Estudo avalia fragmentação
do DNA em répteis
MANUEL ALVES FILHO
Pesquisa realizada para a dissertação de mestrado de Maristela Miyamoto, apresentada ao Instituto de Biologia (IB) da Unicamp, caracterizou a freqüência e a intensidade da fragmentação do DNA em répteis, mais precisamente em quatro espécies de serpentes (cascavel, jararaca, urutu e jararaca-pintada). O dano no DNA é um fenômeno que pode estar relacionado à morte celular programada. O estudo constatou maior resistência das células nas espécies analisadas em comparação aos anfíbios. Além disso, o trabalho forneceu uma pista de que talvez haja uma relação de organização dessas células entre os répteis em geral. Ambos os dados são escassos na literatura mundial.
A investigação conduzida por Maristela partiu de um trabalho anterior da sua orientadora, a professora Maria Luiza Silveira Mello. Ao comparar as hemácias nucleadas de diferentes grupos de vertebrados, exceto mamíferos, a docente identificou que um réptil, mais precisamente o jabuti, apresentava freqüência e intensidade de danos de DNA bem menor do que a verificada nos demais vertebrados. Maristela se propôs a responder, então, se o mesmo ocorria em relação a outros répteis.
Para isso, a autora da dissertação lançou mão de quatro métodos distintos: teste de Tunel, ensaio Cometa, microscopia eletrônica de transmissão e reação de Feulgen. Ao final da investigação, Maristela constatou que a fragmentação do DNA nas serpentes é bem mais baixa do que a verificada na rã, anfíbio tomado para comparação. Entre os répteis estudados, a cascavel e a jararaca-pintada apresentaram os menores níveis de danos no DNA.
Já o ensaio de Tunel indicou, de modo específico, menos danos no DNA da cascavel e da jararaca-pintada. Dados do ensaio Cometa mostraram que o DNA da cascavel teve maior fragmentação, devido à presença de sítios sensíveis à solução de pH alcalino utilizada no referido método, o que ocasionou a quebra. Conforme Maristela, embora seu trabalho seja básico, ele forneceu informações que ainda estavam indisponíveis na literatura. Os resultados obtidos por ela concorrem para a tese de que a fragmentação do DNA está possivelmente ligada à morte celular.
Mas qual o motivo que faz com que os danos no DNA dos répteis sejam menores do que nas espécies confrontadas? "A resposta a esta pergunta dependerá de novos estudos, inclusive os relacionados ao baixo metabolismo dos répteis", explica Maristela. Uma das possibilidades a ser investigada, diz, é a forma de organização de proteínas com o DNA, processo que pode estar ligado à longevidade celular. O trabalho de Maristela contou com o apoio financeiro da Capes, CNPq e Faep/Unicamp.