Edições Anteriores | Sala de Imprensa | Versão em PDF | Portal Unicamp | Assine o JU | Edição 233 - de 13 a 19 de outubro de 2003
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Pesquisador desenvolve plástico biodegradável
Material testado e aprovado em laboratório foi desenvolvido a partir do amido de milho e da gelatina

RAQUEL DO CARMO SANTOS

O pesquisador Leonard Sebio, da Faculdade de Engenharia de Alimentos: quatro anos de pesquisa

O pesquisador Leonard Sebio, do Centro de Pesquisa em Tecnologia de Extrusão da Faculdade de Engenharia de Alimentos (FEA), desenvolveu um plástico biodegradável à base de amido de milho e de gelatina, depois de quatro anos de pesquisa. O material, já testado e aprovado em laboratório, pode ser um excelente substitutivo dos plásticos sintéticos ou dos papéis e papelões na fabricação de descartáveis como pratos, copos, bandejas, talheres, pastas de documento, vasos de flores etc. Segundo Sebio, o material plástico alternativo, por ser oriundo de uma fonte natural renovável, tem um potencial de degradação total no meio ambiente ao contrário dos materiais sintéticos encontrados no mercado. O pesquisador lembra ainda que o amido pode ser encontrado de forma abundante na natureza, extraído principalmente de cereais, de raízes e de tubérculos. Por isso se constitui em uma matéria-prima bastante promissora.

Sebio revela que a idéia de desenvolver um material biodegradável surgiu a partir da constatação do crescente acúmulo de lixo, proveniente de plásticos sintéticos que agridem o ecossistema por causa do longo tempo de permanência no ambiente. “É preocupante a proliferação dessas embalagens, apesar de satisfazer a necessidade de custo, formato, conveniência e marketing garantindo uma proteção desejada para diversos tipos de aplicação. Com isso são responsáveis por grande parte de resíduos que se acumulam na natureza”, lamenta. O biopolímero amido processado se decompõe em média 0,25g por dia, ao contrário do polímero sintético, que pode levar séculos. Assim, artefatos obtidos a partir desse plástico biodegradável, quando descartados em locais chamados ambientes microbiologicamente ativos (solos, aterros sanitários, rios, lodos ativados, etc.), terão maior facilidade de se decompor podendo se transformar em adubo e melhorar a porosidade e a densidade do solo. A pesquisa de Sebio fez parte de sua tese de doutorado “Desenvolvimento de plástico biodegradável à base de amido de milho e gelatina pelo processo de extrusão: avaliação das propriedades mecânicas, térmicas e de barreira”, orientada pelo professor Yoon Kil Chang.

Processamento – A produção do Amidoplast, nome dado ao material registrado no Instituto Nacional de Propriedade Industrial (INPI) para finalidade de patente pelo pesquisador, envolveu o uso do processo de extrusão termoplástica de dupla rosca, freqüentemente utilizado em alimentos para sua transformação em salgadinhos industrializados, macarrão, flocos de milho, ração animal e diversos outros.
O equipamento, instalado no Centro de Pesquisa é o único existente na sua categoria em faculdades de engenharia de Alimentos no Brasil, e teve que sofrer algumas adaptações para processar o amido de milho e transformá-lo em plástico biodegradável. Sebio esclarece que a extrusão é principalmente utilizada nas indústrias de plásticos. Desta forma, foram feitos vários ajustes e alteradas as condições de processamento o que sustenta o fato que além da extrusão, o plástico biodegradável pode ser manufaturado em equipamentos tradicionais de processamento de plásticos sintéticos tais como injeção-moldagem termoformagem e calandragem.

Após a extrusão, obteve-se laminados bioplásticos que foram avaliados na suas propriedades de resistência, elasticidade, alongamento, permeabilidade ao vapor de água e índice de desintegração em meio aquoso e térmicas. Isto seria necessário para se saber se as propriedades mecânicas e térmicas estavam em níveis aceitáveis.

O pesquisador também desenvolveu a uma metodologia estatística que lhe permitiu escolher matematicamente os melhores ensaios a partir de um planejamento experimental fatorial. Ele tentou ainda realizar a associação com outras matérias-primas como as farinhas de semente de algodão, semente de girassol e com a semente de mamona. Mas o melhor resultado foi obtido com o amido de milho, glicerol, gelatina e água, sendo que na formulação do Amidoplast, há cerca de 50% água o que torna o seu custo de fabricação muito mais barato afirma o pesquisador.

Um dos aspectos que pesou na decisão de Sebio foi o resultado de transparência do material. Os outros materiais formulados não mostraram esta propriedade importante em tecnologia de plástico, salienta. Outra questão é que além de se biodegradar naturalmente, o Amidoplast se mostrou também um importante alimento, pois pode ser metabolizado nas cadeias alimentares de quaisquer organismos vivos, sustentando eventualmente sua utilização como rações para gado e peixes. Para testar esta alternativa, o pesquisador deixou o material em uma gaveta e observou que, aos poucos, foi comido pelos insetos e quando jogado na lagoa, pelos peixes.

 

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