O triunfo da Pós
EUSTÁQUIO
GOMES
Esta nem Zeferino Vaz imaginaria:
que, passados pouco mais de trinta anos desde o início
de implantação dos cursos de pós-graduação
na Unicamp, a universidade chegaria à sua tese
de número 20 mil. Foram titulados, nesse período,
quase 14 mil mestres e mais de 6 mil doutores. Raras
universidades no mundo são capazes disso num
tempo tão curto e com tal qualidade, conforme
lembra o professor Daniel Hogan, pró-reitor
de Pós-Graduação.
Para além do encanto
de arredondar números, vale dizer que este
foi ultrapassado já na manhã seguinte
à sua constatação. A dinâmica
da pós da Unicamp é impressionante.
Até o momento em que esta edição
era fechada, na tarde de sexta-feira última,
o número de teses já batia em 20.400.
Até o final do ano terão sido titulados,
desde janeiro de 2003, em torno de 1.300 mestres e
700 doutores. 700 doutores! Como não se cansa
de repetir o reitor Brito Cruz, não mais que
cinco universidades norte-americanas podem ostentar
um número nessa ordem de grandeza.
Na verdade, sem muito alarde,
a Unicamp da era pós-Zeferino montou um grandioso
projeto de pós-graduação que
totaliza hoje 115 áreas de concentração
e alcança aproximadamente 52% do corpo discente
da instituição. Isso faz dela uma universidade
ímpar dentro e fora do País: ao dar
à pós-graduação a mesma
ênfase da graduação e da pesquisa,
a Unicamp levantou um forte tripé acadêmico
sustentado por canais comunicantes que irrigam a sala
de aula com o conhecimento em processo, e não
apenas com a informação bibliográfica.
Vale dizer que, graças
a essa vocação manifesta e consolidada,
a quantidade nunca afetou a qualidade. Atestam isto
as avaliações periódicas da Capes,
segundo as quais 50% dos cursos de pós-graduação
da Unicamp são considerados excelentes e 94%
aqueles incluídos estão
situados no patamar dos bons ou acima
dele. E o caminho dos bons é para o nível
de qualidade máxima, conforme parece indicar
o último relatório da Capes, que elevou
nada menos que 17 desses cursos ao nível de
excelência. Ponto importante: nenhum curso foi
reprovado.
A importância social
da pós da Unicamp é evidente. Ao oferecer
um número expressivo de mestres e doutores
à sociedade, a Unicamp exerce um papel qualificador
na indústria, no setor público e no
chamado terceiro setor. Depois, considerando-se que
muitos desses mestres e doutores são docentes
de outras universidades brasileiras e cerca
de um terço vem de outros estados , a
Unicamp realiza outra tarefa singular: a de exportar
metodologia científica (não sendo outra
coisa a pós-graduação) a outras
regiões e instituições do País,
com enorme efeito multiplicador. Bem por isso a Unicamp
pode ser chamada, hoje em dia, de escola de
escolas, título que não deixaria
indiferente ao velho Zefa.