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O desafio de fortalecer capacidades para a ação climática

Painéis abordam eventos extremos e as dificuldades para gestores, especialmente para os diretamente envolvidos com as áreas de conservação

Em 2023 e em 2024, o Amazonas viveu a pior seca da história, causando, entre outros efeitos, a morte de animais da floresta. A enchente histórica que atingiu o Rio Grande do Sul em 2024 e provocou danos em quase todos os seus municípios também afetou o Parque Estadual Delta do Jacuí, uma das principais áreas de conservação do estado. Relacionados às mudanças climáticas, estes eventos extremos impõem inúmeros desafios para gestores, especialmente para os diretamente envolvidos com as áreas de conservação. Buscando preencher esta lacuna, em 2021, a União Internacional para a Conservação da Natureza (IUCN) criou a IUCN Academy, uma plataforma de cursos de formação para pessoas envolvidas ou interessadas nos temas de conservação. “Nosso objetivo foi combinar ciência e prática para reforçar as competências necessárias para enfrentar os desafios ambientais”, explicou o coordenador da área de políticas globais para mudança climáticas da IUCN, Sandeep Sangupta.

Sangupta participou do painel “IUCN Academy: fortalecendo capacidades para a conversação e a ação climática”, que aconteceu na segunda-feira (dia 17), no Pavilhão das Universidades, na Blue Zone da COP30. Também participaram o coordenador do Centro de Pesquisas Meteorológicas e Climáticas Aplicadas à Agricultura (Cepagri) da Unicamp, David Lapola; Cristiane Pankaratu, pesquisadora do Museu Nacional, e Mauro Oliveira Pires, presidente do Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio). A moderação foi feita pela doutoranda do Núcleo de Estudos e Pesquisas Ambientais (Nepam) da Unicamp Martha Fellows.

Uma das mais antigas organizações ambientais do mundo, a IUCN atua em projetos de monitoramento e proteção da biodiversidade. Produz uma série de relatórios, sendo o mais conhecido deles a Lista Vermelha de Espécies Ameaçadas.

Participantes do painel sobre a IUCN, uma das mais antigas organizações ambientais do mundo
Participantes do painel sobre a IUCN, uma das mais antigas organizações ambientais do mundo

Os cursos da IUCN Academy são disponibilizados em formato on-line e têm como público-alvo não apenas especialistas, mas todos os interessados. Em sua maioria, os cursos são pagos. O conteúdo é elaborado por pesquisadores de seis universidades de todos os continentes, e a Unicamp é a única representante latino-americana neste consórcio. Este ano, durante o Congresso Mundial de Conservação da IUCN, que aconteceu em Abu Dabi, nos Emirados Árabes Unidos, foi lançado o primeiro curso gratuito na plataforma. “O tema do curso é introdução à conservação e mudança climática. Desde o lançamento, em outubro, já tivemos cerca de 300 inscritos”, contou o coordenador do Cepagri da Unicamp, David Lapola, que colabora na elaboração e na revisão dos conteúdos.

Membro da Articulação dos Povos e Organizações Indígenas do Nordeste, Minas Gerais e Espírito Santo (Apoinme), Cristiane Pankaratu destacou a necessidade de incluir as comunidades indígenas e tradicionais na elaboração deste tipo de conteúdo. Pankaratu contou que, por meio de uma parceria com a Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC), a Apoinme está elaborando um banco de dados sobre biodiversidade. “Temos que combinar conhecimentos para gerar uma ação mais afetiva. É preciso conservar as espécies nativas, mas também nossa cultura e nosso modo de nos relacionar com a natureza”, complementou.

Esse é um dos desafios do ICMBIO. “Ampliar o diálogo com as comunidades presentes e próximas das unidades de conservação e ainda gerar uma aproximação com o público externo depende de informação técnica, mas também de uma capacidade de diálogo com diferentes púbicos”, afirmou Pires. “Iniciativas como essa da IUCN são bem-vindas porque desejamos nos aprofundar nisso”, disse.

Um dos desafios para ampliar o acesso ao material é a língua, o inglês. “Além de divulgar a plataforma, um dos objetivos deste painel é elaborar um sumário do encontro com os principais tópicos discutidos, destacando a necessidade de ampliar o número de línguas no qual o curso é disponibilizado”, afirmou Lapola.  Segundo ele, o documento será enviado para a coordenação geral da IUCN.

Painel trata da aproximação das universidade com a sociedade foi mediado pelo coordenador de sustentabilidade da Unesp, Newton La Scala
Painel trata da aproximação das universidade com a sociedade foi mediado pelo coordenador de sustentabilidade da Unesp, Newton La Scala
Unicamp como um laboratório vivo

A aproximação das universidades com a sociedade também foi tema de um encontro que reuniu o coordenador da delegação da Unicamp na COP30, Roberto Donato, as gestoras da área ambiental da Universidade Federal do Pará (UFPA), Jussara Moretti Lemos e Aline Maria Meiguins de Lima, e Wagner Costa Ribeiro, prefeito do campus da capital da Universidade de São Paulo (USP). O painel foi mediado pelo coordenador de sustentabilidade da Universidade Estadual Paulista (Unesp), Newton La Scala.

Sediado no Museu Emílio Goeldi, o objetivo do painel foi discutir o papel das universidades no contexto pós-COP30. Os participantes destacaram que, no contexto na crise climática, é premente a necessidade de ampliar a comunicação e o diálogo com a sociedade para mostrar tanto as pesquisas, quanto as soluções que buscam ter mais campi mais sustentáveis. “Na Unicamp, estamos investindo na construção do campus como um laboratório vivo para criar um novo modelo sustentável de desenvolvimento que gere mais valor para a sociedade”, afirmou Donato.

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A IUCN atua em projetos de monitoramento e proteção da biodiversidade e produz uma série de relatórios
A IUCN atua em projetos de monitoramento e proteção da biodiversidade e produz uma série de relatórios
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