A apresentação do coral infantil da Escola Municipal Luiza Pompeo de Camargo e uma palestra com a professora Estela Costa, da Universidade de Lisboa, marcaram, nesta segunda-feira (22), a abertura do IV Seminário do Laboratório de Observação e Estudos Descritivos (Loed), vinculado à Faculdade de Educação (FE) da Unicamp, intitulado “A escola pública se levanta em defesa da qualidade social: do discurso à ação”.
Voltado a professores da educação básica e do ensino superior, além de pesquisadores e alunos de graduação e pós-graduação, o seminário, cuja abertura foi realizada no Centro de Convenções, quer discutir como se dá a avaliação da escola pública e os desafios impostos por políticas educacionais que atendem a interesses mercadológicos.
Coordenadora do Loed e professora da FE, Mara Regina Lemes De Sordi diz que a luta pela qualidade social da escola pública tem sido umas das prioridades tanto da FE quanto do laboratório, algo presente também na aliança que os órgãos mantêm com a Secretaria Municipal de Educação de Campinas. “Nós lutamos a fim de que a qualidade social garanta uma formação humana para os estudantes da escola pública, uma formação que vai muito além do que as políticas de avaliação têm medido, que é a proficiência em português e matemática. Nós entendemos que a formação compreende um conjunto muito mais amplo de dimensões. E cabe à escola garantir o acesso a essas dimensões”, afirmou.
Segundo a professora, o seminário inova ao mostrar aquilo que vem sendo feito de forma concreta, neste momento, pelas escolas. “Trata-se de uma convocação para que a escola mostre seus trabalhos, mostre sua cara e dê visibilidade ao conjunto de ações voltadas a garantir a qualidade que nós desejamos, uma qualidade comprometida com os interesses sociais e não com os mercadológicos”, complementou.
O diretor da FE, Renê Trentin Silveira, disse que, se a proposta do seminário é mobilizar a escola de modo a passar do discurso para a ação em defesa da qualidade social da educação, então, “trata-se de se levantar contra tudo aquilo que compromete essa qualidade”.
Segundo Silveira, a qualidade social da educação implica, em primeiro lugar, superar a visão hegemônica que tende a reduzir a avaliação da educação a aspectos puramente econômicos. “Essa ideia abstrata defende que a educação de qualidade é aquela que contribui para impulsionar o desenvolvimento do país – e, nesse caso, leia-se, impulsionar o avanço do capitalismo e, portanto, da acumulação de capital”, diz.
“Ou aquela que prepara os jovens para responder melhor à demanda do mercado de trabalho. Ou, ainda, aquela que, pautada na meritocracia, favorece o empreendedorismo e a ascensão social dos mais competentes e capazes, perpetuando o individualismo e a oferta desigual de oportunidades”, acrescenta. “A educação com qualidade social pressupõe romper com ou superar esses parâmetros conservadores e assumir um outro paradigma de mensuração da qualidade: o paradigma social.”
O secretário-adjunto de Educação da Prefeitura de Campinas, Luiz Roberto Marighetti, afirma que o momento atual apresenta um novo desafio. “Hoje um outro desafio bate à nossa porta, a construção de uma escola para todos, uma escola que não está baseada na tolerância, mas que é construída para as necessidades de aprendizagem e de convivência de todas as pessoas”, disse ele.
“Essa necessidade se coloca hoje de uma forma mais concreta com as questões associadas ao debate sobre gênero e, frequentemente, sobre raça. Por isso, a secretaria tem como tema para este ano e para os próximos a questão da educação antirracista”, afirmou o secretário-adjunto.
“Não há futuro possível sem educação”
O reitor da Unicamp, professor Antonio José de Almeida Meirelles, que participou da abertura do seminário, disse que “não há futuro possível sem educação”. Para Meirelles, a Unicamp é diversa não apenas no quesito áreas de conhecimento, mas também por conta de sua forte política de inclusão, que a torna uma Universidade em constante transformação.
“Esse projeto de desenvolvimento não deve ser apenas econômico, mas um de desenvolvimento social e inclusivo. Trata-se de um desafio que exige participação coletiva. Sem a ação conjunta das muitas pessoas cujas atividades relacionam-se com a formação dos jovens, nós não temos nenhuma expectativa de mudar este país”, afirmou o reitor.
Na conferência de abertura, a professora da Universidade de Lisboa fez uma palestra intitulada “A força das escolas na construção da qualidade social: visão panorâmica de reações propositivas”.