A matemática, quem diria, serviu de base para o pesquisador Antonio Carlos Silvano Pessotti identificar o estilo na interpretação de cinco cantoras líricas brasileiras. As técnicas complexas e os dados quantitativos confirmaram traços fonéticos para a produção dos estilos das cantoras e trouxeram uma nova metodologia para se chegar a resultados de estilo e interpretação. “Usei matemática pesada”, atesta o pesquisador, que também é cantor lírico.
Na pesquisa apresentada no Instituto de Estudos da Linguagem (IEL) e orientada pela professora Eleonora Cavalcante Albano, Pessotti conseguiu detectar que, mesmo tendo a escola italiana como formação, nem todas as cantoras estudadas apresentaram características fonéticas desta linha. “As análises acústicas apresentaram revelações diferentes. Apenas duas cantoras deixam claro na interpretação a tendência em seguir a escola italiana”, explica o cantor.
No Brasil, segundo Pessotti, as duas grandes escolas predominantes nesta área são a italiana e a alemã. A italiana, no entanto, seria a mais evidente por ser considerada a língua perfeita. “Iluministas como Rosseau e outros já falavam e atestavam a supremacia do italiano”, argumenta.
O pesquisador buscou a relação do que se chama prosódia musical, que consiste na arte de fazer coincidir as acentuações das palavras com as acentuações da música, ou vice-versa, podendo até ser chamada de música da fala. “Para os intérpretes, este aspecto flui naturalmente”, esclarece. Por isso, sua pesquisa tem caráter inovador ao realizar o estudo com sopranos e identificar com números as teorias da linguagem que abordam o equilíbrio entre a música e a fala.