Pesquisador fala
sobre "clima espacial"
RAQUEL DO CARMO SANTOS
Joe H. Allen, secretário científico do Comitê Científico de Física So lar-Terrestre (SCOSTEP) do Conselho Internacional para a Ciência (ICSU) - entidade não-governamental que reúne todas uniões científicas internacionais - esteve na Unicamp no último dia 2 de outubro. Allen veio ao Brasil para participar de reunião da diretoria do SCOSTEP, promovida pela Academia Brasileira de Ciências, no Rio de Janeiro, e de encontros com a comunidade científica brasileira. Em São Paulo, também proferiu palestra na Universidade Presbiteriana Mackenzie. O pesquisador falou a estudantes e professores da Faculdade de Engenharia Elétrica e de Computação sobre efeitos do meio ambiente espacial nos dispositivos em órbita no espaço. Sua exposição se concentrou nas explosões solares e tempestades geomagnéticas e o impacto em materiais de satélites e seres humanos no espaço. Ele explica que os estudos o levaram a investigar falhas em satélites no espaço e as relações "solares-terrestres".
O Comitê do SCOSTEP, declara o secretário, se prepara, no momento, para um período de coordenação mundial de pesquisas sobre as explosões que acontecem no Sol e seus impactos no clima (longo prazo) e tempo (curto prazo) da Terra. Segundo Allen existem analogias com as grandes tempestades terrestres, o que ele chama de "clima espacial". O programa denomina-se CAWSES e será desenvolvido no quatriênio 2004-2008.
Pierre Kaufmann, pesquisador do Centro de Componentes Semicondutores (CCS) da Unicamp e professor titular do Mackenzie, é o primeiro representante oficial do Brasil junto ao SCOSTEP. No ano passado, o Brasil se tornou o mais novo membro da entidade através da Academia Brasileira de Ciências. De acordo com Kaufmann uma das áreas de interesse do CCS é justamente investigar danos causados em dispositivos semicondutores em satélites artificiais. "Os danos podem sofrer diretamente o impacto da atividade solar".
Allen classificou sua primeira vinda ao Brasil como muito boa e frutífera. Ele se mostrou satisfeito com o entusiasmo demonstrado pela comunidade científica para futuros programas de cooperação. "Tive oportunidade de tomar conhecimento de projetos brasileiros que poderão ser inseridos no programa". O pesquisador também se sentiu estimulado ao falar aos jovens estudantes da Universidade. Ele destacou que sua lista de correspondentes chega a quatro mil pesquisadores de várias partes do mundo, sendo que 65 cadastros são de interessados brasileiros. Em sua opinião, trata-se de um número extremamente significativo. "É a maior lista do hemisfério sul. Maior que a da Austrália, considerado um dos países mais avançados nesta área".