O reitor da Unicamp, Antonio José de Almeida Meirelles, participou da sessão solene de homenagem pelos 50 anos da Academia de Ciências do Estado de São Paulo (Aciesp), realizada pela Assembleia Legislativa de São Paulo (Alesp) nesta segunda-feira (2). Fundada em 1974 na cidade de São Carlos, a entidade recebeu a mais importante honraria da Câmara de Deputados, o Colar de Mérito Legislativo.
Autor da proposta de homenagem à entidade, o deputado estadual Carlos Giannazi presidiu a mesa da sessão solene, sendo acompanhado por Meirelles, pela professora Vanderlan Bolzani, representante da Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC), e pelos professores Josué de Moraes e Norberto Lopes, integrantes do quadro diretivo da Aciesp.
Na ocasião, o reitor da Unicamp lembrou a importância da entidade para o fortalecimento do sistema público de ensino superior no Estado, juntamente com outras instituições, como a Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (Fapesp). Meirelles ressaltou o bom desempenho das universidades públicas paulistas na edição mais recente do ranking universitário Times Higher Education – um dos mais prestigiados do mundo – como resultado do investimento contínuo em ciência.
“A USP [Universidade de São Paulo], a Unicamp e a Unesp [Universidade Estadual Paulista] ficaram entre as cinco melhores universidades da América Latina e do Caribe. Isso é resultado de uma política estável de financiamento e de instituições que foram capazes de valorizar o mérito e que, agora, estão conseguindo mostrar ser possível compatibilizar inclusão e mérito. Nós, a Unicamp e a Unesp, subimos no ranking e estamos há mais de uma década fazendo um processo de inclusão intensa nas nossas universidades, para receber estudantes negros, pardos e indígenas, além de alunos de escolas públicas de baixa renda”, destacou.
Meirelles apontou o papel fundamental da pesquisa científica produzida no Estado de São Paulo, a partir do investimento de entidades públicas de fomento, para o desenvolvimento econômico do país. Sobretudo, frisou, contribuindo para o avanço tecnológico que impulsionou o setor sucroalcooleiro e fez do país uma potência agrícola. Investir em inovação, defendeu o professor, pode agora fazer do Brasil um protagonista na transição energética. “O investimento privado em tecnologia, em São Paulo, já é da ordem de grandeza do investimento público, segundo dados da Fapesp”, argumentou.
O cenário atual, na visão do reitor, favorece o país e, principalmente, o Estado. Afinal, mais de 80% da energia elétrica do Brasil vem de fontes renováveis. O país tem, ainda, o sexto maior parque de energia eólica no mundo. E, para completar, está em segundo lugar em bioenergia. “Nosso calcanhar de aquiles é que parte dos equipamentos é produzida fora do Brasil.” Além de promover avanços financeiros, o emprego de ciência e tecnologia pode resolver desafios de justiça social e inclusão, afirmou o reitor. “A pandemia mostrou isso. Nós podemos transformar as demandas do setor público de saúde em uma força para reindustrializar o país, em termos de equipamentos e medicamentos. Isso não será feito sem ciência e tecnologia.”
Para ilustrar que o investimento no setor compensa, Meirelles citou o exemplo de uma empresa do tipo unicórnio, criada na Unicamp, que já possui capital aberto. “Em 2022, essa empresa realizou um IPO [sigla em inglês para oferta pública inicial] na bolsa de Nova York [Estados Unidos] e foi capaz de coletar algo próximo de US$ 200 milhões. O último relatório da nossa agência de inovação cita algo na faixa de R$ 27 bilhões arrecadados no último ano”, contabiliza. “Nós somos hoje o 13º país em produção científica no mundo, mas ainda estamos atrás do 40º em termos de inovação. O momento, porém, é particularmente favorável para reverter essa situação.”
Assista à cerimônia realizada na Alesp: