A notícia do falecimento do médico psiquiatra e psicanalista Roosevelt Moisés Smeke Cassorla, professor colaborador do Departamento de Psiquiatria da Faculdade de Ciências Médicas (FCM) da Unicamp, foi recebida grande tristeza pela comunidade acadêmica na última segunda-feira (23).
Cassorla graduou-se em Medicina pela Escola Paulista de Medicina da Unifesp em 1968 e concluiu o doutorado em Ciências Médicas pela Unicamp em 1981. Foi admitido na FCM em 1969, onde se aposentou em 1995, tendo sido livre-docente e professor titular. No entanto, continuou atuando como professor colaborador a partir de 2000.
Figura de destaque no campo da saúde mental e da psicanálise, contribuiu significativamente para a formação de estudantes e profissionais ao longo de sua carreira acadêmica. Atuou principalmente nos temas da clínica, técnica analítica, adolescência e autodestruição. Em 2017, havia recebido o prêmio Sigourney Award, que equivale ao prêmio Nobel da Psicanálise.
Cassorla era reconhecido internacionalmente por seus estudos sobre suicídio. Seus livros “Estudos sobre suicídio: psicanálise e saúde mental” (2021) e “O psicanalista, o teatro dos sonhos, e a clínica do enactment” (2018) foram traduzidos para diversos idiomas e são amplamente estudados em círculos psicanalíticos ao redor do mundo.
Era membro efetivo e analista didata da Sociedade Brasileira de Psicanálise de São Paulo, professor do Instituto de Ensino da mesma sociedade, além de integrar o Grupo de Estudos Psicanalíticos de Campinas. Cassorla fez parte, ainda, da Federação Brasileira de Psicanálise, da Federação Latino-Americana de Psicanálise e da International Psychoanalytical Association, entre outras entidades.
A seguir as manifestações de seus colegas:
“É uma grande perda para o departamento de Psiquiatria, onde ele continuava ativo como professor colaborador. Recentemente, nos disse que era ‘viciado em Unicamp’, por isso não nos deixava. Penso que todos nós que fomos alunos do professor Roosevelt o traremos sempre vivo na memória e no coração. Ele não nos deixará” Ana Maria Oda, chefe do Departamento de Psiquiatria
“Roosevelt foi meu mestre, muito querido! Uma referência fundamental para mim e para minha geração! Uma grande perda!” Paulo Dalgalarrondo, docente do Departamento de Psiquiatria
“Perdemos um grande professor, um grande psicanalista, um grande colega, um grande ser humano, um grande amigo. Um dia muito triste para o Departamento de Psiquiatria e para cada um de nós. Ele realizou plenamente a frase de Macbeth, que Freud dizia traduzir sua própria relação com a morte: ‘O dia que a Morte vier me buscar, me encontrará em meu posto’” Mario Eduardo Costa Pereira, docente do Departamento de Psiquiatria
“Entre as diversas contribuições do Professor Roosevelt, destaco o seu papel no apoio aos enlutados no contexto da pandemia. Embora já aposentado, prontamente se disponibilizou a semanalmente e durante vários meses discutir e supervisionar os residentes de psiquiatria que compunham o APEM-Covid (Apoio Emocional), contribuindo para a formação profissional, humana e cidadã dos futuros psiquiatras e qualificando sobremaneira o cuidado aos que perderam entes queridos no período pandêmico” Renata Azevedo, docente do Departamento de Psiquiatria
“Roosevelt foi um professor marcante, com impacto profundo na FCM, bem além do Departamento de Psiquiatria. Era um psicanalista que combinava extrema sensibilidade pessoal e clínica com erudição e originalidade. Muito generoso, contribuiu decisivamente para a formação de toda uma geração de professores no Departamento de Psiquiatria, para a qual permaneceu como uma referência fundamental. Fará muita falta” Cláudio Banzato, docente do Departamento de Psiquiatria
“Foi um excelente professor, sempre surpreendendo em suas apresentações e aulas, com informações originais. Fez parte de um pequeno grupo que me estimulou a estudar psiquiatria, fazendo parte de minha trajetória profissional e de vida” Amilton dos Santos Júnior, docente do Departamento de Psiquiatria
“Professor Roosevelt sempre será lembrado como um grande mestre. Suas observações delicadas e precisas nortearam a clínica de muitos profissionais” Karina Diniz Oliveira, docente do Departamento de Psiquiatria