A coordenadora-geral e reitora em exercício da Unicamp, Maria Luiza Moretti, abriu com um alerta, nesta quarta-feira (26), o Fórum Permanente sobre Planejamento Estratégico Institucional: Carta de intenções ou Instrumento Efetivo de Gestão?. “Nós não podemos voltar atrás para mudar o passado, mas o que nós fazemos no presente fará diferença no futuro”, disse a coordenadora, que apresentou um histórico do planejamento feito pela Unicamp a partir de 2021.
Realizado no auditório do Centro de Convenções, o fórum reuniu servidores e especialistas – brasileiros e estrangeiros – para refletir sobre a importância do planejamento estratégico no caso das instituições públicas de ensino superior.
A reitora em exercício lembrou que o planejamento estratégico é “essencial” para uma instituição como a Unicamp, marcada, segundo ela, pela diversidade e complexidade. “A Universidade é um dos lugares mais desafiadores para se planejar, dadas a diversidade e a complexidade das demandas e as especificidades de cada área”, revelou.
O pró-reitor de Desenvolvimento Universitário, Fernando Sarti, participou do encontro e reforçou a necessidade de haver um bom planejamento. “Planejar não é adivinhar o futuro, mas analisar como as nossas ações de hoje vão afetar o nosso futuro”, disse. “Por isso, o planejamento estratégico passa a ser um fator estruturante.”
De acordo com Sarti, o planejamento não é uma ferramenta apenas do setor privado, devendo ser usado pelas instituições públicas. O pró-reitor, no entanto, lembrou de algumas diferenças entre essas duas áreas. “O planejamento no setor público é completamente diferente do no privado. E por um motivo simples: as regras são diferentes”, afirmou. Por isso, segundo Sarti, faz-se necessário conhecer com profundidade o funcionamento das instituições públicas.
O pró-reitor citou como exemplos de planejamento estratégico já adotados na Unicamp as políticas de valorização profissional e progressão na carreira Paepe (Profissionais de Apoio ao Ensino, Pesquisa e Extensão), a valorização profissional e progressão da carreira docente, o programa de inclusão, apoio e permanência estudantil, o programa Proposta de Distribuição Orçamentária (PDO), o Plano Plurianual de Investimentos (PPI), a contratação de servidores e a regularização dos cargos públicos no quadro de pessoal da Unicamp.
Experiências internacionais
O seminário programou uma mesa para tratar de experiências internacionais da gestão de instituições de ensino superior. A vice-reitora Gabriela Virginia Andretich falou sobre a administração da Universidad Nacional de Entre Ríos, da Argentina.
Logo em seguida, o professor Daniel Alberto Comba apresentou dados sobre a Universidad Nacional del Litoral, também da Argentina. Por fim, a diretora-geral de Planejamento, Alba Porrini, discorreu sobre a experiência da Universidad de La Republica Uruguay, do Uruguai.
O seminário contou também com a participação de dois professores da Universidade de São Paulo (USP), o chefe de gabinete da reitoria dessa instituição, Arlindo Philippi Junior, e João Maurício Gama Boaventura, coordenador da Administração Geral. Os dois apresentaram detalhes sobre o planejamento estratégico elaborado pela USP para o período que vai até 2029, um planejamento que, segundo eles, ainda será submetido ao Conselho Universitário daquela universidade.
Universidades promotoras da saúde
As duas últimas mesas do dia trataram da gestão do setor da saúde. Em uma delas, os especialistas debateram a respeito das chamadas universidades promotoras da saúde (UPS), a partir da intervenção do professor Hiram Arroyo Acevedo – presidente da Rede Iberoamericana de Universidades Promotoras da Saúde (Riups). As UPS são instituições que reformaram seus próprios sistemas internos com o objetivo de melhorar a saúde e o bem-estar de seus colaboradores. “É com enorme alegria que vemos o conceito de UPS estar em um evento que trata de planejamento estratégico”, disse Acevedo. “Isso me parece particularmente importante.”
Segundo a assessora de Gabinete da Coordenadoria Geral da Universidade (CGU), Patrícia Leme, que fez a moderação dessa mesa, a Unicamp vai trabalhar para implantar o programa UPS. Leme disse que os esforços nesse sentido começarão com um diagnóstico sobre todas as ações de promoção da saúde já em desenvolvimento na Universidade. Em seguida, os servidores deverão responder a um questionário. A partir de então será estabelecido um plano de ação.
Em seguida, no fórum, houve um debate sobre a experiência da Rede Brasileira de Universidades Promotoras da Saúde (Rebraups), com a presidente da entidade, Larissa Polejak.
SUS Regional
O seminário terminou com uma discussão em torno da regionalização da saúde. As professoras Gisela Onuchic – do Núcleo de Estudos de Políticas Públicas (Nepp) – e Angela Maria Bacha, da Faculdade de Ciência Médicas (FCM), falaram sobre a inserção da Unicamp no cenário estadual. Para Onuchic, além de pilares como os de ensino, pesquisa e extensão – que integram a missão da Universidade –, a questão da assistência médica também deve ganhar um novo status dentro da instituição. De acordo com ela, a Unicamp conta com uma ampla rede de atendimento e deve ter poder de interferência no sistema.
Bacha, por sua vez, falou sobre o aprimoramento dos serviços de saúde da Unicamp, como o apoio à estrutura das Redes Regionais de Atenção à Saúde (RRAS).