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Uma tabela brasileira
nas embalagens
Qualquer produto comprado em supermercado precisa, por conta da legislação, conter as informações nutricionais impressas na embalagem. Isso é ótimo para o consumidor. Mas o que a grande maioria das pessoas não sabe é que esses dados não são de alimentos produzidos no Brasil, mas de similares americanos ou europeus. Ou seja, se houver qualquer variação nos processos industriais ou nas matérias-primas, não se pode garantir que se está consumindo as quantidades informadas. Para resolver este problema, entre muitas outras utilidades, é que o Núcleo de Estudos e Pesquisas em Alimentação (Nepa), em parceria com o Ministério da Saúde, está desenvolvendo uma tabela genuinamente brasileira de composição dos alimentos, batizada de Projeto Taco (Tabela Brasileira de Composição de Alimentos).
Segundo a professora Délia Rodriguez Amaya, da Faculdade de Engenharia de Alimentos da Unicamp e coordenadora do trabalho, é fundamental que cada país tenha sua própria tabela de composição dos alimentos, com suas especificidades, para poder orientar adequadamente a dieta da população, fornecer dados confiáveis para a comunidade científica e informações úteis para a regulamentação governamental. "Para isso, é necessário que os dados sejam, além de confiáveis, completos e acessíveis", defende a pesquisadora.
Nessa primeira etapa da pesquisa, foram analisados os 198 alimentos mais consumidos pela população brasileira, de norte a sul do país. Arroz, feijão, vários cortes de carnes bovinas, suínas e de frango, bolachas, macarrão, ovo, leite, frutas, verduras, legumes, sal, açúcar, pães, café, chocolate e até gelatina, fazem parte da lista pesquisada. Para cada produto, foram coletadas amostras de uma a até cinco marcas líderes de mercado, em nove cidades de todas as regiões brasileiras (Manaus, Belém, Recife, Salvador, Rio de Janeiro, Campinas, Curitiba, Porto Alegre, Cuiabá). O Brasil é o primeiro país da América Latina a desenvolver sua própria tabela de composição dos alimentos. Os resultados do trabalho deverão estar disponíveis até o final deste ano.
Para Délia Amaya, além de propiciar uma melhor educação nutricional ao consumidor, a própria exportação de alimentos como frutas, por exemplo, na qual o Brasil se destaca poderá ser alavancada por meio da maior disponibilidade de dados nutricionais para os compradores estrangeiros, normalmente bastante exigentes. "A comunidade científica nacional também será muito beneficiada na realização de estudos epidemiológicos que associam substâncias alimentares com incidências de doenças e também na intervenção dietética em pacientes com desordens metabólicas", assegura a pesquisadora.
Veja:
Por uma central de distribuição de alimentos
Manual de sobrevivência
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