Ao discutir o surgimento e a repercussão da Bienal de São Paulo no circuito artístico da América do Sul e da América Central nos anos 1950 e 1960, o livro A Bienal de São Paulo e a América Latina: Trânsitos e Tensões (1950-1970), escrito pela professora Maria de Fátima Morethy Couto, docente do Instituto de Artes (IA) da Unicamp, venceu o Prêmio Sérgio Milliet 2023, organizado pela Associação Brasileira de Críticos de Arte (ABCA). A votação foi feita no dia 18 de junho, pela internet, e teve a participação de aproximadamente 175 associados/as da ABCA no Brasil todo. A data da solenidade de entrega dos prêmios será divulgada posteriormente e oportunamente
Couto é doutora em história da arte e arqueologia pela Universidade de Paris I (Panthéon-Sorbonne) e professora titular da Unicamp. De acordo com ela, o tema do livro está relacionado a sua pesquisa de bolsa produtividade, oferecida pelo Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq). Essa pesquisa trata da arte na América Latina. A obra aborda as primeiras bienais realizadas no Brasil, que permitiram o fortalecimento de intercâmbios regionais nos anos de 1960, assim como a influência do evento na criação de novas mostras de arte contemporânea em diversos países vizinhos por fornecer um modelo bem-sucedido de aliança cultural-empresarial.
A professora explica que, desde seu doutorado, todo o seu trabalho de pesquisa gira em torno da arte no século XX e que, ao começar a se aprofundar no tema das bienais de arte latino-americanas – especialmente naquelas realizadas a partir dos anos 60 –, tornou-se nítido para ela o protagonismo da Bienal de São Paulo, que impulsionou o interesse por mostras desse gênero em toda a América do Sul. A Bienal de São Paulo foi a primeira bienal de arte realizada depois da fundação da Bienal de Veneza, em 1895.
Contudo, a autora também aborda em seu texto o fato de que, apesar do sucesso do modelo de bienais de arte brasileiras, houve um enfraquecimento dessas exposições nos anos 1970, por volta do final do recorte proposto no livro. Esses eventos, porém, voltaram com bastante força nos anos 1990. “Nos anos 70 há uma grande crise, para então esse modelo voltar a se tornar muito importante a partir dos anos 90, com várias atualizações e modificações. Então a minha intenção agora é discutir essas mostras e as suas conexões, algo que eu já faço nesse livro, mas que pretendo ampliar”, afirmou Couto.
Desafios da Pesquisa
Segundo a pesquisadora, o principal desafio na elaboração da obra foi o volume de documentos analisados e o acesso a esses documentos, que faziam parte de acervos físicos de diversos países e que não estavam disponíveis a qualquer pessoa. “Eu precisei visitar arquivos fora do Brasil, e eu não teria conseguido se não tivesse o apoio do CNPq com essa bolsa produtividade. Então acho que o maior desafio diz respeito ao volume de documentos com os quais tive que lidar, documentos esses que nem sempre se encontram assim à mão.” Além do Brasil, a professora também realizou sua pesquisa em Austin, na Universidade do Texas (Estados Unidos), em Londres, durante seu pós-doutorado, e na Argentina.
O livro é a segunda obra autoral da professora e está disponível no site e na livraria física da Editora da Unicamp.
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