A Unicamp recebeu, nesta quinta-feira (29), a Ministra do Ensino Superior, Ciência, Tecnologia e Inovação de Angola, Maria do Rosário Bragança. A visita fez parte de uma agenda que buscou materializar ações que constam no acordo bilateral firmado entre os dois países, no campo da educação, ciência, tecnologia e inovação. As reuniões incluíram a ministra brasileira da Ciência e Tecnologia, Luciana Santos, e o ministro da Educação, Camilo Santana, em Brasília.
“Pretendemos que a Universidade de Campinas seja uma parceira das nossas universidades para concretização desses planos que estamos a preparar”, afirmou Maria do Rosário Bragança. De acordo com a ministra, o governo angolano busca a melhoria da qualificação, especialmente nas áreas de STEM (ciência, tecnologia, engenharia e matemática). “A Universidade de Campinas está entre as melhores universidades do Brasil. É nosso interesse que ela seja parceira do Governo angolano, seja a nível de graduação, sobretudo nas áreas deficitárias do país, nomeadamente nas áreas STEM, seja na formação pós-graduada, com foco na formação diferenciada dos nossos docentes. E também numa área específica, a formação médica especializada”, ressaltou.
A rápida passagem pela Unicamp incluiu uma visita ao Hospital de Clínicas, motivada pela construção em andamento do hospital na Universidade Agostinho Neto, em Angola. A comitiva estava particularmente interessada na experiência da Universidade em concepção e gestão de um hospital universitário.
O grupo foi recebido pela coordenadora-geral da Unicamp e vice-reitora, Maria Luiza Moretti; pelo pró-reitor de Extensão e Cultura, Fernando Coelho; pela superintendente do Hospital de Clínicas (HC), Eliane Ataide; pelos diretores da Faculdade de Ciências Médicas (FCM), Cláudio Coy e Erich de Paula; pelos coordenadores de extensão e de internacionalização da FCM, respectivamente Rubens Bedrikow e Otávio Rizzi Coelho Filho; além dos preceptores e alunos angolanos da medicina.
A vice-reitora comentou sobre sua experiência em Angola em 2006 e sobre o projeto na sua área de infectologia, que trouxe médicos e médicas angolanos para treinamento em doenças infecciosas e AIDS, por um período de 5 anos. “Foram anos de muita troca, e ficou esse sentimento de muita simpatia”, relembrou. Para ela, a visita da ministra é uma oportunidade para reforçar esses laços com Angola. “É importante que tenhamos um plano e realizemos esse convênio, para que venham pessoas de Angola para cá e para que também possamos ir até lá. É uma troca. Toda vez que temos alunos ou professores estrangeiros é uma troca imensa. Aprende quem vem, aprende quem recebe”, concluiu Maria Luiza Moretti.
Para o pró-reitor de Extensão e Cultura, a aproximação angolana é uma oportunidade ímpar. “A conversa tem muito a contribuir para os dois lados. Essa parceria alarga os horizontes da universidade. Quando pensamos nas interações com a sociedade, esse intercâmbio sul-sul, com América Latina e África, é fundamental. As realidades que as pessoas vivem nesses países se aproximam muito da realidade brasileira”, pontuou.
A extensão ganhou destaque na reunião, apontada como local estratégico para as trocas entre os dois países. “Esses processos de internacionalização pela extensão já vêm acontecendo em outros lugares, porque a extensão tem muito a contribuir, no sentido de estabelecer diálogos com os territórios e conversar com as populações, de interagir com as pessoas e, a partir daí, buscar soluções conjuntas, que interessem aos alunos que estão envolvidos, às universidades e obviamente, aos docentes. Ela dá um mote para que façamos pesquisas mais focadas na realidade das pessoas, na realidade dos países”, reforçou Coelho.
Rubens Bedrikow anunciou a elaboração de um programa internacional de extensão universitária, em parceria da FCM com as Pró-reitorias de Extensão e Cultura da Unicamp e da Unesp, o Instituto de Geociências (IG) da Unicamp e a Faculdade de Arquitetura, Artes, Comunicação e Design da Unesp. “Estamos muito entusiasmados. O programa está sendo elaborado agora, está saindo do forno. É um programa internacional que prevê a inclusão de 20 países, entre eles Angola”, explicou. Bedrikow aproveitou a ocasião para convidar oficialmente as universidades angolanas para comporem o programa. Segundo ele, o objetivo é trocar informações sobre o fazer extensionista, formas de financiamento, divulgação e avaliação, além de construir caminhos para a mobilidade internacional através da extensão. “Em um segundo momento, que façamos realmente intercâmbio, para que um aluno angolano possa vir ter essa experiência de fazer uma atividade de extensão com nossos alunos”, afirmou.
A decana da Faculdade de Medicina da Universidade Agostinho Neto, Fernanda Dias, destacou a extensão como preocupação preponderante. “Abraçamos desafios dos três pilares, que são indissociáveis: ensino, que é pré e pós-graduado, a investigação e a extensão. É na extensão que gostaríamos de ter apoio, e ficamos bastante felizes em saber que existe um projeto. Gostaríamos de fazer parte dele”, afirmou.
A fim de dar andamento aos projetos, foi instituído um grupo de trabalho com membros da Unicamp e de Angola, para estabelecer um programa com ações concretas.