Conteúdo principal Menu principal Rodapé
Notícias

Na Unicamp, Fermilab discute financiamento de projeto DUNE

Delegação passará uma semana no Brasil e, além da Universidade, deve visitar instituições de pesquisa na região, como o CNPEM, a Fapesp, o Ministério de Relações Exteriores e o Ministério da Ciência e Tecnologia

O reitor da Unicamp, Antonio José de Almeida Meirelles, e a coordenadora-geral da Universidade, Maria Luiza Moretti, receberam, na manhã desta segunda-feira (20), a visita da delegação do Fermilab (Fermi National Accelerator Laboratory) – o laboratório especializado em física de partículas do Departamento de Energia dos Estados Unidos –, para discutir o financiamento da segunda fase do programa de pesquisa para identificação de neutrinos denominado LBNF/DUNE (Long-Baseline Neutrino Facility/Deep Underground Neutrino Facility). 

O DUNE é considerado o experimento mais ambicioso da história das pesquisas sobre neutrinos – que são partículas subatômicas, consideradas elemento-chave para a compreensão do processo de criação, constituição e evolução do universo. O projeto – que tem como sede o Fermilab, nos EUA – envolve 200 instituições de 37 países e aproximadamente 1.400 cientistas de todo o mundo.  A Unicamp coordena a equipe brasileira e é a principal representante nacional no projeto.

“A presença deles [do Fermilab] aqui dá uma força maior para o esforço que nós, na Unicamp, junto com outras universidades, estamos fazendo para obter os fundos para a participação brasileira”, disse o reitor. “Esse encontro é importante, porque mostra de uma forma talvez mais viva a dimensão desse projeto e o impacto que ele pode ter no desenvolvimento de pesquisas colaborativas, tanto do ponto de vista de investimento, como da participação de cientistas”, acrescentou.

A participação brasileira está concentrada no desenvolvimento da tecnologia de fotodetecção da luz gerada pelos detectores e na produção de argônio líquido altamente puro, considerados essenciais para o experimento. 

Delegação esteve na Unicamp para discutir o financiamento da segunda fase do programa de pesquisa para identificação de neutrinos denominado LBNF/DUNE
Delegação esteve na Unicamp para discutir o financiamento da segunda fase do programa de pesquisa para identificação de neutrinos denominado LBNF/DUNE

De acordo com o professor da Unicamp Pascoal Pagliuso, coordenador do projeto do argônio líquido, a participação brasileira deverá exigir investimentos da ordem de U$ 36 milhões (cerca de R$ 180 milhões), que poderão vir de recursos estaduais e do governo federal, por meio das agências de fomento e do Ministério da Ciência e Tecnologia e Inovação.

A delegação do Fermilab passará uma semana no Brasil e, além da Unicamp, deve visitar instituições de pesquisa na região, como o Centro Nacional de Pesquisa em Energia e Materiais (CNPEM), a Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (Fapesp), o Ministério de Relações Exteriores e o Ministério da Ciência e Tecnologia (MCTI).  A ideia das visitas, segundo representantes da delegação, é reforçar, junto aos órgãos oficiais, a importância da participação brasileira no experimento mundial.

Pagliuso diz que, por conta da sofisticação das tecnologias de fotodetecção e de purificação de argônio a serem desenvolvidas e testadas na Unicamp, as inovações verificadas nessa etapa do projeto devem também gerar tecnologias de interesse industrial.

O coordenador lembra que uma das linhas de pesquisa, por exemplo, é uma armadilha para aprisionamento de partículas de luz – que foi chamada de arapuca –, desenvolvida pelos físicos da Unicamp Ettore Segreto e Ana Amélia Machado. “Trata-se de um dispositivo ótico, que pode ter outras aplicações em sensores de luz”, diz Pagliuso. “Já na parte de parte de purificação de argônio, lembramos que os meios filtrantes são adsorventes purificadores. Portanto, esse sistema poderá ser usado para purificar qualquer tipo de gás ou líquido. No experimento, é utilizado para purificar argônio líquido, mas poderia purificar qualquer tipo de gás hospitalar, por exemplo. Seria possível melhorar a eficiência da purificação do oxigênio hospitalar”, explica o professor. “Pode também ser usado para captura de CO2, no controle de emissões. Ou seja, tem apelo em favor da sustentabilidade”, continua.

Para Pagliuso, esse tipo de pesquisa deve interessar muito a empresas de metalurgia, já que poderão se habilitar a produzir equipamentos tanto de alta pressão quanto de baixa temperatura para empresas internacionais, podendo atuar diretamente junto ao mercado norte-americano. “Do ponto de vista de transferência de tecnologia e abertura de comércio exterior com os Estados Unidos, esta pode ser uma oportunidade fantástica”, afirma.

O projeto, segundo ele, começou em 2017 e deve se estender por mais ou menos três décadas. “Isso deixará a Unicamp na vitrine internacional por décadas”, avalia o professor.

Também participaram da reunião com os representantes do Fermilab os professores  Thiago Alegre (pesquisador do Projeto Argônio Líquido), Ettore Segreto (pesquisador do Projeto Argônio Líquido e coordenador do Projeto de Fotodetecção), Dirceu Noriler (diretor da Faculdade de Engenharia Química e pesquisador do Projeto Argônio Líquido) e Mônica Cotta (diretora do Instituto de Física Gleb Wataghin).

Ir para o topo