| Edições Anteriores | Sala de Imprensa | Versão em PDF | Portal Unicamp | Assine o JU | Edição 370 - 3 a 9 de setembro de 2007
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Pesquisa detecta a presença de
metais tóxicos em águas de chuva

RAQUEL DO CARMO SANTOS

As águas de chuva que lavam as superfícies do solo carregam inúmeros poluentes que podem contaminar rios ou lagoas, dependendo do local onde ocorre o escoamento. Uma pesquisa realizada na Faculdade de Engenharia Civil, Arquitetura e Urbanismo em parceria com Grupo de Química Ambiental da Universidade Federal do Paraná (UFPR), constatou quantidades consideráveis de metais potencialmente tóxicos, como zinco, cobre, chumbo e cádmio, nas águas de escoamento urbano. As análises foram feitas pela engenheira Patricia Barcelos Pusch, sob orientação dos professores José Roberto Guimarães, da Unicamp, e Marco Tadeu Grassi, da UFPR.

“Destaco no trabalho a importância de uma maior atenção por parte da população e das autoridades com relação a este tipo de poluição, denominada fonte difusa, que demanda análises complexas e de difícil detecção”, defende Patrícia, que também simulou algumas medidas práticas para minimizar a problemática.

No estudo, a pesquisadora tomou como base material coletado a partir da lavagem com água de chuva de superfícies de paredes e telhas, e também de óleos lubrificantes de automóveis e resíduos dos desgastes de pneus e freios que ficam depositados no asfalto.

Esses materiais, segundo Patricia, são considerados como fonte substancial de contaminantes para as águas de escoamento urbano. No entanto, poucos estudos são realizados para entender a extensão do problema. “Pesquisas realizadas no Grupo de Química Ambiental da UFPR já apontavam a existência de concentrações de metais nas águas de escoamento urbano, mas não se sabia quais materiais e as quantidades individuais de cada um deles”, esclarece.

Uma das concentrações relevantes foi a de cádmio. Foi encontrado o equivalente a 0,26 kg ao ano, sendo que 39% desta carga era proveniente dos materiais construtivos. “Em termos de contaminação, posso adiantar que se trata de um dos metais, dentre os estudados, que pode causar maiores efeitos de toxicidade”, explica Patricia.

Pelos resultados, o cobre constitui 13,9 kg por ano, sendo que 48% desta carga vem dos freios de automóveis, principalmente do desgaste das pastilhas de freio. A maior fonte de chumbo foram os materiais de construção e a deposição atmosférica úmida. No caso do zinco, a carga foi bastante significativa – igual a 682 kg por ano, sendo que 62% deste valor tem origem na deposição atmosférica úmida.

No estudo, Patricia simulou algumas medidas práticas que poderiam diminuir o nível de concentrações dos metais observados nos resultados. Um exemplo seria a redução dos teores de cobre nas pastilhas de freio. Outra proposta seria a redução do chumbo na produção das tintas. Aumentar as áreas verdes seria ainda uma alternativa viável. Se aplicadas, estas medidas reduziram em 10% os níveis de cádmio, 33% de cobre e 23% de chumbo e zinco nas águas de escoamento urbano.

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