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PRÓ-ÁGUA

 

Medidas reduzem em
21,5% o consumo de água

Muitas pessoas ficaram sem entender a substituição das torneiras de lavatórios e mictórios de banheiros em alguns prédios da universidade e até mesmo de quem e por que teria surgido a idéia de trocá-las. Alguns usuários criticaram o tempo restrito de uso, outros, perspicazes, perceberam que se tratava de uma medida de economia. O fato é que essas mudanças, associadas à manutenção de todos os pontos de utilização de água, são responsáveis por uma economia de 21,5% no consumo mensal da Unicamp. O consumo médio mensal do campus como um todo, no ano de 1998, estava na faixa de 98 mil a 100 mil metros cúbicos. Em 2001, este número encontra-se em torno de 80 mil metros cúbicos. Essa racionalização do consumo de água deve-se ao trabalho de um grupo de alunos e professores da Faculdade de Engenharia Civil da Unicamp, coordenados pela professora Marina S. de Oliveira Ilha, que criaram o Programa de Conservação da Água, o Pro-água, desenvolvido em parceria com o Escritório Tecnico de Obras (Estec) e com a Prefeitura do campus. A execução do programa foi iniciada a partir da aprovação de um projeto de infra-estrutura de pesquisa pela Fapesp. O trabalho aborda a conservação de água na Unicamp.

O Pro-água, iniciado em maio de 1999, contemplou em sua primeira fase o cadastramento, a detecção e o conserto de vazamentos em todos os pontos de consumo do campus. Posteriormente, nos ambientes sanitários destinados a atividades higiênicas, mas especificamente, nos banheiros, foram instaladas as torneiras e as válvulas de acionamento hidromecânico. Além disso, alguns mictórios coletivos ainda mantidos pela universidade foram substituídos por mictórios individuais, também com válvulas economizadoras. Entre 1.216 usuários entrevistados sobre as torneiras economizadoras instaladas nos lavatórios, 61% consideram que o tempo de acionamento é adequado e 77% consideram a vazão adequada. Além disso, cerca de 88% consideram que a torneira instalada é melhor ou igual às convencionais. Dos 517 homens entrevistados, 85% consideram as válvulas de mictório melhores do que as convencionais.

Segundo Marina, muitos vazamentos, às vezes imperceptíveis, como aqueles que ocorrem em bacias sanitárias, podem representar grandes perdas de água. Uma torneira pingando, ao longo um grande período de tempo, também pode ser responsável por grandes perdas. Na Faculdade de Engenharia Civil (FEC), o consumo foi reduzido em mais de 70% após a substituição da torneira de bóia. Foram investigados, até o presente momento, 11.483 pontos de consumo do campus, sendo que os aparelhos que mais apresentaram vazamentos foram as bacias sanitárias (cerca de 26% das bacias sanitárias com válvula e 29,3% das com caixa de descarga apresentavam problemas). Outro aparelho sanitário responsável por grande desperdício de água, segundo o relatório da equipe, é o mictório, pois é usual mantê-lo permanentemente aberto, com uma pequena vazão. A justificativa dada pelos responsáveis pela operação dos edifícios é de que a vazão permanente é necessária porque alguns usuários não acionam as descargas, de acordo com Marina. Para que houvesse vazão ao longo das 24 horas do dia, inclusive, alguns técnicos retiravam a canopla do registro, impossibilitando o seu fechamento. Por esse motivo, o impacto da substituição das válvulas de mictório por componentes economizadores foi significativo.

Entre as medidas ainda em andamento do programa está a implementação de micromedição do consumo de água dos edifícios, com leitura remota, sendo que já estão instalados no campus mais de cem hidrômetros eletrônicos, os quais estão interligados a uma central de medição por meio de cabos telefônicos. Também está sendo elaborado um diagnóstico dos pontos de consumo de água classificados como de “uso específico”, tais como aqueles instalados nos laboratórios, para a indicação de quais tecnologias economizadoras deveriam ser instaladas. Por último, está sendo discutido, junto com o Estec, a implementação de um sistema de gestão dos sistemas prediais, tendo em vista que, conforme reforça Marina, “a redução do consumo obtida somente será mantida se os usuários estiverem sensibilizados para a conservação da água e se existir uma rotina adequada de manutenção preventiva e corretiva”.

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