O Instituto de Economia (IE) da Unicamp recebeu nesta quarta-feira (10) o 1º Seminário Nacional de Economia de Defesa (Sened), em que especialistas da academia e dos setores privado e militar discutiram formas de aprofundar estudos, pesquisas e debates para o fortalecimento da indústria do país na área de defesa.
O seminário, realizado em meio ao Projeto Pró-Defesa IV da Unicamp e financiado pela Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes) e pelo Ministério da Defesa, envolve cinco outras instituições de ensino superior: a Escola Superior de Defesa (ESD), a Escola de Guerra Naval (EGN), a Universidade da Força Aérea (Unifa), o Instituto Tecnológico de Aeronáutica (ITA) e a Universidade Federal Fluminense (UFF).
De acordo com o coordenador do projeto, professor Marcos Barbieri, o objetivo do seminário foi apresentar trabalhos relacionados ao orçamento, à indústria e ao que se faz no país em termos de ciência e tecnologia voltada para o sistema de defesa. “Para isso ouvimos membros do projeto [da Unicamp e das outras instituições] e também de convidados do governo, militares e representantes do setor privado”, explicou o professor.
Segundo o reitor da Unicamp, professor Antonio José de Almeida Meirelles, que participou do seminário, a indústria do setor de defesa cumpre um papel essencial nas economias nacionais.
“Acho que a pandemia foi muito reveladora a esse respeito. A pandemia mostrou um momento de nossa história de desarticulação e evidenciou as dificuldades que o país teve para enfrentar os problemas decorrentes dela. Isso ocorreu em grande parte por causa das escolhas feitas em termos de indústria, algo que se traduziu também em um encolhimento do setor quanto à ciência e tecnologia”, disse Meirelles.
O presidente da Associação Brasileira das Indústrias de Materiais de Defesa e Segurança (Abimde), Roberto Gallo, lembrou que o Brasil “precisa ter capacidade de se defender”. E, para isso, o país precisa ter uma capacidade industrial de defesa e precisa desenvolver uma tecnologia nacional, acrescentou.
O diretor do IE, professor Célio Hiratuka, disse que o seminário ocorre em um momento histórico. Segundo Hiratuka, em um passado recente – dos anos 1980 aos 1990 –, imaginava-se um mundo único, globalizado e menos fragmentado, no qual as forças do mercado iriam promover uma integração geral.
Isso não se confirmou e a ideia de Estado ganha força, afirmou o professor. “Depois da crise de 2008, dos efeitos da crise da economia global, da pandemia e da questão da base industrial centrada em alguns países, além de conflitos que voltaram a surgir em diferentes regiões do planeta, a questão da importância do Estado e do planejamento estratégico volta com força e em várias dimensões”, diz o professor.
A palestra de abertura do seminário foi feita pelo professor Antônio Fonfría Mesa, da Universidad Complutense de Madrid (Espanha).
Uma das mesas de discussão tratou do orçamento de defesa e reuniu os especialistas Márcio Rocha (UFF), Luís Felipe Giesteira (Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio), Peterson Silva (ESD/Unifa) e Patrícia Matos (Univa).
A segunda mesa discutiu a base industrial da área de defesa, com a participação de Marcos Barbieri (Unicamp), Roberto Gallo (Abimde), Thiago Caliari (ITA) e Erika Ribeiro (Escola Naval).
Na última mesa, a discussão girou em torno de ciência, tecnologia e defesa e teve as participações de William Moreira (EGN), José Augusto de Moura (EGN/UFF), William Rospendowski (Financiadora de Estudos e Projetos ) e Mariano Laplane (Unicamp).
