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GRADUAÇÃO

 

Unicamp tem 3 ‘campeões’ no Provão

João Maurício da Rosa

Rodrigo Borges Fonseca, de 22 anos, recebeu a notícia em Goiânia, onde mora sua família. Formando da Faculdade de Odontologia da Unicamp de Piracicaba (FOP), ele obteve o primeiro lugar no Exame Nacional de Cursos realizado pelo Ministério da Educação, dentre todos os formandos do curso de Odontologia.

Sergio William Botero, 24 anos, o melhor graduado dentre as faculdades de engenharia elétrica do Brasil, recebeu a notícia em plena atividade profissional, em Campinas, onde trabalha na multinacional canadense Nortel Networks, empresa que produz equipamentos de telecomunicações para todos os setores. O terceiro campeão da Unicamp é Rodrigo Pereira, do Instituto de Física.

Todos os três ganharam como prêmio uma bolsa de mestrado da Capes (Coordenadoria de Apoio à Pesquisa no Ensino Superior) para poder continuar seus estudos. Rodrigo Borges, que morava em uma república em Piracicaba, vai aproveitar a bolsa para fazer mestrado em Reabilitação Oral na Universidade Federal de Uberlândia, já que a FOP não oferece este curso. Sergio, que desenvolve softwares na Nortel, vai continuar nos estudos até o doutorado.

O pró-reitor de Graduação da Unicamp, Angelo Cortelazzo, considera este resultado do Provão como uma injeção de auto-estima nos alunos da Unicamp. “Isso faz com que o aluno se sinta mais seguro quando de sua inserção social. É comum nos depararmos com ex-alunos participando do poder decisório em nível governamental ou empresarial e, nesses momentos, vemos o que representa a universidade pública e o quão importante ela é para a formação desses quadros bem qualificados para o país”, comenta Cortelazzo.

 

ACIMA DA MÉDIA

 

A Unicamp e os alunos estão comemo-rando a tríplice conquista na avaliação do MEC, mas os números do desempenho da universidade são bem mais amplos. A Unicamp tem obtido um índice de pelo menos 85% de seus graduandos com notas acima da média nacional, em todos os cursos avaliados.

“Sem retirar o mérito de nossos alunos que obtiveram o melhor desempenho na prova, considero isso mais importante, porque demonstra que a Instituição tem a es-magadora maioria de seus formandos com ótimos desempenhos nessa avaliação”, ressalta o professor Angelo. Ele lembra que no ano 2000, os 12 cursos avaliados obtiveram conceito A e que no ano passado, dos 13 cursos avaliados, os mesmos 12 mantiveram a nota A. A exceção foi o curso de Pe-dagogia, testado pela primeira vez e que obteve conceito E. “O desempenho desse curso foi fraco porque 40% dos alunos que compareceram ao exame, entregaram suas provas em branco. Isso compromete a análise”, justifica o professor. As regras estabelecidas pelo Ministério exigem que o graduando compareça à prova para que tenha seu diploma registrado, inde-pendentemente da nota obtida.

“Desta forma, basta entregar a prova em branco. Mas, fazendo isso, o aluno da Unicamp acaba beneficiando as universidades ruins, falseando o resultado”, adverte o pró-reitor.
Angelo lembra que os cursos que repetem resultados E por três anos consecutivos podem perder o seu registro no MEC, de forma que o boicote acaba ajudando a escolas que teriam esse conceito, mas que, devido à distorção provocada pelas provas não preenchidas, acabam obtendo uma melhora irreal.

“É bem verdade que essas escolas nor-malmente não devem ter bons conceitos também nos demais itens que compõem a avaliação do MEC, ou seja, corpo docente, instalações e organização didático-pe-dagógica. Também é preocupante que haja tanta demora no diagnóstico de uma formação deficiente”, analisa.

Estas distorções, na avaliação de Angelo, acabam reforçando a idéia de alguns setores que defendem a colocação da nota obtida no diploma do estudante, com o que ele não concorda. “Isso seria muito danoso, pois tornaria o diploma, de instrumento de avaliação, a uma condição meramente punitiva e não reflexiva, como deve ser encarado e trabalhado pelas Instituições”.

O pró-reitor considera os bons resultados obtidos no provão como uma resposta certeira para os ataques de setores da sociedade para quem a Unicamp rende muito pouco para o tanto de dinheiro que recebe. “Mais do que ter um primeiro colocado, estamos mostrando que toda a universidade tem bom de-sempenho, retribuindo com competência aos investimentos feitos pela sociedade”, ressalta.

Angelo interpreta os bons resultados como conseqüência natural para uma instituição que detém em seu quadro docente mais de 90% de doutores, a maioria dos quais com dedicação exclusiva ao ensino, à pesquisa e à extensão. “A grande quantidade de pesquisas aqui desenvolvidas, aliada ao (e conseqüência do) grande número de matriculados em cursos de pós-graduação, acaba atraindo excelentes alunos para os cursos de graduação, que podem trabalhar num patamar de exigências invejável e que não deixa nada a dever às boas escolas superiores de países do primeiro mundo”, compara.


 


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