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Unicamp recebe estudantes para a primeira visita técnica da disciplina sobre ciência translacional

Parceria com a Universidade de Oxford tem o objetivo de capacitar alunos das três estaduais paulistas no desenvolvimento de fármacos

Na primeira visita técnica, os estudantes estiveram no Centro de Química Medicinal e na Unidade Multidisciplinar de Experimentação Animal, ambos na Unicamp
Na primeira visita técnica, os estudantes estiveram no Centro de Química Medicinal e na Unidade Multidisciplinar de Experimentação Animal, ambos na Unicamp

Uma parceria inédita envolvendo a Unicamp, a Universidade Estadual Paulista (Unesp), a Universidade de São Paulo (USP) e a Universidade de Oxford (Reino Unido) resultou na criação de um curso de capacitação conjunta. A disciplina de graduação Ciência Translacional, que aborda o desenvolvimento de fármacos, está sendo oferecida em modo híbrido e inclui visitas a instalações de pesquisa das três universidades paulistas. Na primeira visita técnica, ocorrida na sexta-feira (12), os estudantes estiveram no Centro de Química Medicinal (CQMED) e na Unidade Multidisciplinar de Experimentação Animal (Umea), ambos na Unicamp. As próximas visitas ocorrerão na Unesp de Botucatu e na USP. A disciplina é optativa e está sendo ministrada para os 30 alunos de graduação matriculados – dez de cada uma das três universidades brasileiras envolvidas.

Ao longo deste semestre letivo, caberá a docentes das quatro universidades discorrer sobre a relação entre a pesquisa básica sobre novos fármacos e suas aplicações práticas. “Estamos abordando desde os estudos na bancada dos laboratórios até a disponibilidade dos medicamentos para a sociedade”, explicou Mário Bengtson, do Instituto de Biologia (IB) da Unicamp e um dos professores da disciplina. Na visita à Unicamp, os alunos puderam ver pessoalmente e compreender as etapas dessa trajetória.

A visita começou no CQMED, um laboratório vinculado ao Centro de Biologia Molecular e Engenharia Genética (CBMEG). Na chegada, os estudantes foram recepcionados pelos pesquisadores Katlin Massirer, coordenadora do centro, Bengtson, pesquisador principal do CQMED, Rosley Anholon, representante da Pró-Reitoria de Graduação da Unicamp, Laura Nascimento, membro da Faculdade de Ciências Farmacêuticas (FCF) responsável pela disciplina na Unicamp, Daniel Kawano, também da FCF, José Paes de Oliveira, da Faculdade de Medicina Veterinária e Zootecnia e do Centro de Estudos de Venenos e Animais Peçonhentos (Cevap) da Unesp de Botucatu, e Merari Ferrari, do Instituto de Biociências da USP e coordenadora do curso Ciências Moleculares.

A coordenadora do CQMED, Katlin Massirer: estudantes puderam conhecer as etapas de produção de proteínas, ensaios bioquímicos e celulares e  estrutura tridimensional de proteínas
A coordenadora do CQMED, Katlin Massirer: estudantes puderam conhecer as etapas de produção de proteínas, ensaios bioquímicos e celulares e estrutura tridimensional de proteínas

O grupo de organizadores ressaltou o entusiasmo com a proposta inovadora da disciplina e a importância do momento de interação presencial entre os alunos, professores e pesquisadores.

O CQMED é um laboratório que faz pesquisas baseadas em alvos terapêuticos. “Aqui os estudantes puderam ver como fazemos para encontrar e aperfeiçoar as novas moléculas, passando pelas etapas de produção de proteínas, ensaios bioquímicos e celulares, estrutura tridimensional de proteínas”, explica Massirer. “Outro aspecto positivo da visita foi a oportunidade oferecida aos alunos de graduação de visualizarem como farmacêuticos, bioquímicos, biólogos, biomédicos e químicos interagem de forma complementar para encontrar as melhores moléculas”, acrescentou.

Em seguida, os estudantes foram conhecer uma unidade da Unicamp hoje apta a realizar a etapa pré-clínica de desenvolvimento de fármacos, ou seja, a utilização de modelos animais não humanos para testar essas substâncias. Essa etapa também é chamada de pesquisa in vivo (em contraponto a ex vivo e in vitro).

Na Umea, vinculada à Faculdade de Ciências Médicas (FCM) da Unicamp, o grupo foi recepcionado por Gabriel Anhê, membro da faculdade que apresentou detalhadamente todas as diretrizes e regulamentações acerca do uso do modelo animal para pesquisa. “Os experimentos em animais somente podem ser realizados após o pesquisador comprovar a relevância do estudo para o avanço do conhecimento”, explica Anhê. Em seguida, o grupo visitou as instalações de pesquisas da Umea.

O grupo de organizadores ressaltou o entusiasmo com a proposta inovadora da disciplina
O grupo de organizadores ressaltou o entusiasmo com a proposta inovadora da disciplina

Desenvolvimento de fármacos

Uma das razões por trás da criação da disciplina Ciência Translacional foi preparar uma nova geração de profissionais para colaborarem com a indústria nacional no desenvolvimento de fármacos e biofármacos.

Ferrari enxerga haver uma carência de profissionais capazes de criar a ponte entre a academia e o setor produtivo no desenvolvimento de fármacos nacionais. “As empresas precisam de profissionais com visão empreendedora. Somos grandes produtores de conhecimento, mas nos falta esse treinamento de empreendedor quando se trata de levá-lo para a sociedade, para a empresa”, comenta Ferrari.

Nesse sentido, conhecer estruturas de pesquisa modernas e pautadas na interdisciplinaridade como o laboratório do CQMED e a futura Fábrica de Biofármacos do Cevap converge para criar essas pontes entre pequisa e o uso prático do conhecimento. “Esperamos que no futuro os alunos possam se capacitar e se especializar na fábrica de biofármacos e pensamos nessa disciplina como um embrião para isso”, explica Oliveira, que também é vice-coordenador do Cevap da Unesp de Botucatu.

Participantes da primeira visita técnica da disciplina Ciência Translacional que recebeu 159 inscrições de alunos da USP, 57, da Unesp e 25, da Unicamp
Participantes da primeira visita técnica da disciplina Ciência Translacional que recebeu 159 inscrições de alunos da USP, 57, da Unesp e 25, da Unicamp (Foto: Daniel Rangel)
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