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VIDA - ANIMAL E PLANTAS

 

Pragas e doenças da lavoura
Lagartas, cigarrinhas, cupins, brocas,bicudos respondem
por 21% dos custos das plantações

A lagarta da soja, aniquilada pelo baculovírus anticarcia, já não assusta os agricultores brasileiros. Mas a quantidade de pragas e doenças ainda de difícil controle no país é espantosa. Estima-se que as pragas correspondem a 21% do custo operacional de uma determinada lavoura. As doenças, por volta de 30%. O baculovírus, inimigo natural da lagarta da soja, foi produzido no Instituto Biológico e representa uma das grandes conquistas da ciência agrícola para banir o controle químico, oneroso e arrasador das lavouras brasileiras.

“Durante a década de 60, o modelo agrícola adotado no Brasil previa o uso de muitos produtos químicos. E, de uma certa forma, indiscriminadamente. Com isso, muitos insetos foram adquirindo resistência ou ressurgência e hoje seu controle químico tornou-se ineficiente. Por isso, tem-se buscado outras alternativas, como o controle biológico ou desenvolvendo variedades vegetais mais resistentes, como informa Romildo Castro Siloto, pesquisador científico do Laboratório de Entomologia Econômica do Centro Experimental do IB.

O pesquisador perdeu a conta do número de aulas que deu durante a Cientec. “Considera-se praga, geralmente, quando uma população de insetos aumenta demais, causando problemas econômicos para uma determinada cultura. As pragas proliferam porque existe uma oferta de alimentos, principalmente quando o modelo de agricultura favorece, ao utilizar áreas de grande extensão, em grandes quantidades e diversas vezes ao ano. O inseto ali presente procria mais gerações por ano, aumentando sua população”.

Siloto explica que a busca por plantas mais resistentes é realizada por meio do melhoramento genético clássico, cruzando genes de plantas selvagens ou outro componente que seja dificultoso para a pragas específicas, como a lagarta do milho, por exemplo. “A lagarta pode comer essa planta, mas não consegue se desenvolver bem ou rejeita o alimento”.

Uma das pragas mais conhecidas e temidas é o bicudo do algodão, introduzida no Brasil junto com materiais importados. A lagarta do cartucho do milho, outra praga importante e de difícil controle, significa prejuízo anual aos agricultores de 400 milhões de dólares.
“Temos hoje, dentro da ciência agrícola, vários exemplos bem avançados de controle biológico, como o da broca da cana-de-açúcar, combatida com uma vespa. Temos também no mercado um produto para controle do lagarto da soja. Já existe toda a tecnologia. Em termos de custo, da forma como é empregada, é uma boa alternativa, inclusive em termos ambientais”, argumenta.

Inimigo bom – Em seu estande, o IB deu detalhes sobre como a larva minadora das folhas de citros, uma das principais pragas desta lavoura, está sendo criada em laboratório, assim como um parasitóide que é o seu inimigo natural. Emily Honda, estagiária
do Instituto, explicou que a intenção é aumentar a população deste parasitóide para liberá-lo no campo.
Cigarrinhas da cana, cupins das pastagens, moleques da bananeira, ácaros, cigarrinhas dos citros, brocas do café, pulgões, ácaros, lagartas, bicudos... Os pesquisadores José Eduardo Marcondes de Almeida e Valmir Antonio da Costa estiveram com todos esses bichos na Cientec, mostrando o trabalho de identificação das pragas e dos agentes de controle biológico do IB. Por meio de fluxogramas animados demonstrou-se, por exemplo a fabricação de antígenos para diagnosticar rapidamente a brucelose, moléstia infecciosa comum a bovinos, caprinos e suínos.

Fábio e o touro ‘caracu’

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Fantasma, louca e carpideira

Pelo menos 89 entre 100 residências estão infestadas por formigas, com predominância de três espécies: a formiga “fantasma”, a “louca” e a “carpideira”. Este foi o resultado de um levantamento no bairro da Vila Mariana, em São Paulo, realizado por Ana Eugênia de Campos Farinha, pesquisadora científica do Centro de Sanidade Vegetal do Instituto Biológico (IB).
Durante a Cientec, a doutora instalou um cenário rural na área externa do Ginásio da Unicamp, demonstrando a quantidade de pragas que vivem o cotidiano da família, tanto nas dependências domésticas quanto no curral.

Na cozinha, formigas, baratas, cupins, mosquitos, moscas etc. No telhado, pombos e morcegos; no quintal, junto à ração fornecida aos animais, aparecem ratos, formigas e baratas. Carunchos e traças devoram os alimentos armazenados; o morcego suga o sangue da vaca estilizada; as moscas pousam sobre o leite e a água empoçada cria larvas e mosquitos.

“Infelizmente, ainda não existem trabalhos estatísticos sobre pragas urbanas no Brasil, mas possuo dois trabalhos desenvolvidos na Vila Mariana”, diz Ana Eugênia. Além da pesquisa sobre as formigas urbanas, ela estudou as pragas em geral e verificou que, em 132 residências avaliadas, as formigas foram as mais freqüentes (88,64% na área externa e 40,9% na área interna). “Depois das formigas encontramos moscas, cupins e baratas, nessa ordem de reclamações. Aproximadamente 40% das casas avaliadas estavam infestadas por cupins ou já o foram um dia, mas os insetos acabaram controlados”, informa.

Inseto social – O IB também montou no Ginásio da Unicamp um formigueiro artificial, a fim de mostrar a importância da espécie “saúva limão” para o contexto agrícola: um exemplo de organização e de inseto social. Ao lado, uma criação de bicho da seda e os cuidados com a dieta das larvas.

 

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