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Jornal da Unicamp - Setembro de 2000
Página 2
VERBAS
Fundos
com fundos
Comunidade
acadêmica debate criação de nova fonte de recursos
para C&T
Aprofundam-se os debates na comunidade
acadêmica sobre a criação dos Fundos
Setoriais de Desenvolvimento Científico e Tecnológico,
que prometem revolucionar o setor a partir de 2001, com
uma injeção, somente neste primeiro ano, de mais de R$
1 bilhão para financiamento de pesquisas e projetos em
petróleo, energia, recursos hídricos, recursos
minerais, transportes terrestres, parcerias entre
universidades e empresas, setor aeroespacial,
telecomunicações, informática e infra-estrutura. Ainda
estão sendo modelados os fundos de saúde, aeronáutico
e de agronegócios.
Esta injeção vai
praticamente dobrar os recursos destinados à ciência e
tecnologia
no País. Em palestra para explicar a concepção dos
Fundos Setoriais, Rui
Albuquerque, chefe de Gabinete da Reitoria, foi
questionado pela platéia quanto ao
fato de vários segmentos de pesquisa, vítimas das
medidas desestimuladoras dos
últimos anos, estarem atualmente desestruturados para
receber tal aporte de
recursos. "É um fato inusitado. Mas, a partir do
momento em que encontramos a
fórmula para obter esse dinheiro de imediato, essas
instituições terão que se
mobilizar para reunir projetos que garantam a
utilização eficaz de sua dotação",
afirmou.
Albuquerque, antes de vir para a Unicamp, exercia o cargo
de secretário-executivo
adjunto do MCT. Ele ressaltou que os Fundos Setoriais
surgem como resposta ao
processo de privatização e desregulamentação das
atividades de infra-estrutura no
Brasil, processo que colocava em risco os investimentos
para o desenvolvimento
de novas tecnologias, uma vez que as empresas privadas
pouco aplicam em
pesquisas, em detrimento do sucesso alcançado por
empresas públicas que
inclusive assumiram a liderança mundial em termos de
inovações, como na área
de petróleo.
Os fundos serão formados por percentuais do faturamento
de empresas
privatizadas ou por contribuições pela exploração de
recursos naturais. Em grande
parte, as receitas que alimentarão os fundos já são
previstas e cobradas, apenas
não estão sendo aplicadas em ciência e tecnologia. A
cobrança, portanto, não
representa qualquer ônus adicional que justifique seu
repasse para tarifas ou
preços.
Os Fundos Setoriais são fontes estáveis, independentes
da arrecadação do
Tesouro. O financiamento será contínuo e, ao final de
cada exercício fiscal, o saldo
continuará disponível para o período seguinte. Isso
impedirá o abandono de
pesquisas e a desestruturação das equipes. A gestão
dos programas será
compartilhada entre ministérios, agências reguladoras e
representantes da
comunidade científica e do setor privado.
A Cartilha dos Fundos Setoriais está em
http://www.mct.gov.br/temas/fundos/default.htm
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