos de brasileiros e
estrangeiros on-line

Do primeiro número – intitulado O Educador precisa ser educado (reunindo artigos de autores como Maurício Tragtenberg, Dermeval Saviani, Evaldo Amaro Vieira, Moacir Gadotti e Paulo Freire) – até o centésimo – Educação escolar: Os desafios da qualidade – a Educação & Sociedade vem canalizando conhecimentos produzidos pelos mais importantes pensadores da educação.

“A revista sempre contribui na elaboração de políticas públicas e no debate de temas relevantes articulando educação e sociedade”, diz Ivany Pino, professora da Faculdade de Educação (FE) da Unicamp, presidente do Cedes e coordenadora do Comitê Editorial da publicação.

“Trata-se de um palco extremamente democrático, onde as diferentes formas de pensar a educação encontram seu espaço. Sua influência é forte também para a consciência crítica e a prática de professores de primeiro e segundo graus”, acrescenta o professor Pedro Goergen, também da FE e integrante do Comitê Editorial.

Reprodução da capa do número 100: contribuições de todos os continentesA partir do número 57, a revista foi selecionada para integrar a coleção de periódicos científicos do SciELO (Scientific Electronic Library On-Line), da Fapesp. “Isto significa que ela se tornou internacional, com acesso livre aos seus artigos de qualquer lugar do mundo. É a revista mais acessada da área de humanas”, informa Ivany Pino.

Em cem números, Educação & Sociedade nunca perdeu sua periodicidade quadrimestral. Há uma edição temática em todo mês de outubro e um máximo de dois dossiês por ano. O restante do espaço é reservado para uma demanda espontânea de 200 a 250 trabalhos por ano, que chegam do Brasil e do exterior.

Selecionar perto de 25 artigos para uma edição normal não é, portanto, tarefa fácil. A revista possui um Conselho Editorial Nacional com mais de 50 membros, e outro Internacional, com mais de uma dezena de pesquisadores de vários países. Cada trabalho previamente selecionado pelo Comitê Editorial é enviado a uma média de três pareceristas.

Segundo Pedro Goergen, há autores de todos os continentes. “Devemos destacar esta dupla ancoragem da revista: de um lado, sempre atenta aos problemas nacionais da educação; de outro, sempre aberta ao aporte teórico de estudiosos estrangeiros. É isto que dá densidade à publicação e que permitiu, por exemplo, desenhar em uma das edições os principais problemas da educação superior no Brasil e no mundo”.

Ivany Pino lembra que os tempos eram ainda sombrios em 25 de abril de 1978. Foi quando um grupo do Departamento de Sociologia da Educação (hoje de Ciências Sociais Aplicadas à Educação) distribuiu circular propondo a criação de uma revista para expressar as opiniões, as práticas e a produção intelectual dos professores da Faculdade de Educação e de outras universidades.

O documento era assinado por Moacir Gadotti, Beth Pompêo, Maurício Tragtenberg, Casemiro dos Reis, Milton Almeida, Pedro Goergen, Ophelina Rabello, Eloísa de Mattos Hofling, Joaquim Brasil Fontes Jr., Maria Lúcia Rocha Duarte de Carvalho, Sérgio Goldemberg e Hilário Fracalanza.

A segunda circular, de 9 de maio, já trazia as adesões de Angel Pino Sirgado, Evaldo Amaro Vieira, José Camilo dos Santos Filho e Miguel de la Puente Samaniego.

1º número – Educação & Sociedade foi lançada em Campinas durante o I Congresso de Leitura, no dia 24 de setembro de 1978. Duas semanas depois, era apresentada em São Paulo no tradicional debate “Encontro com o autor”, em frente à Livraria Brasiliense, no calçadão da rua Barão de Itapetininga.

Concomitantemente, o mesmo Departamento de Sociologia da Educação realizava ampla pesquisa sobre currículo e conteúdo dos cursos de pedagogia, chegando a um ponto em que era preciso ouvir, em nível nacional, os dirigentes e os coordenadores desses cursos nas universidades públicas.

O objetivo era colher informações sobre a formação dos profissionais da educação e levantar propostas para reformulação dos cursos. “Para isso, promovemos na Unicamp o 1º Seminário de Educação Brasileira, de 20 a 22 de novembro de 1978. Foi o primeiro encontro nacional pós-golpe de 64”, diz Ivany Pino.

