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Na estrada com as big bands
Pesquisadora refaz trajetória das grandes orquestras brasileiras das décadas de 1950 e 1960
ANTONIO ROBERTO FAVA
Durante décadas foram a coqueluche dos salões de baile, embalaram sonhos e fizeram a juventude brasileira dançar de rosto colado ao som de In The Mood, Aquarela do Brasil, Petit Fleur ou Cheek to Cheek. Os rapazes com terninhos justos ou de jaquetões de couro. As moças, de vestidos rodados abaixo dos joelhos e cabelos armados. Com o tempo, as chamadas big bands foram, lentamente, perdendo o seu encanto, seu carisma. Por diversas razões. Há quem diga que um dos motivos que provocaram essa decadência foi o advento da televisão. Outros, como a professora Cristina Meneguello, do Departamento de História do Instituto de Filosofia e Ciências Humanas (IFCH) da Unicamp, argumentam que não basta atribuir à televisão que surgiu no Brasil em 1950 a culpa exclusiva desse declínio.
Há poucos meses Cristina vem levantando material sobre as big bands (ou grandes orquestras) principalmente as do interior do Estado. A idéia é desenvolver um projeto com o propósito de resgatar a memória das orquestras que fizeram sucesso em décadas passadas, se continuam em atividade e se, de um modo ou de outro, ainda mantêm seguidores ou quem as aprecie. O que a pesquisadora pretende é elaborar um perfil da história dessas orquestras, as influências que receberam de bandas norte-americanas, como escolhiam as músicas que compunham o repertório, sua performance no palco.
As big bands brasileiras constituíram um fenômeno histórico e social de profundo interesse e que até hoje não recebeu um estudo histórico aprofundado. O próprio gênero, como acontece com outros estilos de música, grupos e conjuntos musicais, como é natural, acabou saturando o gosto do público que apreciava os concertos dessas orquestras.
Pouco se sabe sobre a história do fenômeno que foram as big bands nacionais, conforme explica a pesquisadora. Como se sabe muito pouco do rock'n'roll, gênero que misturava elementos da música negra (blues e rhythm & blues) à dos brancos (country), e também da Jovem Guarda, movimento que surgiu no Brasil nos anos 60, tendo como seus principais expoentes Roberto Carlos, Éramos Carlos e Wanderléa. "Vou levantar também o que foi feito dessas bandas, de seus músicos, se ainda vivem, no que trabalham, se deixaram a música ou se ainda a fazem por diletantismo; o que culminou para a decadência delas, se o público mudou ou as orquestras é que não evoluíram. Enfim, vou estudar a trajetória dessas big bands, que fizeram a história da música brasileira nas décadas de 1940 e 1950", adianta Cristina.
SERVIÇO
Para poder concluir as suas pesquisas e levantamento de dados, Cristina Meneguello está fazendo contato com antigos músicos de big bands, em busca de relatos de suas memórias, fotografias, gravações e outros tipos de materiais. "Estou interessada também em conversar com possíveis freqüentadores dos bailes animados por essas orquestras", diz. Os interessados podem entrar em contato com a professora Cristina pelo e-mail hm2002@uol.com.br ou pelo telefone 3788-1575.
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