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ESPETÁCULO
caldeirão
de artes
Festival de dança, teatro e música
agita
o campus e outros palcos de Campinas
ANTÔNIO
ROBERTO FAVA
O
sapateado, a música popular, o jazz, a improvisação
de danças e textos teatrais, os movimentos delicados
e harmoniosos da mímica, o monólogo, o grave e
compassado tambor batucado por um grupo de mulheres. De repente,
os palcos do campus da Unicamp, do Teatro do Sesc, do Centro
Cultural Padre Anchieta e do Teatro do Centro de Convivência
se transformaram num imenso caldeirão artístico,
uma ebulição de música, de artes cênicas,
corporais e plásticas, de cinema.
Em
sua segunda edição, o Festival do Instituto de
Artes (IA) da Unicamp, FEIA, reuniu quase setenta apresentações
(solos, duplas e grupos) de teatro e dança, em diferentes
locais, durante a semana de 24 a 29 de setembro. Também
participaram do evento dez grupos musicais, do popular ao jazz
instrumental. Foram realizadas mais de 200 horas de oficinas
e minicursos, enfocando a importância da técnica
clássica para a formação do bailarino contemporâneo,
a filosofia das artes corporais do oriente, a dança do
ventre, o ensino do improviso e o jongo (dança e canto
de Minas Gerais), além de workshops, exposições
e mostras de vídeo.
A
abertura do FEIA teve a participação do violonista
Ivan Vilela e a performance Das Tripas, coração,
com Beatriz Evrard e Laura Lydia Burtscher. Antônio Nóbrega,
um dos mais completos artistas brasileiros, que foi professor
do IA, esteve no Centro de Convivência para mostrar seu
talento como músico, dançarino, compositor, pesquisador
e performer.
Mas
o Festival não se limitou ao entretenimento do público.
Uma das propostas, talvez a principal, foi a de constituir um
espaço de intercâmbio de informações
entre o Instituto de Artes e a comunidade externa, na forma
de produções e aperfeiçoamento artístico
e acadêmico.
Os
organizadores da festa garantem: o encontro deste ano foi melhor
e mais bonito que do ano passado, exatamente pela versatilidade
nas apresentações. Foi uma aula-espetáculo,
como simplifica Kika Salvador, estudante e integrante da comissão
geral. Nosso desejo sincero é, a cada ano, fazer
um festival cada vez mais consistente, bonito e que leve o público
a se divertir, além de manifestações que
o façam refletir.
Espetáculos
como a Dança do Ventre, exibida pelo grupo de Artes Cênicas,
Bia Curado, ou das bandas de Juli Manzi e Sentapua, que apresentaram
um vasto repertório de música popular brasileira,
lotaram os locais onde se apresentaram. A poesia (corpo e voz)
da aluna Ludmila Guedes, no espetáculo Não é
nada disso, e a leveza de Daniela Braga, que mostrou um fragmento
do espetáculo Passar ela para eu passar, alcançaram
o mesmo êxito.
Ao
ar livre, nos arredores da Biblioteca Central, o Arranha-céus,
formado por cinco bailarinas, mostrava Caótica, que por
meio de gestos e movimentos de improviso encenava a insatisfação
do ser humano diante dos últimos acontecimentos nos Estados
Unidos, a destruição do World Trade Center,
como explica Raquel Gouveia, a diretora do grupo. O espetáculo
chegou a provocar reações curiosas no público,
no momento em que os artistas passaram a demonstrar uma espécie
de aversão ao solo, como se pisassem em minas explosivas,
ou como se de repente imaginassem estar sendo atacadas por insetos
invisíveis. Caras de medo e asco diante do que não
podiam ver.
O
público assistiu ainda ao show do Duo Bala na Agulha
e aprovou o solo clássico do saxofone de Manu Faleiros,
acompanhado por Guga Camargo na bateira. Enquanto isso, Denise,
Patrícia e Débora, do Grupo EnContros, apresentavam
Pensamentos, um espetáculo de mímica.
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