A Comissão de Educação de Pequim (China) visitou a Unicamp na última segunda-feira (11), abrindo sua primeira incursão pela América do Sul. A ocasião foi marcada por uma reunião dos visitantes com representantes da Universidade, em um encontro pautado pelo interesse mútuo em estabelecer parcerias e diálogos que visem a promover o intercâmbio de estudantes e professores, além da troca de experiências, conhecimentos e tecnologias. O encontro foi organizado pelo Instituto Confúcio e pela Diretoria Executiva de Relações Internacionais (Deri) da Universidade.
A excelência da Unicamp, seu foco em inovação e suas atuações não apenas na graduação e na pós-graduação, mas também no ensino técnico, foram determinantes para que fosse escolhida pela comitiva chinesa para esta iniciar seu roteiro pela América do Sul. “Esse interesse vem de encontro à nossa expectativa de internacionalizar o ensino nos nossos colégios”, explica a professora Maria Luiza Moretti, vice-reitora da Universidade, em referência ao Colégio Técnico de Campinas (Cotuca) e ao Colégio Técnico de Limeira (Cotil), ambos pertencentes à instituição.
Do lado chinês, a ideia é aprender com a experiência acumulada pela Unicamp durante os 57 anos de existência das duas escolas, que, além de ensino médio, também contam com cursos técnicos de enfermagem, construção civil, desenvolvimento de sistemas, mecânica e processos de qualidade, entre outros. Integrante da comitiva de Pequim, Xu Jianshu conta que o ensino técnico ainda é um setor incipiente na capital chinesa. Sua expectativa é estabelecer um diálogo com os colégios da Unicamp para que possam, futuramente, desenvolver a área. “Esperamos que essa troca sirva de incentivo. Queremos dar uma educação diferenciada, que seja um preparo para o futuro”, diz.
Diretor-geral da delegação de Pequim, Zhao Yaotian destaca a inovação e a continuidade, além do intercâmbio, como focos principais da missão internacional. “É possível perceber que a Unicamp é pioneira nesses quesitos, não só no Brasil, mas internacionalmente. Tem os mesmos objetivos e está no mesmo caminho que a China”, analisa. Esperançoso sobre a empreitada que se inicia, Yaotian acredita que há muitas áreas a serem exploradas e trabalhos a serem desenvolvidos – e lembra o histórico recente de parceria entre os dois países. “Este ano, comemoramos 50 anos de relação Brasil-China. A população brasileira, como a chinesa, é muito calorosa e receptiva; o que é fundamental para construir um vínculo. Ambas gostam de paz; por isso, fizemos o BRICS.”
A recente retomada do crescimento econômico nos dois países é apontada como motivo favorável para trocarem tecnologia. “Vamos desenvolver essa parte e ajudar o Brasil a crescer nesse campo”, afirma Yaotian. Além das áreas ligadas à inovação, como computação, engenharia e comunicação, o diretor-geral da delegação chinesa citou a medicina e as artes como campos em que é possível estreitar laços. “Temos universidades de música de excelência internacional. Pequim possui 92 universidades.” Já em relação ao Brasil, há uma expectativa especial: o futebol. “Sabemos que os jovens brasileiros gostam bastante desse esporte e gostaria de fortalecer nossa relação também nessa área”, planeja.
Song Xiaohui, diretor da divisão de pessoal da Secretaria de Gerenciamento de Professores de Pequim, compartilhou as experiências com os Estados Unidos. “É possível pensar em intercâmbios em que os estudantes possam obter diplomas das instituições dos dois países”, sugere. Ao longo do encontro, foram discutidas, ainda, possibilidades para estabelecer relações nos campos da medicina e do ensino à distância. A reunião contou com as participações também do pró-reitor de Graduação, Ivan Toro e dos diretores do Cotil e do Cotuca, Augusto da Silveira e Luiz Seabra Junior; de Rafael Dias, assessor da Deri; de Bruno de Conti, diretor brasileiro do Instituto Confúcio; de Gustavo Tenório, docente da Faculdade de Ciências Médicas (FCM) da Unicamp; e de Arnaldo Pinto Junior, coordenador do Espaço de Apoio ao Ensino e Aprendizado da Universidade (EA2).