Edições Anteriores | Sala de Imprensa | Versão em PDF | Portal Unicamp | Assine o JU | Edição 233 - de 13 a 19 de outubro de 2003
Leia nessa edição
Capa
Educação: futuro sustentável
Desenvolvimento da Unicamp
Vestibular: recorde de inscritos
Farmácias de manipulação
Pesquisa: risco de hipertensão
Incontinência urinária
Pesquisa: subproduto da cana
Quilombos: ensinar e aprender
Plástico biodegradável
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Trabalhos com o Nobel
Unicamp na Imprensa
Painel da semana
Oportunidades
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Entrevista: Contardo Calligaris
Fotografia: clicar e teclar
 

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Pesquisa mede risco de hipertensão entre jovens trabalhadores

Carla Spinella, aluna do quarto ano de Enfermagem da FCM, acompanhou 193 patrulheiros durante sete meses

A incidência de hipertensão arterial entre adolescentes brasileiros está entre 6% e 8%, segundo dados consensuais divulgados em 1998 por entidades médicas. É um índice que justifica a necessidade de novas pesquisas e de programas educativos voltados para esta população, visto que a pressão arterial acima do normal na infância e adolescência é um fator prognóstico para hipertensão na idade adulta. Um tratamento preventivo minimizaria os efeitos no futuro.

Entre os fatores de risco que o adolescente pode apresentar estão herança familiar, excesso de peso, doenças associadas como diabetes, sedentarismo, ingestão de sal e gordura, consumo de drogas, álcool e tabaco, além de aspectos emocionais como irritação, raiva e estresse. Esta situação tende a se agravar quando o adolescente entra no mercado de trabalho, não encontrando mais tempo para a prática de esportes e se sujeitando a ambientes que propiciam tensão em alguma medida.
Carla Spinella, aluna do quarto ano de enfermagem da Faculdade de Ciências Médicas (FCM) da Unicamp, acompanhou 193 patrulheiros que prestam serviços à Universidade, por um período de sete meses. “Visitei todos os locais de trabalho e cada entrevista durou em média 20 minutos”, afirma. Do total, 135 são do sexo masculino e 58 do feminino. Quanto à raça, 79 brancos, 52 negros e 62 pardos. Em relação ao índice de massa corpórea, 22 estavam abaixo do peso, 128 com peso normal e 14 apresentavam algum grau de obesidade.

O professor José Luiz Tatagiba Lamas, que orientou a pesquisa, informa que a amostra indicou 4 adolescentes hipertensos e 9 com pressão limítrofe, prevalência que ficou abaixo da média reconhecida oficialmente. “Mas a proposta deste trabalho era identificar os fatores de risco mais comuns entre os adolescentes trabalhadores e buscar uma associação com a pressão arterial de cada um. Todos os que apresentaram pressão acima do normal se enquadravam na população de risco”, observa.
A presença de fatores de risco entre os adolescentes foi muito grande, ressalta Carla Spinella. No questionário, 120 deles admitiam irritação (enquanto sensação passageira), 109 o estresse (submetidos a preocupação constante) e 104 a raiva (irritação mais duradoura). “Muitos reclamavam das chefias, do trabalho cansativo e de problemas com pais e irmãos”, lembra a estudante. Também foi alto o índice de doenças na família, como as cardiovasculares, a hipertensão e a diabetes.

O sedentarismo mostrou-se um fator de risco preocupante, pois 118 deles limitavam-se a trabalhar e a estudar. “Eles argumentam que não têm mais tempo para praticar esporte. Notamos ainda o grande consumo de café, talvez pelo fácil acesso no período de trabalho. A bebida alcoólica é consumida aos finais de semana por 56 deles e 6 admitiam fumar. Ninguém confessou o uso de drogas, creio que por medo ou vergonha”, acrescenta a estudante. “Tais respostas vão na contramão dos dados do Cebrid (Centro Brasileiro de Informações sobre Drogas Psicotrópicas), segundo os quais 51,2% das crianças entre 10 e 12 anos já tiveram contato com álcool, 7,8% com tabaco e 2% com solventes”, complementa o professor.

Manguitos – Carla Spinella realizou três aferições em cada voluntário, em duas utilizando um manguito (borracha que envolve o braço) de 9cm de largura e em outra o aparelho padrão de 12 cm. “A largura correta do manguito corresponde a 38% da circunferência do braço e 77,4% dos adolescentes exigiram o tamanho, menor que o padrão. Comparando as medições feitas com o aparelho correto e o padrão, vimos diferenças significativas tanto da pressão máxima (sistólica) quanto da mínima (diastólica). Um deles foi considerado hipertenso sistólico na medição com o manguito correto, mas normotenso quando se usou o padrão”, exemplifica.

“Para a maioria dos adolescentes devemos usar rotineiramente aparelhos mais estreitos para medir a pressão. Ao utilizarmos o manguito padrão, o valor fica subestimado, dificultando a detecção da hipertensão e privando a pessoa do tratamento adequado”, finaliza o professor Lamas. (L.S.)

 

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