| Edições Anteriores | Sala de Imprensa | Versão em PDF | Portal Unicamp | Assine o JU | Edição 374 - 1 a 7 de outubro de 2007
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O Salão que fez de Campinas pólo
de referência em arte contemporânea

RAQUEL DO CARMO SANTOS

A artista plástica Renata Cristina de Oliveira Maia Zago: colocando Campinas no mapa das artes plásticas (Foto: Érica Tavares)O Salão de Arte Contemporânea de Campinas, realizado na cidade entre 1965 e 1977, não só contava com obras de artistas de representatividade nacional – Antonio Henrique Amaral, Mira Schendel, Cildo Meireles e José Roberto Aguilar, entre tantos outros –, como também era considerado um dos eventos mais importantes da arte brasileira.

As exposições que aconteciam em Campinas só perdiam em repercussão para os grandes salões realizados no Rio de Janeiro e em São Paulo. “Para um evento ocorrido em uma cidade do interior, a dimensão adquirida pelo Salão foi extremamente significativa, fazendo do município um ponto de referência da arte”, destaca a artista plástica Renata Cristina de Oliveira Maia Zago.

As notícias veiculadas na imprensa local e nacional da época, além de entrevistas com artistas e críticos de arte, ajudaram Renata a compor um verdadeiro dossiê sobre o período que marcou a história da arte na cidade de Campinas. A idéia surgiu com a descoberta, feita ainda quando ela cursava a graduação no Instituto de Artes (IA) da Unicamp, de documentos armazenados no arquivo do Museu de Arte Contemporânea de Campinas (MACC). “Percebi que eram registros valiosos, que poderiam levar a uma reconstituição da forma como ocorriam os Salões”, declara.

A artista plástica apurou que a estrutura de organização dos Salões, feita por críticos de arte, contemplava a escolha de artistas de expressão e de jovens que estavam despontando na carreira. Outra característica marcante eram as inovações que ocorriam a cada edição. “A preocupação era criar eventos de qualidade e, para isso, os organizadores também elaboravam estratégias para atrair o público”, explica.

História 3, desenho em nanquim e grafite com colagem sobre papel de Cildo Meireles, obra que foi exposta no Salão de Arte Contemporânea de Campinas (Foto: Divulgação)Uma das principais inovações no padrão foi o Salão realizado no ano de 1975. Na ocasião, foram convidados 12 artistas que não trouxeram suas obras para expor. Eles apresentavam seus trabalhos por meio de slides, o que possibilitava uma interação entre o público, críticos de arte e os próprios artistas. “Foi uma das estratégias mais revolucionárias de que se tem notícia”, detalha Renata.

Desde 1965, quando foi criado o Museu de Arte Contemporânea de Campinas, por iniciativa da Secretaria de Educação e Cultura de Campinas, através do apelo do Grupo Vanguarda, que lutava por um local fixo para expor a arte contemporânea e acolher a primeira mostra, os críticos de arte eram escolhidos para estruturar os salões. “Isto constitui um diferencial, pois eram convidados críticos como Aracy Amaral, Frederico Morais e Walter Zanini, pessoas de muita influência no cenário da arte contemporânea”, explica Renata.

Os Salões de 1974 e 1975, por exemplo, chegaram a ganhar espaço em outros locais como Pinacoteca de São Paulo, Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro e Sala de Difusão Cultural de Brasília. Além da mostra, mesas-redondas eram organizadas para atribuir um peso ainda maior ao trabalho dos artistas. Em 1976, não houve o Salão, mas sim a inauguração da nova sede do MACC, na rua Benjamin Constant, com uma exposição do artista modernista Alfredo Volpi.

O último Salão desta série teria ocorrido em 1977. O espaço que abriga o Centro de Convivência Cultural foi palco de uma grande feira livre. A proposta era realizar uma intervenção urbana com manifestações artísticas de todos os gêneros. O objetivo, no entanto, não chegou a ser concretizado. Nos anos de 1980, houve uma tentativa de retomada, mas depois de três edições, com caráter totalmente diferenciado, a iniciativa não obteve mais êxito, transformando o Museu de Arte Contemporânea em um espaço focado na arte fotográfica e digital.

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