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Mena deixa legado no ensino, na pesquisa, na extensão e na assistência na área da saúde

Professora, enfermeira, sanitarista e também poeta, ela teve importante contribuição à criação e ao fortalecimento do Sistema Único de Saúde

A inestimável dedicação à saúde pública do país e sua importante contribuição à criação e ao fortalecimento do Sistema Único de Saúde (SUS) estão entre os principais legados deixados pela professora Maria Filomena Gouveia Vilela, da Faculdade de Enfermagem (Fenf) da Unicamp. Instituições da área da saúde nas quais ela atuou, entre elas a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), publicaram notas de falecimento em homenagem à professora, enfermeira e sanitarista, que era também poeta. Mena faleceu no último sábado (27/01).

“Ela era uma mulher muito especial. Eu a conheci no movimento estudantil, quando eu estava na graduação de Enfermagem, em Ribeirão Preto [pela Universidade de São Paulo – USP]”, lembra a professora Josely Rímoli, da Faculdade de Ciências Aplicadas (FCA) da Unicamp. “Ela se formou e foi para São Paulo. Anos depois, em 1990, ela participou da equipe do secretário David Capistrano, na gestão da prefeita Telma de Souza, em Santos (SP)”. Segundo a professora, aquele foi  “um momento muito importante, em que eles criaram novas políticas públicas, políticas essas responsáveis por demonstrar que um SUS humanista e acolhedor é possível”.

Amiga de Mena havia muitos anos, Rímoli acompanhou a trajetória profissional da enfermeira. “Mena trabalhava na Vigilância. Anos depois, ela se mudou pra Campinas. E ingressou no governo do prefeito Antônio da Costa Santos [Toninho]. Ela teve muitos méritos. Pensava em políticas públicas nos níveis municipal, estadual e federal”, afirmou a professora.

Mena graduou-se em Enfermagem em 1982, pela USP. Fez mestrado e doutorado na Unicamp, em Saúde Coletiva, onde se aposentou, em 2023, como professora. Atuou na construção e no fortalecimento do SUS e foi diretora da Coordenadoria de Vigilância em Saúde de Campinas, além de ter ocupado outros postos ao longo de sua carreira. Participou da Associação Brasileira de Pós-Graduação em Saúde Coletiva (Abrasco) e do Conselho dos Secretários Municipais de Saúde de São Paulo (Cosems-SP).

Entidades como a Anvisa, o Conselho Municipal de Saúde de Campinas, a Abrasco, a Reitoria da Unicamp e a Associação de Docentes da Unicamp (Adunicamp) publicaram notas em homenagem a Mena, destacando suas qualidades e contribuições à sociedade, como profissional e como cidadã preocupada com o ser humano. Isabelli Martins, orientanda dela, também publicou uma homenagem.

“Mena é da geração que viveu o final da ditadura. Éramos muito unidos na área de Saúde Coletiva, pessoas de diferentes cidades. Pudemos vivenciar a implantação e consolidação do SUS. A área em que a Mena sempre trabalhou foi a área responsável por implantar todo o sistema nacional de vigilância à saúde, que, apesar de todas as dificuldades de financiamento, conseguiu salvar vidas quando veio a pandemia da Covid-19”, lembra com emoção Rímoli.

Casada com o professor Rubens Bedrikow, também da área da Saúde Coletiva da Unicamp, Mena deixa um filho e um neto. “Ela era firme, com solidez, em defesa da ética e do SUS, ao mesmo tempo tinha muita sensibilidade. Em novembro de 2023 ela lançou um livro de poemas lindo (“Outras Essências e Aquarelas”), e estava acabando de escrever outro livro. Ao mesmo tempo que era inteligente e tinha capacidade crítica, era muito dedicada ao trabalho e tinha grande sensibilidade no campo da poesia e na área social, uma pessoa com grande empatia”, fala Rímoli emocionada.

Para a diretora da FEnf,  Roberta Cunha Matheus Rodrigues, todas as homenagens dedicadas a Mena fazem jus ao seu legado. “Ela merece o reconhecimento e todo o carinho. Tudo que estão divulgando são de fato suas características”, afirma Rodrigues. Além do reconhecimento profissional, Mena era conhecida por sua serenidade e delicadeza. “Pessoa sensível, da escuta, do acolhimento, mas com engajamento.”

“Estamos consternados com a partida da Mena. Ela atuava na área de saúde pública e enfermagem, tanto na graduação quanto na pós. Deixou um legado no ensino, na pesquisa, na extensão e na assistência na área da saúde, especialmente no fortalecimento do SUS. Tinha conhecimento profundo e era muito atuante também na temática da vigilância sanitária”, reforça Rodrigues.

De acordo com a diretora, Mena era querida pelos discentes, docentes e funcionários. “É difícil ter pessoas com todas essas características. Ela vai ser eternamente reconhecida, pelo seu conhecimento e atuação em saúde coletiva, pelo engajamento na defesa da saúde pública brasileira e pelo SUS, e por suas ações e cuidados humanizados. Isso fez dela uma fortaleza”, diz Rodrigues. Aposentada desde abril de 2023, Mena participou de cerimônias na FEnf no ano passado, entre elas uma formatura. Em 2019, foi homenageada pelos alunos.

O sepultamento da professora Maria Filomena Gouveia Vilela ocorreu no domingo (28/01), no cemitério dos Amarais, em Campinas.

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