Na pista dos testes de DNA
Pesquisa avalia e aperfeiçoa exames para
casos criminais e de investigação de paternidade
ANTONIO ROBERTO FAVA
Quando o biólogo Welbe Oliveira Bragança, há pouco mais de dois anos, iniciou pesquisa sobre o DNA, tinha em mente avaliar e aperfeiçoar métodos já existentes e desenvolver novos processos de extração dessas moléculas para a realização de análises em casos criminais e de investigação de paternidade. Ao fim de suas investigações científicas, Welbe apresentou dois métodos para efetivar o estudo dos DNAs, depois de obter as amostras: o PCR e o RFLP.
"Cada um desses métodos tem suas vantagens e desvantagens, é evidente. O que avaliamos foi, para cada tipo de amostra (saliva, pele, fios de cabelo, dentes entre outros materiais) qual dos dois métodos é o melhor e mais eficiente para se fazer o estudo para a solução de crimes e disputas de paternidade", diz o biólogo.
Depois de pesquisar detidamente 37 métodos descritos na literatura, a conclusão dos estudos de Welbe apresentou um elenco de 28 métodos para a obtenção de DNA, alguns selecionados dos originais e modificados e outros desenvolvidos em laboratórios e, portanto, inéditos. Os diferentes tipos de material biológico que o pesquisador apresentou para obtenção do DNA foram sangue e resíduos de sangue, saliva, ossos, unha, pele, cabelo, dentes, manchas em papel, amostras em escovas de dente, em barbeadores e sêmen, por exemplo.
"Se acontecer um crime e a polícia científica recorrer aos métodos que estamos propondo nos laboratórios de análises em DNA, certamente conseguirá tirar o DNA com mais facilidade de materiais que antes havia dificuldade de se conseguir", avalia Welbe. Ele explica que para cada tipo de amostra há um procedimento específico a ser seguido, para que se consiga a extração de um "bom DNA" e obtenha boa análise desse mesmo DNA para os objetivos a que se destina. "Isso vai ajudar a solucionar muitos crimes, antes de difícil conclusão. Outra constatação a que chegamos é que com os mesmos procedimentos de extração das moléculas de DNA, para fins de elucidação criminal, pode-se fazer teste com propósito de resolver conflitos de paternidade," diz Welbe.
O método mais seguro
No caso de paternidade, o biólogo explica que o método mais indicado, em sua opinião, é o denominado RFLP (Restriction Fragment Length Polymorfism) por ser mais seguro contra contaminação do DNA e ter maior precisão nos resultados. No entanto, quando se trabalha com amostras criminais, o teste que se mostrou mais eficiente foi o PCR, pois observou-se ser muito mais sensível em amostras pequenas ou destruídas e, de certa forma, comprometidas, como são a maioria das amostras criminais.
"O que propomos foi apresentar uma forma padronizada de extrair DNA de amostras específicas de provas criminais ou de amostras biológicas para testes de paternidade", conclui o pesquisador e biológico Welbe Bragança, autor da dissertação de mestrado Investigação de paternidade e identificação humana, uma proposta metodológica, apresentada recentemente Faculdade de Ciências Médicas (FCM) da Unicamp.
"Até o surgimento do DNA, era impossível determinar com precisão se um indivíduo era filho biológico de um determinado casal", observa. No entanto, o avanço da ciência solucionou esse tipo de dúvida. O exame de DNA tornou-se um critério importante para a definição da paternidade ou a elucidação de crimes, tendo como única prova um minúsculo fragmento de unha, de osso, de dente, amostras de esperma, saliva ou manchas de sangue. Um dos principais objetivos do procedimento é reduzir o tempo de realização dos ensaios, assim como a redução de custos.