Dois livros cujos autores estão ligados à Unicamp foram premiados na 2ª edição do Prêmio Jabuti Acadêmico, segundo anúncio feito na noite desta terça-feira (5) pela Câmara Brasileira de Livros (CBL), em cerimônia realizada no Teatro Sérgio Cardoso, em São Paulo. Um deles é o livro “Teatros e artistas com deficiência visual: poéticas do acesso à cena”, de Lucas de Almeida Pinheiro. Publicado pela Editora da Unicamp, o livro venceu na categoria Artes. O outro é a produção independente “Água subterrânea, história da Terra e consciência ambiental: metas do Programa Aquífero Guarani” – editada pelo Programa de Pós-Graduação em Ensino e História de Ciências da Terra do Instituto de Geociências da Unicamp. A publicação ganhou na categoria Geografia e Geociências. Os autores premiados receberam a estatueta do Jabuti Acadêmico e um prêmio em dinheiro no valor de R$ 5 mil. As editoras das obras vencedoras também foram contempladas com a estatueta.
Confira a lista completa dos vencedores.

“Teatros e artistas com deficiência visual: poéticas do acesso à cena” aborda a questão do acesso à cultura por pessoas com deficiência por meio da análise do processo criativo de 13 grupos teatrais brasileiros que colocam a deficiência visual como ponto central. Pinheiro, repensa o papel da visualidade no teatro (Leia matéria publicada no Jornal da Unicamp). Ao entrelaçar depoimentos, teoria e reflexão crítica, o livro desafia o capacitismo e propõe outras possibilidades de vida dentro e fora dos palcos. Pinheiro é graduado em Artes Cênicas pela Universidade Estadual de Londrina (UEL), mestre e doutor em Artes da Cena pela Unicamp e professor da Universidade Estadual de Maringá (UEM). Atua como diretor, pesquisador e pedagogo teatral.
“Vencer o Prêmio Jabuti Acadêmico representa não apenas o reconhecimento da pesquisa que originou o livro, mas, sobretudo, o reconhecimento dos artistas com deficiência visual que compuseram esse trabalho comigo. São trajetórias de vida, criação e de lutas que se entrelaçam à escrita e que sustentam o próprio sentido da obra”, disse Pinheiro.
“O reconhecimento da Câmara Brasileira do Livro, com este prêmio, valoriza essas presenças e reafirma a importância de suas vozes e atuações no campo das artes cênicas brasileiras”, acrescentou ele.
O professor explica que o livro é fruto da pesquisa de doutorado que desenvolveu junto ao Instituto de Artes da Unicamp, sob orientação da professora doutora Isa Etel Kopelman. Segundo ele, a obra propõe compreender a cegueira como potência inventiva, como um modo de produzir conhecimento e gerar novas linguagens, pedagogias e formas de presença na cena teatral.


Ele disse que a organização desse material e a finalização da escrita só foram possíveis graças ao apoio de uma bolsa da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior – Brasil (Capes), entre setembro de 2021 e dezembro de 2022. “Esse suporte foi crucial para a sistematização da pesquisa e para a elaboração do texto da tese, que se transformou neste livro”, finalizou.
“A Editora da Unicamp sente-se feliz e honrada com o prêmio Jabuti Acadêmico 2025 recebido pela obra. O prêmio reconhece e dá visibilidade a edições acadêmicas produzidas em todo o País, valorizando o livro como uma das formas de comunicação, por excelência, do conhecimento produzido na e pela universidade”, disse a diretora da Editora da Unicamp, Edwirges Morato. “A premiação coroa o empenho, a seriedade e a qualidade do trabalho de todos os envolvidos na produção constante de títulos de relevância acadêmica, literária, cultural e artística da Editora”, finaliza.
Aquífero Guarani
O livro “Água subterrânea, história da Terra e consciência ambiental: metas do Programa Aquífero Guarani”, por sua vez, descreve a concepção, as estratégias e as ações promovidas pelo Programa Educativo de Divulgação, Valorização e Geoconservação do Sistema Aquífero Guarani (ProSAG), divulga o conhecimento científico e jurídico e descreve ações que eliminem ameaças de contaminação e super explotação do Sistema Aquífero Guarani, que abrange partes dos territórios da Argentina, Brasil, Paraguai e Uruguai. Os autores assinalam que a maioria das numerosas propostas de gestão integrada e proteção da qualidade das estratégicas reservas transfronteiriças carece de implementação pelo poder público.
A obra é uma produção independente do Programa de Pós-Graduação em Ensino e História de Ciências da Terra, do IG. e tem como autores os professores Andrea Bartorelli (in memoriam), Berenice Balsalobre, Celso Dal Ré Carneiro, Didier Gastmans, Joseli Maria Piranha, Luciana Cordeiro de Souza Fernandes, Luiz Eduardo Anelli, Renatta Christina da Costa Lemos Vilela, Sueli Yoshinaga Pereira (in memoriam), Valter Galdiano Gonçales, Virginio Mantesso-Netto.

Relevância
O presidente da CBL, Sevani Matos, ressaltou a relevância e o crescimento da premiação: “A cada edição, o Jabuti Acadêmico reafirma seu compromisso com a valorização da produção científica no Brasil. Nesta segunda edição, recebemos mais de 2 mil inscrições, o que demonstra a força e a diversidade da literatura acadêmica nacional. Reconhecer essas obras é incentivar a pesquisa, a ciência e a cultura como pilares para o desenvolvimento do nosso país.”
O curador do prêmio pelo segundo ano consecutivo, Marcelo Knobel, também celebrou os resultados: “Estamos orgulhosos com a consolidação do Jabuti Acadêmico, que, mesmo em sua segunda edição, já se destaca pela qualidade e pela importância do que propõe. Parabenizamos os finalistas, que se destacaram em suas áreas com obras relevantes. Agradeço ao conselho curador e aos 78 jurados que atuaram com dedicação para selecionar as obras vencedoras”.
A noite de celebração contou com a participação do Coral Heliópolis, do Instituto Baccarelli, com quatro arranjos clássicos de músicas brasileiras.
Assista à cerimônia de premiação do Prêmio Jabuti Acadêmico: