| Edições Anteriores | Sala de Imprensa | Versão em PDF | Portal Unicamp | Assine o JU | Edição 377 - 22 a 28 de outubro de 2007
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Metais pesados poluem
mananciais de Limeira

RAQUEL DO CARMO SANTOS

Elizete Vieira Fazza, autora do estudo: coletas de amostras em pontos estratégicos (Foto: Antônio Scarpinetti)Dois importantes mananciais da cidade de Limeira, os ribeirões Graminha e Águas da Serra, estão poluídos com metais pesados. As concentrações de alumínio, ferro, zinco, cromo, cobre e chumbo ultrapassam o limite permitido pela legislação. A constatação integra parte da pesquisa de mestrado de Elizete Vieira Fazza. Apresentado na Faculdade de Engenharia Civil, Arquitetura e Urbanismo (FEC), o estudo foi orientado pela professora Silvana Moreira.

Para a pesquisadora, políticas públicas deveriam contemplar ações que buscassem proteger e melhorar as condições ambientais dos dois mananciais, inclusive para atenuar os problemas que acabam afetando também a Bacia do Rio Piracicaba. "Os metais pesados acabam poluindo o Piracicaba, pois os dois ribeirões desembocam nele", explica.

Elizete defende a necessidade de ações dos órgãos ambientais, da prefeitura e da população em toda a extensão dos mananciais, sugerindo que novos pontos da cidade também sejam avaliados. O ribeirão Tatu, outro importante manancial que recebe os efluentes tratados de 65% da cidade, já é monitorado pela Cetesb. As águas e os sedimentos dos ribeirões Graminha e Águas da Serra, no entanto, não haviam sido objeto de estudo até então.

As altas concentrações de metais pesados nos ribeirões em Limeira indicam o impacto provocado pelos despejos domésticos e industriais. Um dos exemplos apontados pela pesquisadora são os lançamentos de efluentes provenientes das indústrias de jóias existentes na cidade. Elizete lembra que Limeira é considerada a “capital das jóias”. “A manipulação de substâncias provenientes do processo produtivo pode ser a causa da poluição”, observa.

Dados da Associação Limeirense de Jóias, a Aljóias, estimam que existam na cidade 400 empresas formais cadastradas, além de 200 funcionando clandestinamente. Segundo a entidade, Limeira concentra cerca de 60% da produção nacional de jóias. Por isso, a Cetesb desenvolve um projeto de prevenção voltado especialmente para as atividades de indústrias do setor na cidade.

Segundo a especialista, embora seja comprovado o impacto negativo no meio ambiente, não dá para ignorar que as empresas desempenham um importante papel na economia da região. Elizete propõe medidas que passem pelo monitoramento dos descartes de resíduos das indústrias e uma política específica para futuros empreendimentos, assim como para aqueles que estejam trabalhando de forma irregular.

Outra proposta é a recomposição da mata ciliar no entorno dos ribeirões. Segundo diagnóstico visual feito pela autora do estudo, a mata remanescente é extremamente pobre e, em alguns locais, inexiste. Elizete sugere ainda que sejam feitas campanhas de conscientização em relação à importância dos mananciais. Segundo a pesquisadora, essas campanhas são importantes em razão da grande quantidade de lixo encontrada no entorno. “Tudo isso influencia para aumentar os níveis de poluição”, argumenta.

Elizete colheu amostras de águas e sedimentos dos mananciais em seis pontos estratégicos de cada manancial. Em quatro deles, as amostras foram retiradas antes do lançamento do esgoto pela companhia responsável pelo tratamento de esgoto da cidade. Nos outros dois pontos, a coleta ocorreu depois do procedimento. “Mesmo nos quatro pontos avaliados antes do lançamento, havia a presença significativa de metais. Concluímos, com isso, que o esgoto proveniente da rede coletora oficial da cidade não é o principal causador da poluição observada no local. Despejos clandestinos e as galerias de águas pluviais também interferem negativamente para a qualidade dos mananciais”, esclarece.

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