| Edições Anteriores | Sala de Imprensa | Versão em PDF | Portal Unicamp | Assine o JU | Edição 336 - 11 a 17 de setembro de 2006
Leia nesta edição
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O premiado Gemoca reúne médicos, nutricionistas,
biológos e biomédicos em objetivo comum

Grupo estuda
predisposição ao câncer

A professora Laura Sterian Ward (dir) e as pesquisadoras do Laboratório de Genética Molecular do Câncer: acompanhando 545 casos em Campinas. (Fotos: Antoninho Perri)Uma equipe constituída por profissionais de diferentes áreas, como médicos, nutricionistas, biólogos e biomédicos, reúne-se diariamente no Laboratório de Genética Molecular do Câncer (Gemoca), da Faculdade de Ciências Médicas (FCM) da Unicamp. A despeito da heterogeneidade do grupo, seus integrantes não apenas atuam de forma cooperada, como têm um objetivo comum: desenvolver pesquisas que ajudem a compreender como os fatores moleculares concorrem para predispor as pessoas ao câncer. Os estudos, que têm merecido prêmios e gerado diversos trabalhos acadêmicos, abrem perspectivas para a formulação de novos métodos de diagnóstico e de tratamento da doença.

Objetivo é traçar o perfil de risco em segmentos da população

De acordo com as projeções do Instituto Nacional do Câncer (Inca), órgão vinculado ao Ministério da Saúde, o Brasil terá computado, até o final de 2006, 470 mil novos casos de câncer, contra 280 mil registrados no ano 2000. Desses, 116 mil serão de pele, 49 mil de mama feminina, 47 mil de próstata, 27 mil de pulmão e 25 mil de cólon e reto. Tais números conferem ainda mais importância aos estudos conduzidos no Gemoca, que é chefiado pela médica endocrinologista Laura Sterian Ward. Ela conta que a idéia de criar o laboratório surgiu em 1999, logo após ter concluído o pós-doutorado em genética molecular de câncer. Desde então, a missão dos pesquisadores tem sido investigar os mecanismos genético-moleculares implicados na gênese e progressão da doença.

Um dos primeiros trabalhos realizados pela equipe coordenada pela professora Laura estava relacionado com o câncer de pele. Na oportunidade, a pesquisadora Janaina Luisa Leite constatou que as pessoas portadoras de herpes vírus dos tipos 1 e 6 apresentavam maior pré-disposição ao desenvolvimento da enfermidade. De acordo com a docente da FCM, os estudos realizados no laboratório também procuram relacionar as características genéticas aos fatores ambientais e aos hábitos da população. Em vários casos, lembra, essas variáveis constituem-se em mecanismos desencadeadores do câncer. Os pesquisadores do Gemoca têm investigado nos últimos anos, por exemplo, como as enzimas GST e CYP e o gene NAT2 podem contribuir ao surgimento de cânceres.

Originalmente, explica a professora Laura, tanto as enzimas quanto o gene atuam no sentido de limpar o organismo dos componentes tóxicos presentes na fumaça do cigarro, no álcool ou em drogas terapêuticas, para ficar em três exemplos. Entretanto, quando eles apresentam defeito ou mutação, esse trabalho de limpeza fica prejudicado, o que contribui para predispor a pessoa aos cânceres de próstata e tireóide, entre outros. A chefe do Gemoca esclarece que o objetivo das pesquisas não é identificar o agente causador da doença, mas sim a maneira de lidar com ele. “Nossa meta é traçar o perfil de risco que um dado segmento da população corre de desenvolver a doença, em razão das suas características genéticas. No caso, temos trabalhado com moradores de Campinas”.

Os estudos, prossegue a docente da FCM, normalmente são conduzidos a partir de amostras de sangue retiradas tanto de portadores de cânceres quanto de pessoas saudáveis. O procedimento permite a comparação dos resultados das investigações. Atualmente, o laboratório tem 545 casos de controle a partir de habitantes da cidade. A expectativa dos pesquisadores, conforme a professora Laura, é que no futuro esse tipo de pesquisa permita distinguir os indivíduos que tenham predisposição ao desenvolvimento de cânceres. A partir dessa distinção, será possível orientá-los a adotar medidas preventivas, como mudar hábitos alimentares, realizar exames de rotina e, eventualmente, submeter-se a tratamento profilático. Ao todo, a equipe do Gemoca soma 17 profissionais.

O câncer – De acordo com o Instituto Nacional do Câncer (Inca), câncer é o nome dado a um conjunto de mais de 100 doenças que têm em comum o crescimento desordenado (maligno) de células que invadem os tecidos e órgãos, podendo espalhar-se (metástase) para outras regiões do corpo. Dividindo-se rapidamente, estas células tendem a ser muito agressivas e incontroláveis, determinando a formação de tumores (acúmulo de células cancerosas) ou neoplasias malignas. Por outro lado, um tumor benigno significa simplesmente uma massa localizada de células que se multiplicam vagarosamente e se assemelham ao seu tecido original, raramente constituindo um risco de vida.

Os diferentes tipos de câncer correspondem aos vários tipos de células do corpo. Por exemplo, existem diversos tipos de câncer de pele porque a pele é formada de mais de um tipo de célula. Se o câncer tem início em tecidos epiteliais como pele ou mucosas ele é denominado carcinoma. Se começa em tecidos conjuntivos como osso, músculo ou cartilagem é chamado de sarco-ma. Outras características que diferenciam os diversos tipos de câncer entre si são a velocidade de multiplicação das células e a capacidade de invadir tecidos e órgãos vizinhos ou distantes.

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