
A décima edição do seminário Inovações Curriculares, aberto nesta terça-feira (4), irá debater, durante os três dias de evento na Unicamp, o tema “Inteligência Artificial – Competências e tecnologias digitais no ensino superior”, com palestras, apresentação de pôsteres e oficinas. O objetivo é refletir sobre como as novas tecnologias podem colaborar para uma educação mais criativa e inovadora, mas, ao mesmo tempo, promover a ética e a equidade.
A programação completa pode ser conferida aqui https://inovacoes.ea2.unicamp.br/
Na abertura do evento, a pró-reitora de Graduação, Mônica Cotta, lembrou a lendária palestra do educador britânico Sir Ken Robinson (1950-2020) no TED Talk de 2006, em que ele afirmou que “estamos educando as pessoas para serem menos criativas”.

“Tantos anos depois”, declarou Cotta, “temos que nos perguntar se estamos dando aulas do mesmo jeito, já que, hoje, temos todo um arsenal tecnológico ao nosso dispor. Educação é uma construção, e estamos tentando lidar com toda a complexidade do uso da tecnologia nas salas de aula.” Para Cotta, o debate é essencial para provocar reflexões. “Precisamos apontar caminhos e nos atualizar para que possamos entender essa transição geracional, chegar a uma educação menos desigual e identificar as armadilhas que se colocam no nosso caminho”, completou.
O coordenador do Espaço de Apoio ao Ensino e Aprendizado (EA2), Sílvio Roberto Consonni, organizador do evento, destacou a importância de os educadores se incomodarem para que possa haver reflexão sobre o uso das tecnologias digitais e da inteligência artificial (IA) nas novas práticas de ensino. Mas Consonni, professor do Instituto de Biologia (IB) da Unicamp, ressalta que a tecnologia, por si só, não é suficiente. “Precisamos entender como usá-las para fortalecer nossas competências.”


Matheus Souza, coordenador do Grupo Gestor de Tecnologias Educacionais (GGTE), reforça a importância da discussão da tecnologia na educação, mas traz um questionamento: “A IA veio provocar mudanças, mas o que devemos refletir é se vamos aproveitar a tecnologia para transformar e inovar a educação ou se seremos transformados por ela.”
Recorde de participações
O Inovações Curriculares, evento bienal, que nasceu em 2007 com o objetivo de fortalecer o diálogo entre unidade de ensino, pesquisa e extensão, chega a 2025 com recorde de participantes. “Temos 1502 inscritos, 480 deles presenciais, com 250 trabalhos aceitos. Para efeito de comparação, na sexta edição, em 2017, tivemos 703 inscritos e 260 participantes presenciais”, relata Consonni.
O tema desta edição nasceu de uma mesa de debates do evento anterior. “Vimos uma grande oportunidade de discutir como as práticas de IA impactam nosso dia a dia, seja nas salas de aula ou nas nossas instituições”, afirma o organizador. “Contamos com palestrantes da Universidade de Lisboa, da Universidade do Porto e da Universidade do Minho, em Portugal, além do Erasmus University Medical Center, da Holanda. Todas essas instituições estão discutindo competências digitais no desenvolvimento docente”, completa.
Na abertura do evento, o grupo de alunos-artistas Skabides, formado por graduandos do curso de Música da Unicamp, apresentou duas composições inéditas. As palestras inaugurais foram “Inteligência Artificial e Educação Superior: Caminhos para uma Formação Docente Inovadora”, com Sara Dias Trindade, da Universidade do Porto, e “Inovações Tecnológicas e Metodológicas para Educação Virtual e Híbrida”, que contou com a participação de Cassio Cabral Santos, da Universidade de Lisboa.
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