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Entre a nutrição prescrita
e a que o hospital ministra
ISABEL GARDENAL
Por que o paciente de um hospital não recebia a nutrição prescrita pelo médico integralmente? Respostas a esta indagação renderam à nutricionista Salete Brito, do Grupo de Apoio Nutricional (GAN) do HC da Unicamp, a primeira colocação no III Prêmio Maria Lúcia Ferrari (categoria nutrição clínica), instituído pelo Conselho Regional de Nutricionistas, 3a Região.
Ela recebeu o troféu e uma importância em dinheiro durante solenidade na Assembléia Legislativa de São Paulo, no dia 26 de agosto, quando apresentou publicamente sua pesquisa "Avaliação da nutrição enteral e/ou parenteral prescrita e da infundida em pacientes internados em um hospital universitário". O trabalho, segundo a nutricionista, foi baseado em sua dissertação de mestrado defendida havia poucos meses na Faculdade de Ciências Médicas (FCM) da Unicamp, sob orientação da professora Elza Cotrim Soares, do Departamento de Clínica Médica.
Na pesquisa, 107 pacientes receberam nutrição enteral (dieta por sonda), parenteral (nutrientes infundidos por veia) ou ambas ao mesmo tempo. Se antes Salete Brito pretendia simplesmente entender o que ocorria no transcorrer da terapia nutricional, os dados acabaram indicando deficiências no serviço e esclareceram as principais intercorrências para que isso acontecesse: são, grosso modo, o jejum de procedimentos e a falta de anotações pelos profissionais de saúde. Muitas vezes, as soluções, embora preparadas para serem administradas e respeitando a prescrição médica, não eram infundidas, o que onerou a instituição em R$ 4,5 mil na nutrição enteral e em R$ 11 mil na parenteral durante o período de estudo.
Atitude Salete Brito defende atitudes mais enérgicas para garantir a nutrição de valor elementar para o paciente, com acompanhamento de equipes mais treinadas e conscientes de sua importância. "Ela deve ser instituída de maneira precoce e ministrada adequadamente ao paciente hospitalizado, a fim de diminuir a desnutrição iatrogênica. Além disso, a desnutrição adquirida em hospitais, há muitas décadas vem sendo divulgada mundialmente como fator de risco à recuperação do paciente. No Brasil, de acordo com o Ibranutri (1999), ela se mantém ao redor de 48%, o que é um índice surpreendente", adverte.
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