O reitor da Unicamp, Antonio José de Almeida Meirelles, e a coordenadora-geral da Universidade, Maria Luiza Moretti, participaram nesta quinta-feira (15), em Lead, Dakota do Sul (Estados Unidos), da cerimônia de conclusão do trabalho de escavação para a instalação do LBNF/DUNE (Long-Baseline Neutrino Facility/Deep Underground Neutrino Facility) – o programa internacional de pesquisa para a detecção de neutrinos.
Esse programa, liderado pelo Fermilab – o laboratório especializado em física de partículas do Departamento de Energia dos Estados Unidos –, conta com a participação da Organização Europeia para a Pesquisa Nuclear (CERN, na sigla para o antigo nome em francês da entidade). A Unicamp coordena a equipe brasileira e é a principal representante nacional no projeto.
No total, o DUNE envolve mais de 200 instituições de pesquisa de 35 países e aproximadamente 1.400 cientistas do mundo inteiro. O projeto internacional estudará o comportamento dos neutrinos a fim de entender, entre outras coisas, a origem do universo. O DUNE tenta descobrir, por exemplo, se os neutrinos podem ser a razão pela qual o universo é feito de matéria.
A participação brasileira concentra-se no desenvolvimento da tecnologia de fotodetecção e na produção de argônio líquido altamente puro, elementos considerados essenciais para o experimento.
O DUNE prevê a instalação de um grande detector de neutrinos em Dakota do Sul, a 1.300 quilômetros de distância de onde o feixe de partículas será gerado, nas proximidades de Chicago, Estado de Illinois. O detector será instalado a 1.400 metros de profundidade.
O evento desta quinta-feira ocorreu na caverna do detector norte e marcou a conclusão do trabalho de escavação em duas cavernas de sete andares que vão abrigar detectores de partículas, além de uma caverna central menor. Os dois detectores serão preenchidos com 17 mil toneladas de argônio líquido resfriado a menos de 184 graus Celsius para registrar e estudar os neutrinos.
Equipes de engenharia, construção e escavação trabalharam abaixo da superfície desde 2021 a fim de preparar o espaço necessário para o experimento. Mais de 800 mil toneladas de rocha foram escavadas e movidas do subsolo para uma antiga área de mineração de superfície expansiva conhecida como Open Cut.
Para realizar esse trabalho, equipes de construção desmontaram equipamentos pesados de mineração e, peça por peça, os transportaram para o subsolo. Os trabalhadores então remontaram o maquinário e têm detonado e realocado rochas desde então.
“Descemos até as cavernas; visitamos a do meio, que é onde se localizará os equipamentos cuja construção ocorrerá no Brasil sob a supervisão da Unicamp e demais instituições nacionais”, contou Meirelles. “Trata-se dos equipamentos associados à purificação do argônio líquido e à detecção dos neutrinos com uma espécie de armadilha, batizada de Arapuca”, explicou.
De acordo com o professor da Unicamp Pascoal Pagliuso, coordenador do projeto de argônio líquido, a participação brasileira deverá exigir investimentos da ordem de US$ 36 milhões (cerca de R$ 190 milhões), que virão de recursos estaduais e do governo federal, por meio das agências de fomento e do Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação.
Veja como será o laboratório subterrâneo.