Para o reitor Carlos Henrique de Brito Cruz, que há um ano inaugurava a Agência de Inovação da Unicamp, “o prêmio reconhece o esforço e os bons resultados que a Unicamp tem obtido”. Segundo o reitor, “o ambiente universitário, movido à excelência e à liberdade acadêmica, é essencial para o avanço do conhecimento e para a educação de nossos estudantes. A convicção de seu compromisso com o avanço do conhecimento e a educação superior pública permite que a Unicamp estabeleça parcerias e cooperações com o setor público e privado, multiplicando o impacto da universidade no desenvolvimento econômico e social do país”.
“O prêmio deve ser creditado a todos os professores, pesquisadores, estudantes, agências de fomento e parcerias de pesquisa e desenvolvimento que contribuíram para que a Unicamp se destacasse no campo da inovação tecnológica”, disse o vice-reitor e coordenador geral da Universidade, José Tadeu Jorge, que recebeu o prêmio em nome da instituição. Tadeu destacou também que a premiação é um reconhecimento pelo esforço que a Unicamp vem desenvolvendo através de sua Agência de Inovação.
Para o diretor executivo da Agência de Inovação, Roberto Lotufo, “a premiação é um grande reconhecimento publico e tornará a Unicamp ainda mais atrativa na busca de boas parcerias em projetos de pesquisa colaborativos com a sociedade”. Segundo Lotufo, a Agência acertou ao tomar a iniciativa de inscrever a instituição. A colaboração dos professores no fornecimento de informações sobre seus projetos de inovação foi pronta. “A partir daí, o que pesou foi a densidade e a qualidade dos projetos”, completou Lotufo.
Os vencedores na etapa nacional receberão troféus específicos para cada categoria e bolsas de fomento tecnológico do CNPq. Os primeiros colocados de cada categoria também serão contemplados com uma viagem ao Reino Unido, financiada pelo Conselho Britânico, um dos patrocinadores do concurso. Nas demais categorias, os premiados foram a Katal Biotecnológica (categoria “Produto”), Resitol/Resitec (“Processo”), Siemens (“Média/Grande Empresa”) e PipeWay (“Pequena Empresa”).
No projeto apresentado à Finep, contendo 16 páginas, elaborado pela equipe da Agência de Inovação, foram relatados gráficos e tabelas que demonstram a capacidade inovativa da instituição, além de destacar a Unicamp como centro de excelência de desenvolvimento tecnológico e se inovação e os resultados obtidos pela instituição no período 2001 a 2003. Só de janeiro a junho de 2004, a Agência realizou nove contratos com empresas compreendendo o licenciamento de 22 patentes.
Na avaliação do júri, “a Unicamp consolidou uma destacada capacitação voltada para a pesquisa e o desenvolvimento tecnológico e para a inovação. A Agência de Inovação e as unidades de ensino e pesquisa, os centros dedicados à pesquisa e desenvolvimento tecnológico, as patentes obtidas, os licenciamentos efetuados, as empresas juniores e as empresas spin-off da Unicamp e os resultados de projetos com o setor produtivo, relacionados neste Projeto, evidenciam este fato”.
Taxa de inovação no Brasil é de 31,5%
A taxa de inovação da indústria brasileira é de 31,5%, muito abaixo dos 60% apresentados pela Alemanha, e está concentrada nas empresas de grande porte. Os dados foram divulgados durante o Fórum de Inovação Tecnológica da Região Sudeste, promovido na última segunda-feira, 30 de setembro, pela Financiadora de Estudos e Projetos Finep.
”De um universo de 72 mil empresas nacionais do setor industrial, constatamos que 22,7 mil realizaram ao menos uma inovação entre 1998 e 2000. Foi assim que chegamos à taxa de 31,5%”, explica Ronald Martin Dauscha, presidente da Associação Nacional de Pesquisa, Desenvolvimento e Engenharia das Empresas Inovadoras - ANPEI. Os números estão no estudo “Como alavancar a inovação tecnológica nas empresas”, produzido este ano pela ANPEI e apresentado durante o Fórum.
Outra dado importante: a taxa de inovação tende a ser mais elevada entre setores “não-tradicionais”, como informática (69%) e eletrônica e telecomunicações (63%). Para os chamados setores “tradicionais”, a pesquisa registrou apenas 29%.
Pequenas e médias
ainda inovam pouco
“Em geral, os diagnósticos sobre as principais causas das deficiências em pequenas e médias empresas limitam-se à identificação de gargalos tecnológicos. Mas, mesmo quando esses problemas são superados, a inovação não ocorre”, diz Dauscha. “Além disso, verificamos que as políticas horizontais, como é o caso das concessões de incentivos fiscais, não funcionam por si só”, acrescenta.
Segundo o presidente da Anpei, as pequenas e médias têm de promover mudanças em todos os fundamentos dos seus negócios, começando pelo comportamento em relação ao mercado. O diagnóstico feito pela entidade, a partir da avaliação de arranjos produtivos locais, é de que essas empresas não conhecem de fato os mercados em que atuam, seguindo cegamente os passos das grandes empresas.
“A saída é fazer com que atuem em nichos. Para que isso seja possível, a pesquisa de mercado é fundamental, pois abre um leque de opções para as pequenas e médias. E aí a possibilidade de inovação aumenta. As empresas, por exemplo, passam a buscar o apoio das instituições de pesquisa e das universidades”, explica Dauscha.
De acordo com o estudo, a pesquisa de mercado - e outras formas de assistência especializada - podem ser realizadas por centros locais de inovação integrados aos arranjos produtivos locais.