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Lavradores do Ribeira
implantam agroindústria
Município de Eldorado, Vale do Ribeira, uma das regiões mais pobres do Estado de São Paulo. Cerca de 70 famílias sobrevivem do cultivo comercial da banana em pequena escala e de alguns outros produtos, como arroz, feijão, mandioca e milho, apenas para o gasto. São 260 pessoas vivendo em uma comunidade remanescente de quilombos, organizada por intermédio da Associação Quilombo de Ivaporunduva.
É nesse cenário que está se desenvolvendo um projeto de implantação de uma agroindústria para processamento de banana e outras frutas, do Núcleo de Estudos e Pesquisas em Alimentação (Nepa), em parceria com o Instituto Socioambiental (Isa) e com a própria Associação de moradores, financiado pelo CNPq. Segundo o professor Celso Costa Lopes, da Faculdade de Engenharia de Alimentos e coordenador dos trabalhos, a idéia é desenvolver competências entre os agricultores para que eles realizem com sucesso a transposição do processamento doméstico da banana para o industrial, constituído por práticas, métodos e instrumentos de gestão da qualidade e da produção apropriados a comunidades de pequenos produtores e de agricultores familiares.
"Não queremos treinar pessoas, mas desenvolver competências. Nós levamos as informações, criamos as situações, fomentamos os encontros para estimular as tomadas de decisões. Sempre cabe ao grupo a decisão final", explica Lopes. Para o pesquisador, é fundamental que os agricultores conheçam todos as etapas de gestão da produção e da qualidade, para que desenvolvam sua autonomia.
O projeto teve início em fevereiro deste ano e deverá se estender até janeiro de 2004. Na primeira etapa, de acordo com o professor Lopes, os agricultores tomaram contato com a realidade agroindustrial, aprendendo as diferenças entre esse modelo e o doméstico. Num segundo momento, a partir da instalação da unidade piloto de processamento, num galpão de 80 metros quadrados a ser construído, os agricultores aprenderão a operar a fábrica como um todo, coletivamente. "Desde o carregamento e limpeza da matéria-prima, as diversas etapas do processamento, até a entrega ao consumidor. É fundamental que eles conheçam todo o processo produtivo", afirma o pesquisador.
A terceira etapa será a produção supervisionada pela equipe científica, que deverá ter duração de quatro a cinco meses. Tendo a banana nanica como matéria-prima, quatro produtos sairão da linha de produção: banana passa, doce de banana, bala e banana frita fatiada. "Nesse momento, é fundamental a definição dos sistemas de gestão da produção e gestão da qualidade. E cabe aos agricultores definir a melhor forma de produzir, de acordo com a realidade deles", diz Celso Lopes.
A última etapa, com duração prevista de seis meses, é a produção orientada, que envolve a definição de um projeto de agroindústria inclusive a formatação jurídica segundo a concepção dos agricultores, que deverá, então, ser submetida a financiamento. Essa nova planta substituirá a unidade piloto, que pertence à Unicamp.
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