O clima político que envolvia o evento – a intensificação da luta pela redemocratização e por reformas em amplos setores da sociedade – acabou atraindo 600 professores de todos os Estados. “Havia ainda a esperada volta do educador Paulo Freire do exílio, inclusive como professor da Unicamp. Ele não conseguiu visto de entrada no país, mas abriu o seminário com um depoimento gravado por telefone”.

A primeira edição de Educação & Sociedade, obviamente, circulou entre o público do seminário, após outra cerimônia de lançamento. “As adesões à revista foram imediatas. Para o segundo número, já estava claro que a publicação precisava ser de âmbito nacional”.

O Cedes – No intuito de atribuir este caráter à revista – e não apenas o de um veículo local e institucional – alguns professores da Faculdade de Educação, já em 5 de março de 1979, criaram o Cedes como uma organização não-governamental, sem fins lucrativos. Seus estatutos previam o comprometimento dos pesquisadores com a transformação da educação brasileira, pública, gratuita e laica.

De acordo com a presidente, o Cedes pretendia promover uma série de seminários. No entanto, acatou proposta apresentada na reunião de 1979 da Anped (Associação Nacional de Pós-Graduação em Educação), em Salvador, de organizar com ela e outras entidades nacionais – a Ande (Associação Nacional de Educação) e o Cedec (Centro de Estudos da Educação Contemporânea) – a I Conferência Brasileira de Educação (CBE).

Retomava-se, assim, a Conferência Nacional de Educação organizada a partir dos anos 1930. A CBE na PUC de São Paulo, no início de 1980, com 1.354 professores e estudantes, abriu uma série de outras, bianuais, que terminou em 92 na USP.

“Pode-se dizer que a CBE de Goiânia, em 1986, apresentou os parâmetros para a construção do capítulo sobre educação da nova Constituição. A ‘Carta da Educação’, lançada no final do evento, pautou as proposições do Fórum Nacional em Defesa da Escola Pública durante a Constituinte e também as ementas populares por ele apresentadas”, afirma Ivany Pino.

Promulgada a Constituição, começou-se a elaborar a Lei de Diretrizes e Bases da Educação. “O Cedes participou de todo este processo, que durou até 1996. A nova LDB já estava em votação final no Senado, quando Fernando Henrique assumiu o governo e Darcy Ribeiro fez vingar um projeto dele e do MEC. O Fórum, como instância representativa dos profissionais da educação, foi esvaziado durante esta tramitação da LDB”.

Os Cadernos do Cedes e o Jornal da Educação

Foi durante o movimento para a reorganização do campo educacional dos anos 80 que o Cedes lançou os seus Cadernos, dirigidos principalmente para professores da educação básica e alunos dos cursos de pedagogia. “Já comemoramos os 25 anos da publicação, com mais de 70 edições. Seu sucesso fez com que os Cadernos servissem inclusive a cursos de pós-graduação do país”, afirma a professora Ivany Pino.

Outra publicação, que a presidente define como uma ousadia do Cedes, o Jornal da Educação, dirigido à população em geral, com circulação nacional e vendido em bancas. “Conseguimos produzir quatro números. Depois, decidimos transformar o jornal em uma seção da Educação & Sociedade, pois achamos importante que a revista acompanhasse todos os movimentos sindicais e sociais na educação daquela década”.

O número 100 da E&S marca o momento em que o Jornal da Educação se desliga da revista para ganhar uma versão on-line, que já está no site do Cedes. “É um conteúdo mais dinâmico, como por exemplo, com informações de momento sobre o Plano de Desenvolvimento da Educação (PDE) e a nova Capes, com a proposta de formação de professores para a escola básica, que são políticas em elaboração pelo atual governo”.

Nesse ponto, Ivany Pino observa que o Cedes continua influindo no desenvolvimento de políticas educacionais, levando sugestões até o âmbito ministerial. Ela destaca o fato de que o CNPq sempre apoiou a Educação & Saúde (desde 2006, em parceria com a Capes), assim como a Fapesp, no que concerne aos autores paulistas.

“O apoio da Unicamp, em especial, e da Faculdade de Educação, tem assegurado a periodicidade das publicações e viabilizado o prosseguimento dos trabalhos do Cedes enquanto entidade comprometida com a busca da qualidade na educação”, finaliza a professora.

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