| Edições Anteriores | Sala de Imprensa | Versão em PDF | Portal Unicamp | Assine o JU | Edição 378 - 29 de outubro a 4 de novembro de 2007
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Convênio prevê intercâmbio de alunos e docentes, pesquisas
conjuntas, curso de mandarim e centro de estudos

Cooperação técnico-científica faz China integrar agenda acadêmica da Unicamp

ÁLVARO KASSAB

O professor Daví Antunes durante aula em Berlim, onde foram mantidos os primeiros contatos com os docentes chineses: interesse das duas partes (Fotos: Davi Nardy Antunesi)Os reitores José Tadeu Jorge, da Unicamp, e Wang Yuguo, da Southwestern University of Finance and Economics (SWUFE), uma das mais importantes universidades da China da área de economia e finanças, assinam no dia 29 (segunda-feira) acordo de cooperação técnico-científica entre as duas instituições. O convênio prevê intercâmbio de alunos e docentes, o desenvolvimento de pesquisas conjuntas, e a criação, na Universidade, de um curso de mandarim e de um centro de estudos voltado a temas relacionados ao país asiático, sobretudo nas áreas da cultura, da história e da economia.

Seminário reúne especialistas dos dois países

A primeira iniciativa conjunta prevista no âmbito do convênio é a realização, nos dias 29 e 30, do Seminário Internacional Brasil-China (confira a programação nesta página). No encontro, que reunirá acadêmicos chineses e brasileiros no auditório do Instituto de Economia (IE), será debatida a conjuntura econômica dos dois países.

Ginásio e aspecto do campus da Southwestern University of Finance and Economics, uma das mais importantes universidades da China da área de economia e finanças: instituição fornece quadros para o governo “Um dos objetivos do seminário é justamente discutir o crescimento meteórico – e suas contradições – da economia chinesa. De uma certa forma, queiramos ou não, eles são um exemplo para o Brasil, cuja economia vem patinando nos últimos anos”, afirma o organizador do seminário, professor Daví Nardy Antunes, do IE. “Será uma excelente oportunidade para ouvirmos o que os especialistas chineses têm a dizer sobre o crescimento que vem sendo registrado desde a reforma dos anos 1970, que não por acaso é um dos temas do evento. Essas proposições nos farão entender melhor, inclusive, a nossa realidade e a nossa estagnação”.

Os indicadores falam por si. Na semana passada, por exemplo, o país asiático ultrapassou os Estados Unidos em volume de exportação, figurando agora em segundo lugar no ranking mundial e em vias de destronar a líder Alemanha. A economia da China vem crescendo a uma taxa média de 10% nas últimas duas décadas.

Especialistas apontam que o país será a maior potência mundial já na década de 40 deste século. Um dado que será apresentado no seminário, por exemplo, chamou a atenção de Antunes: na década de 60, a expectativa de vida dos chineses era de 36 anos – um dos piores da Ásia – e, hoje, já ultrapassou os 70. “É evidente que há problemas advindos desse fenômeno, que também serão debatidos no seminário, mas os dados do crescimento são impressionantes. A explosão da renda per capita é um deles”.

Antunes não só teve a oportunidade de constatar in loco essa pujança, como testemunhou o início das tratativas que culminaram na assinatura do acordo de cooperação. Em 2005, o docente do IE participou em Berlim de um seminário promovido no contexto do projeto Global Labour University, cujo foco era a implantação de um de mestrado internacional para a formação de líderes sindicais na Unicamp, na Índia (Instituto Tata de Ciências Sociais), na África do Sul (Universidade de Witswatersrand) e em duas universidades alemãs, a Escola de Economia de Berlim e a Universidade de Kassel.

Questões estruturais – Ao longo do seminário, colegas chineses da SWUFE manifestaram interesse em estabelecer uma agenda que contemplasse análises da realidade econômica dos dois países. “Eles se interessaram, particularmente, pelo fato de o Instituto de Economia apostar em linhas de pesquisa que privilegiam as questões estruturais e históricas, sempre sob uma perspectiva comparativa. Ademais, o IE tem um histórico de sempre buscar o desenvolvimento, a exemplo do que ocorre hoje na China”.

Os economistas chineses sugeriram então que os docentes da Unicamp visitassem a SWUFE. A universidade, historicamente responsável pela formação dos principais quadros do Banco Central e do Partido Comunista chinês, fica na província de Sichuan, em Chengdu, cuja região metropolitana conta com 10 milhões de habitantes.

No final do ano passado, Antunes e os professores Márcio Percival Alves Pinto e Carlos Alonso Barbosa de Oliveira, à época respectivamente diretores do Instituto de Economia (IE) e do Centro de Estudos Sindicais e de Economia do Trabalho (Cesit/IE), permaneceram um mês no país asiático.

De lá para cá, as conversas evoluíram para a assinatura do convênio, cuja coordenação ficou a cargo da Coordenaria de Relações Institucionais e Internacionais (Cori), da Unicamp. “Se de um lado, o Instituto de Economia teve um papel importante na viabilização do convênio, de outro foi fundamental o interesse da Reitoria em implementá-lo. O reitor, por exemplo, mostrou muito interesse na criação do centro de estudos chineses”.

Antunes destaca os ganhos acadêmicos gerados por acordos desse tipo. “O intercâmbio de estudantes e docentes será muito importante. A realidade chinesa certamente gerará estudos e linhas de pesquisa”, afirma o docente, ressaltando que o convênio é extensivo a todas as unidades da Universidade. “O curso de mandarim, por exemplo, deve ser ministrado no Instituto de Estudos da Linguagem [IEL]”.

No caso específico dos estudos acerca da China, o docente acredita que a melhor maneira de conhecer a cultura e o funcionamento da sociedade é por meio dos próprios chineses. Isso possibilita, observa Antunes, que essa visão não esteja contaminada por eventuais filtros, sobretudo os midiáticos. Ademais, prossegue o docente, será franqueado o acesso a uma universidade de excelência que forma quadros para o governo e para a área de finanças. “Isso será importante não só para os alunos, mas também para os professores”.

Outro aspecto mencionado por Antunes é o fato de ter partido dos chineses a iniciativa de viabilizar o convênio. Segundo o professor do IE, os docentes da SWUFE têm muito interesse em conhecer a realidade brasileira. “A despeito de estarmos patinando, eles nos vêem ainda como um país de futuro”.

Para o reitor Tadeu Jorge, o acordo tem grande importância para a Unicamp dada a oportunidade de se estabelecer laços com um país que tem muitos pontos de identificação com o Brasil e cujo protagonismo no mundo – inclusive nos planos científico, tecnológico e cultural – é cada vez mais acentuado.

A instituição

A SWUFE tem cerca de 20 mil estudantes. Uma das primeiras universidades de finanças e economia na China, a instituição foi criada como Sichuan Institute of Finance and Economics em 1952, quando faculdades e departamentos de cursos de economia e finanças de 17 universidades foram reestruturados. Em 1980, o Banco Central da China assumiu a direção da escola, trocando sua denominação para SWUFE em 1985. Há seis anos, a administração da universidade foi transferida para o Ministério da Educação.

A instituição oferece 29 programas de graduação, 43 de mestrado e 28 de doutorado nas áreas de administração, economia, finanças, indústria e negócios, entre outros. Possui mais de 1.300 funcionários, entre professores, pesquisadores e pessoal das áreas administrativa e de manutenção. Nos seus 55 anos de existência, formou aproximadamente 130 mil profissionais.




































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