A agricultura, um dos elos de ligação entre o homem e o meio ambiente, apresenta hoje numerosos pontos ecologicamente críticos. A propriedade agrícola simplificada e especializada não corresponde às exigências do ecossistema Terra.

Notam-se seus efeitos prejudiciais nos aspectos biológicos, econômicos e sociais, que evidenciam a incapacidade da visão fragmentária, desenvolvida nas últimas décadas e baseada no uso abusivo de energia, capital e insumos químicos.

A agricultura orgânica representa uma atitude aberta, pluralista e inovadora frente ao conhecimento. Rejeita sistemas fixos de idéias, as chamadas receitas, em favor de um desenvolvimento de critérios obtidos na atividade prática, aliados à experiência e conhecimentos técnicos, buscando desenvolver o sistema agrícola, no sentido de uma condição de equilíbrio entre a técnica, o impacto ambiental e as condições sociais.

Os sistemas orgânicos preocupam-se em estimular a saúde geral do indivíduo "solo- microorganismo-planta-animal", o que traz benefícios no presente aumentando a capacidade de produção, e , em estágios futuros, prevenindo a degradação do meio.

Produzir alimento de alta qualidade nutricional e quantidade suficiente; manter e aumentar a fertilidade dos solos; ajudar na conservação do solo e da água; usar recursos renováveis; trabalhar, sempre que possível, com substâncias que possam ser reutilizadas ou recicladas; minimizar todas as formas de poluição que possam resultar de práticas na agricultura; manter a diversidade genética do sistema agrícola e seu ambiente (excluindo do conceito orgânico os alimentos de fontes de manipulação genética e aprimoramento laboratorial ); esses, entre outros , são alguns dos objetivos da agricultura orgânica.

O solo é considerado um sistema vivo, que precisa ser alimentado, de forma a não prejudicar as atividades de organismos benéficos necessários à reciclagem dos nutrientes e produção de humus e sua preservação é a finalidade central dos métodos orgânicos, os quais utilizam ao máximo técnicas de rotação de culturas, resíduos naturais vegetais como adubo, rochas minerais e demais técnicas naturais para aprimoramento da produção e proteção.

A agricultura orgânica está mostrando um crescimento em diversos países pois, além de ter uma inegável vantagem sobre a agricultura convencional em termos de seu impacto benéfico sobre o ambiente e na saúde humana, também pode contribuir para maiores rendas , melhor segurança alimentar e criação de empregos.

No mundo globalizado em que nos encontramos, as produções e seus fatores sofrem interferências que muitas vezes estão fora de controle dos agricultores. Por Ter seus produtos diferenciados no mercado, a produção orgânica pode usar esta característica para agregar mais valor e, consequentemente, obter maior renda aos produtores.

No entanto, não é fácil aderir a esse mercado lucrativo, pois muitos países exigem que produtos orgânicos sejam inspecionados e certificados de que foram produzidos sob condições padrão de qualidade, livres de resíduos químicos.

A agricultura orgânica ainda é pouco utilizada devido, principalmente, à falta de informações. Os produtores, na maioria dos países , temem a não aceitação do seu produto no mercado , a elevação dos custos de produção e a consequente diminuição de seus lucros e não sabem como desenvolver outras formas de prevenção à pragas e adubação sem a utilização de aditivos sintéticos. Dificilmente encontra-se assistência técnica especializada para acompanhar a produção, a colheita e a venda do produto orgânico.

O conceito de agricultura orgânica está inserido no ecodesenvolvimento ou desenvolvimento sustentável porque é uma estratégia de desenvolvimento negadora de um crescimento econômico que implique na degradação dos recursos naturais e enfatiza a necessidade de utilizá-los de maneira cautelosa pelas populações locais, tendo a preocupação de melhorar a qualidade de vida dessas populações e satisfazer suas necessidades básicas , garantindo a sobrevivência das gerações futuras . A conservação dos ecossistemas e dos recursos naturais é condição básica para o desenvolvimento sustentado.

A agricultura atual baseia-se num consumo exorbitante de energia, artificialmente barata e intensiva em recursos naturais e é, portanto , insustentável a médio e longo prazos.