No ano em que completou duas décadas de existência, o Programa de Pós-Graduação em Ambiente e Sociedade (PPGA&S) – em parceria com o Núcleo de Estudos e Pesquisas Ambientais (Nepam) – deu início nesta segunda-feira (4), na Unicamp, à Semana Inaugural do Curso de Doutorado em Ambiente e Sociedade. Entre 4 e 8 de março, especialistas vão discutir a emergência climática e suas implicações ambientais e sociais e o futuro das ciências ambientais. O evento – aberto a toda a comunidade – conta com o apoio do Instituto de Filosofia e Ciências Humanas (IFCH) da Unicamp.
Organizado pela coordenadora do curso de doutorado em Ambiente e Sociedade, Ana Paula Bortoleto, e por uma equipe de pesquisadores e servidores do Nepam, o evento promoverá debates, palestras, mesas-redondas e apresentações sobre o programa de pós-graduação, com a participação de pesquisadores, professores, alunos da Universidade e convidados.
“Eu tenho a mais absoluta certeza de que a Unicamp é a universidade brasileira que olha a questão ambiental com a maior diversidade de ângulos, posturas, atividades e realizações”, disse o reitor Antonio José de Almeida Meirelles, presente na abertura do evento. “E fazemos isso porque somos capazes de conviver com essa enorme diversidade de olhares”, acrescentou.
Para o reitor, os desafios socioambientais são grandes, mas há saídas. Segundo Meirelles, do ponto de vista técnico, a sociedade tem condições de responder de forma positiva às demandas, mas é preciso mais que isso. Para ele, é necessário um compromisso político em favor da solução. O reitor disse que o Brasil pode ter um papel de extrema importância nas soluções ambientais globais e aposta que a Unicamp pode contribuir fortemente com o esforço do país nesse sentido.
Bortoleto lembrou os 20 anos de criação do curso e reafirmou a intenção original desse itinerário: formar pesquisadores capazes de atuar de forma interdisciplinar, levando em conta o binômio ambiente/sociedade. “Essa caminhada até hoje não foi fácil. O sucesso de 20 anos desse programa advém do esforço contínuo do seu corpo docente e discente e de todos os que constituem nossa comunidade em busca da excelência acadêmica”, disse a professora na sessão de abertura.
Ela lembrou que o programa tem como foco principal promover o debate acadêmico em torno da sustentabilidade e dos impactos causados pelas mudanças climáticas. E fez um apelo. “Precisamos urgentemente na academia de ir para além do diagnóstico e prognóstico da situação ambiental. Precisamos nos unir com a sociedade, nesse que é o principal desafio da humanidade [hoje]”, afirmou. “Arrisco-me a dizer que a solução – ou soluções – para a emergência socioambiental na qual nos encontramos depende de mentes sábias, trabalhando consistentemente e coletivamente. Não serão ações individuais ou uma tecnologia espetacular que criarão uma sociedade justa. O momento desse movimento coletivo é agora e não amanhã”, alertou Bortoleto.
A coordenadora do Nepam, professora Cristiana Simão Seixas, disse que o planeta vive um período de múltiplas e diversas crises. Citou, por exemplo, as crises da desigualdade, da saúde, das migrações e também a ambiental. Ela avalia que, para enfrentar essas crises, é preciso discutir “novas formas de fazer ciência”. Para ela, faz-se necessário haver na sociedade “mudanças transformadoras” que requerem alterações na estrutura e nas práticas e que atuem nas causas subjacentes a essas crises.
“Precisamos formar pesquisadores transdisciplinares, que possam atender as demandas da sociedade, em diálogo com a sociedade”, defende. “A maneira como a gente fez ciência até agora não foi suficiente, por exemplo, para lidar com as mudanças climáticas.” A professora disse acreditar que “existem outras trajetórias possíveis de desenvolvimento”.
A coordenadora de pós-graduação do IFCH, Nashieli Rangel Loera, afirmou que a temática ambiental tem importância social, pública e política e ressaltou o caráter multidisciplinar do tema.
“Sem dúvida, essa temática desafia as classificações e categorizações das diversas disciplinas, como é o caso do binômio ambiente e sociedade. De alguma forma, a reflexão sobre o meio ambiente precisa olhar para as relações mais amplas e envolve todos os tipos de seres, seres esses com os quais compartilhamos a vida neste planeta”, acrescentou.
Programa de Pós-Graduação em Ambiente e Sociedade
O PPGA&S nasceu em 2004. Nota seis junto à Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes), essa pós-graduação é um dos programas na área de ciências ambientais mais bem-sucedidos do país.
Integram o PPGA&S 25 docentes que desenvolvem pesquisas em diversas áreas das ciências ambientais. O programa produz pesquisa científica de fronteira no tema ambiente e sociedade e forma pesquisadores e profissionais para a academia, para centros e institutos de pesquisa e para a prestação de serviços de planejamento, consultoria e assessoria em órgãos públicos, associações da sociedade civil e empresas.