A contribuição do gás natural para a economia de energia no Brasil ainda é pequena em razão da falta de políticas públicas. A crítica é do engenheiro Hércules Souza Medeiros, que apresentou dissertação de mestrado na Faculdade de Engenharia Mecânica (FEM), orientado pelo professor José Antonio Scaramucci. Pelos cálculos de Medeiros, atualmente, a alternativa representa 9% da matriz energética, sendo que a projeção para 2030 é alcançar 16%. “Por ser um combustível considerado nobre, o gás natural poderia ter uma aplicação mais abrangente. A ausência de políticas concretas põe em risco o seu desenvolvimento de longo prazo”, pondera.
A alternativa do gás natural, segundo o engenheiro, tem despertado grande interesse para o setor de energia. Sua inserção, no entanto, não está ocorrendo de maneira eficaz. “O aproveitamento poderia ser muito maior”, acredita. Exemplos de aplicação eficiente seriam com a chamada geração distribuída, ou seja, geração elétrica realizada próxima aos locais de consumo, independente da potência ou da fonte de energia. Neste caso, uma opção seria a produção de ar frio nos shoppings.
Para Medeiros, utilizar o gás natural apenas nos motores de combustão interna não é eficiente do ponto de vista energético. “Comparado, por exemplo, ao diesel, ele é economicamente mais viável. Mas, se levarmos em consideração a eficiência e aplicações como, por exemplo, a co-geração, o gás natural é de longe superior. Até 70% do seu potencial energético pode ser aproveitado”, destaca.
O engenheiro explica que seu objetivo inicial foi testar uma metodologia de cálculo para quantificação de emissão de CO2 na atmosfera. Ele explica que a motivação foi implementar as análises realizadas em países como Índia e Turquia. Entretanto, ao longo do trabalho percebeu que uma questão importante era identificar quais fatores energéticos e econômicos são relevantes na emissão de CO2 e investigar as implicações do gás natural neste processo.