O reitor da Unicamp, Antonio José de Almeida Meirelles, participou, nesta quinta-feira (1), da 5ª Conferência Nacional de Ciência, Tecnologia e Inovação (CNCTI), realizada em Brasília, com o objetivo de discutir e compilar sugestões para um plano nacional para o setor para os próximos dez anos.
Coordenado pelo ex-ministro da Ciência, Tecnologia e Inovação, Sergio Rezende, o evento contou com mais de 50 sessões de debates, além de sete plenárias – que discutiram as propostas apresentadas em 221 eventos preparatórios e incluíram 29 conferências temáticas, 27 estaduais, 14 municipais e 157 conferências livres.
Na abertura, no dia 30, a conferência contou com a presença do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, e ao longo de três dias reuniu cientistas, pesquisadores e professores – brasileiros e estrangeiros –, além de autoridades do governo.
O reitor da Unicamp participou do eixo de discussão que tratou da “Contribuição das empresas para uma transição ecológica sustentável”, ao lado do diretor do Senai/Cimatec, Leone Andrade, e da diretora da Sigma Lithium, Maria José Salum. Meirelles abordou vários projetos que têm sido desenvolvidos na Universidade, em diferentes áreas, em parceria com a iniciativa privada. Falou sobre programas ligados às áreas de saúde, energia, meio ambiente, no setor químico e de materiais e de biocombustíveis.
O reitor também falou do Fermilab – o laboratório especializado em física de partículas do Departamento de Energia dos Estados Unidos, que lidera o programa de pesquisa para identificação de neutrinos e é considerado um dos mais ambiciosos projetos deste tipo de pesquisa no mundo. A Unicamp comanda essa pesquisa no Brasil. Todos esses projetos, disse o reitor, buscam a tecnologia e a inovação. “Precisamos promover uma inovação que, além de permitir uma transição ecológica, permita a inclusão. Só desta forma teremos condições de enfrentar os graves problemas do país”, advertiu.
Meirelles mostrou ainda o estágio de desenvolvimento do projeto HIDS (Hub Internacional de Desenvolvimento Sustentável) – que está em processo de implantação numa área de 11,3 milhões de metros quadrados ao lado do campus Barão Geraldo da Unicamp e que pretende se transformar num exemplo de urbanismo sustentável. O HIDS deverá ser um distrito de inovação, onde empresas de tecnologia, residências, equipamentos urbanos e de serviços de uma cidade vão compartilhar espaços orientados por princípios de sustentabilidade.
Segundo o reitor, antes de se pensar na criação de grandes parques tecnológicos, seria mais adequado construir ambientes que sejam compartilhados por instituições públicas e privadas, em torno do eixo da inovação. “Por isso, estamos conclamando o mundo corporativo a fazer parte disso [do projeto HIDS], e que as instituições públicas possam ser os catalisadores desse processo”, pediu.
O encontro contou com a participação em debates e mesas de vários professores da Unicamp, como a educadora Dirce Zan, da Faculdade de Educação (FE); Marko Monteiro, do Instituto de Geociências, Gonçalo Pereira, do Instituto de Biologia e Sabine Righetti, pesquisadora do Laboratório de Estudos Avançados em Jornalismo (Labjor). A pró-reitora de Pesquisa, Ana Frattini, também acompanhou a conferência.
O Plano Nacional
O plano nacional propõe, entre outras medidas, a expansão do supercomputador Santos Dumont, do Laboratório Nacional de Computação Científica (LNCC) em Petrópolis (RJ), e a criação de uma infraestrutura nacional de armazenamento de dados em nuvem que funcione como alternativa aos repositórios de grandes empresas de tecnologia. O plano ainda será discutido em uma reunião ministerial, que deve acontecer na próxima semana.
Na abertura, no dia 30, o presidente Lula elogiou o esforço na produção do plano. “O Brasil tem uma base intelectual respeitada no mundo. O país não pode criar seu mecanismo, em vez de ficar esperando que a inteligência artificial venha da China, da Coreia e do Japão?”, indagou o presidente, que há cerca de um ano lançou um desafio para que os pesquisadores brasileiros se debruçassem sobre a inteligência artificial. Ele destacou também a importância de oferecer para a sociedade bancos de dados nacionais acessíveis que conversem entre si.