Um serviço de Inteligência Artificial Generativa (IAG) acaba de entrar em operação na Unicamp, em caráter experimental. A ferramenta, adaptada para aceitar uma variedade de tipos de dados de treinamento, será oferecida inicialmente para docentes e servidores técnico-administrativos, com o objetivo de permitir à comunidade universitária não somente ganhar experiência com esse tipo de recurso como também, ao tomar conhecimento de suas vantagens e de seus defeitos, desenvolver um maior senso crítico acerca do uso ético e responsável desse tipo de recurso.
Espera-se que a plataforma ganhe aceitação nos vários nichos de atividade na Unicamp, como nas áreas de ensino, pesquisa, e extensão, bem como nos setores administrativo, assistencial e jurídico. A IAG auxiliará os usuários na execução de tarefas como produção de textos, tradução, análise de dados e criação de normas. E ajudará, ainda, na preparação de estudos técnicos preliminares e na elaboração de termos de referência, de mapas de risco etc., ou seja, em todo processo burocrático, repetitivo, que tenha protocolos e procedimentos já estabelecidos e consolidados, isso devido a sua capacidade de aprendizado diante de grandes volumes de dados, ao que consegue responder produzindo resultados individualizados.
O diretor de Tecnologia da Informação e Comunicação da Unicamp, Ricardo Dahab, diz que a política adotada para reger o novo serviço está em fase de elaboração junto às pró-reitorias. “Já temos um documento, em discussão, que trata basicamente do uso desse recurso no ensino, com recomendações e alertas e que será divulgado em breve”, explica.
O diretor conta que a Diretoria Executiva de Tecnologia da Informação e Comunicação (Detic) – órgão responsável pela concepção e implantação da IAG – está programando um evento, a ocorrer no final de novembro, em que todas as áreas da Universidade serão convidadas a discutir o assunto, debatendo questões relativas à ética, às regras de governança e às responsabilidades. Nesse evento, também serão divulgadas informações práticas adicionais sobre o sistema e sobre seu uso. Dahab lembrou ainda que as recomendações deverão seguir os padrões adotados em outras boas universidades, nacionais e estrangeiras.
Funcionamento
Os servidores técnico-administrativos ou docentes interessados em conhecer a nova ferramenta podem acessá-la no endereço https://plataformaia.unicamp.br/, do qual consta uma série de instruções. O usuário terá, por exemplo, de se comprometer a usar o sistema de maneira ética, sem ferir os princípios da integridade, honestidade e responsabilidade. Além disso, deve comprometer-se com respeitar as regras de direitos autorais e de propriedade intelectual e com não usar a ferramenta para a produção de conteúdos discriminatórios, entre outros itens.
Para iniciar o processo, o usuário poderá fazer perguntas ou solicitações com base em arquivos que ele mesmo pode selecionar – como um resumo, um contexto ou palavras-chave – ou poderá apenas fazer uma solicitação. “O sistema reage em função daquilo que você pede e do contexto que você dá”, explicou Adauto Delgado Filho, assessor de gabinete da Detic para a área de governança. “Se você perguntar apenas por um lago, ele pode buscar informações gerais sobre lagos, mas, se você especificar o lago ou o evento relacionado a ele, o sistema trará informações específicas”, afirmou o assessor.
Delgado Filho lembrou que a montagem de um processo, seja licitatório ou de referências técnicas, segue essa mesma lógica. “Já tenho as normas que disciplinam aquele procedimento, com uma legislação também já consolidada e os modelos usados na Universidade. O que caberá ao auxiliar virtual é combinar as regras e produzir um documento adequado àquelas regras”, explicou. “É claro que o usuário fará uma leitura e verificará se há incorreções. A responsabilidade pela autoria do documento será sempre do usuário, nunca da ferramenta.” De acordo com o assessor da Detic, o sistema “está em plena conformidade com as diretrizes de segurança da informação da Unicamp”.
O coordenador da Divisão de Soluções de Software da diretoria, Edmilson Bellini Chiavegatto, responsável por liderar o trabalho de desenvolvimento do sistema, reforça que o usuário poderá adicionar arquivos de modo a melhorar a seleção. “Você pode fornecer arquivos e pedir que o sistema elabore um estudo técnico preliminar com base em especificações contidas nesses arquivos. Ele fará isso, mas você terá de avaliar se [o resultado] está correto ou não”, afirma.
Segundo Chiavegatto, assim que o serviço estiver consolidado, o plano é criar núcleos de IAG para atender a setores específicos. “O que estamos implantando agora é uma ferramenta mais geral. Mas pretendemos criar assistentes especializados para os diversos setores, como o assistente jurídico, um assistente personalizado para a Procuradoria Geral, um para a DGA [Diretoria Geral Administrativa] e outros. Dessa forma, você poderá treinar a IA [inteligência artificial] mais profundamente para aquele determinado assunto”, explica.
Chiavegatto informa que os documentos adicionados nas consultas permanecerão na plataforma, uma medida que deve acelerar ainda mais o processo de demanda e resposta. “Isso aumentará muito a produtividade nesses setores”, avalia.