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Um quê de Glenn Miller
Por volta de 1935 essa combinação caía no gosto do público. Sucesso não apenas no caso da orquestra do pioneiro Benny Goodman, mas também com a orquestra do clarinetista Artie Shaw, de Tommy Dorney (que trazia Sinatra como seu cantor principal), Harry Jamnes (antes parceiro de Goodman), Duke Ellington e, talvez a mais célebre de todas, a orquestra de Glenn Miller. No entanto, orquestras menores, célebres nos Estados Unidos, também tiveram seus dias de glória, como as de Sammy Kaye, Jan Garber, Bem Pollack e Guy Lombardo, lembra a professora. A pesquisa de Cristina levou-a a concluir que o apogeu da popularidade desse fenômeno se deu durante a Segunda Guerra, e, paradoxalmente pelo menos nos Estados Unidos esses foram anos de afluência e consumismo; o declínio das orquestras se iniciou com o fim da guerra. "Muitos músicos que haviam sido recrutados como soldados não retornaram às suas atividades; outros intérpretes, abandonando suas orquestras, obtiveram sucesso quando optaram pela carreira solo", observa Cristina.
O surgimento da televisão nos Estados Unidos em 1939 alterou significativamente a importância e a abrangência desse tipo de entretenimento, enquanto os grupos pequenos de jazz ou bebop passaram a ter maior espaço nos clubes noturnos. Verifica-se que, no Brasil, o auge do fenômeno se estendeu ao longo das décadas de 1950 e 1960, fortemente inspirado pelo exemplo americano. Curiosamente, é no interior de São Paulo que começam a surgir as orquestras, grandes e pequenas, locais ou em constante excursão, que pontuavam o calendário com apresentações, geralmente associadas a bailes promovidos pelos clubes das cidades.
"É engraçado que muitas dessas "pequenas bandas" eram formadas com o único propósito de se apresentar em bailes locais e festas de formatura. Havia um "quê" de Glenn Miller em cada uma delas", avalia a pesquisadora. Dessa forma, cidades do interior do Estado, como Tupã, Guararapes, Bauru, Marília, Paraguaçu Paulista, Jaboticabal e mesmo a capital de São Paulo tinham orquestras disputadíssimas para as festas de formatura, bailes das debutantes nos clubes noturnos e outros eventos.
Para Cristina Meneguello, o fenômeno do sucesso das grandes orquestras sustentou-se a partir de um complexo equilíbrio entre apresentações nas rádios, notícias na imprensa especializada, gravação de discos, apresentação em bailes de formatura ou bailes especiais nos clubes. Tempos depois, as apresentações passaram a estender-se também aos cinemas.
"Desse modo, os sons ganhavam faces. O líder ou maestro (bandleader) parecia estender seu carisma a seus músicos, os quais do mesmo modo, faziam suas interpretações muitas vezes de forma coreografada, levantando-se em momentos-chave da música, movendo-se de acordo com cadência da música, tornando a apresentação um espetáculo à parte".
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